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A síndrome da lebre

Thomaz Caspary ( In memoriam )

Se existe algo que faz falta em qualquer agenda é tempo. Nossos dias parecem cada vez mais curtos e difíceis de serem administrados. Se ao invés de impressos e serviços gráficos tivéssemos o tempo para oferecer como produto, esta seria sem dúvida, uma das mercadorias mais cobiçadas. Não é por acaso que adotamos tecnologias de gestão, informação e comunicação em larga escala em nossas gráficas.

Uma verdadeira epidemia da velocidade tomou conta de nossas empresas. Nossos clientes querem os orçamentos na hora e os serviços de hoje para amanhã, por mais complexos que sejam. E existe sempre uma gráfica disposta a resolver este problema para o cliente. É pelo menos o que o cliente nos fala quando lhe dizemos que não será possível entregar no prazo solicitado. Você caro leitor não “solta os cachorros” quando seu computador demora um pouco mais para baixar um arquivo ou o e-mail demora a entrar? Você não fica louco da vida quando o “motorista domingueiro” não sai da sua frente ao abrir o farol num cruzamento?

A competição dos prazos de entrega de serviços gráficos não virou uma “neura” em sua empresa? E de quem é a culpa? Do seu vendedor que promete prazos de entrega quase que impossíveis com medo de perder o cliente? Do produtor da Agência de Publicidade que “cozinhou” a produção dos impressos por “n” razões ou ainda por esquecimento de aprovação do diretor de marketing da empresa cliente, que engavetou a prova e “esqueceu-se” do prazo de início da campanha. Naturalmente depois “a gráfica dá um jeito...”.

Marcadas pela aceleração, as gráficas estão entrando em parafuso, aumentando os seus custos por causa da velocidade. Os funcionários, em todos os níveis, estão ficando estressados ao extremo e com isso errando trabalhos que levam naturalmente ao aumento dos custos e a perda de clientes. O desenvolvimento tecnológico de nossos dias provocou uma situação aparentemente irreversível: a “síndrome da lebre”, ou seja, exigência de velocidade que se reflete em stress pessoal que se transforma em erros, custos maiores e perda de clientes.

Nossos clientes pedem cada vez mais velocidade, sendo que ao atingirmos o limite, temos a sensação de não ter saído do lugar. Na verdade, ao aceitarmos as condições de nossos clientes, aceitamos tacitamente viver assim e pagamos por isso. Poderemos ver que nosso pessoal de PPCP e Administração de Vendas tem que se acostumar a fazer várias coisas ao mesmo tempo e, com isso, perdem o foco ficando incapacitados para perceber erros, mesmo que acostumados a determinadas rotinas de trabalho.

Neste sentido, a aplicação de Boas Práticas de Fabricação em nossas gráficas, a se iniciar pela comunicação interna e externa, além da adoção de Normas e Procedimentos de Comercialização, Administração e Gestão da Produção, é sem dúvida alguma um dos primeiros passos para reduzir custos e evitar erros. Somente um trabalho com uma equipe coesa e bem treinada poderá levar-nos ao sucesso! Recebi outro dia uma história sobre um gráfico estressado,que corria para cima e para baixo. Desconheço o autor, mas o conteúdo é um ótimo exemplo do que acontece com muitos colegas. Esta é a fábula de um Gerente de uma grande Gráfica:

Estressado com os exíguos prazos de entrega dos pedidos e do excesso de trabalho, Antonio (o gerente) entrou em colapso nervoso e foi ao médico que o mandou a um psiquiatra.

Antonio relatou ao psiquiatra o seu caso. O médico, experiente, logo diagnosticou ansiedade, tensão e insegurança e disse ao paciente: -O Sr. precisa se afastar por duas semanas da sua atividade profissional. O conveniente é que vá para o interior, isole-se do dia-a-dia e busque algumas atividades que o relaxem.

Munido de vários livros, CD's e laptop, mas sem o celular, partiu para a fazenda de um amigo. Passados os dois primeiros dias, já havia lido dois livros e ouvido quase todos os CDs. Continuava inquieto. Pensou então que alguma atividade física seria um bom antídoto para a ansiedade que ainda o dominava. Chamou o administrador da fazenda e pediu para fazer algo.

O administrador ficou pensativo e viu uma montanha de esterco que havia acabado de chegar. Disse ao nosso gerente gráfico: O Sr pode ir espalhando aquele esterco em toda aquela área que será preparada para o cultivo.

O administrador da fazenda pensou consigo: Ele deverá gastar uma semana com essa tarefa. Ledo engano. No dia seguinte o nosso executivo já tinha distribuído o esterco por toda a área. Pediu logo uma nova tarefa. O administrador então lhe disse: Estamos iniciando a colheita de laranjas. O senhor vá ao laranjal levando três cestos para distribuir as laranjas por tamanho. Pequenas, médias e grandes. No fim daquele primeiro dia o nosso executivo não retornou. Preocupado, o administrador se dirigiu ao laranjal. A cena que viu foi a seguinte: estava o nosso executivo com uma laranja na mão, os cestos totalmente vazios, falando consigo mesmo:

Esta é grande.
Não, é média.
Ou será pequena?
Esta é pequena.
Não, é grande.
Ou será média?

Moral da estória! Espalhar merda é fácil. O difícil é tomar decisões. A pressa, o stress, o contínuo desenvolvimento tecnológico sem nenhum treinamento por parte de nossos colaboradores nos leva a dúvidas, decisões apressadas, erros, aumento de custos e desgaste pessoal. Portanto, antes de julgar, é necessário ajudar nossos companheiros nos processos de trabalho, para que as decisões possam fluir naturalmente dentro da velocidade exigida hoje em dia por nossos clientes. E isso só poderá ser feito com uma perfeita comunicação e colaboração entre todos os setores da nossa gráfica através da aplicação correta das Boas Práticas.

Quando tivermos consciência de que o trabalho em EQUIPE é a única forma para a nossa sobrevivência como seres humanos, melhoraremos a qualidade de vida no nosso trabalho, na família e em nossa vida social sendo que certamente não teremos a chamada “síndrome da lebre”. Depende somente de cada um de nós.

* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)