A vida não começa quando nasce. Começa quando se desperta!
Thomaz Caspary ( In memoriam )
O título do artigo deste mês tem como autor o consultor Roberto Tranjan e este trecho está inserido em um de seus livros, que me foi presenteado por uma pujante empresária gráfica gaúcha. Realmente, esta frase dá o que pensar, principalmente se fizermos uma observação do grande número de donos de pequenas e médias gráficas que não querem correr nenhum risco, não fazem nada para evoluir, não têm nada, não são nada e reclamam muito. Um velho ditado diz: "Devemos correr riscos, pois o maior perigo é não arriscar nada".
Despertar é sinônimo de acordar. Acordar para a vida, acordar para o mercado, acordar para sua empresa. Existem alguns gráficos que pela manhã caem da cama ou são jogados para fora dela, porém passam o dia dormindo. Outros - acredite - passam a vida toda e não conseguem despertar.
Gerenciar a nossa gráfica é uma tarefa que depende muito mais da nossa alma. Relatórios econômico-financeiros muitas vezes são feitos com atraso e, portanto, de pouca valia. Outros relatórios nem sempre concretos, trazem faturamento, lucro, custos e medem ganhos e perdas. No entanto não informam os fatores que ocasionaram os ganhos ou as perdas. Ter um relatório com diversos indicadores, não garante que a nossa gráfica terá resultados. Para que tenhamos bons resultados, temos que despertar para o nosso relacionamento com o mercado, com a nossa equipe, com as novas tecnologias de informação, enfim, temos que despertar para a vida! Para a nossa vida em primeiro lugar e para a vida da nossa equipe logo em seguida.
Por que razão temos dificuldade em administrar nossa gráfica? Não despertamos ainda para o mercado. Pensamos somente na nossa empresa. Investimos muito e faturamos muito pouco, pois não nos preocupamos com nossa equipe de vendas e da administração destas vendas. Nos preocupamos em fazer as máquinas girar, em visitar muitos clientes sem nos preocupar com a qualidade destas visitas. Somos predadores por excelência. Damos sempre um preço mais baixo do que o nosso concorrente (sem analisar o nosso custo). Oferecemos somente impressos que todo mundo faz como por exemplo: Notas Fiscais, Bobinas de PDV, Impressos Publicitários, ou seja commodities.
Estamos correndo num círculo vicioso (como o cachorro que corre atrás do próprio rabo) e afundando cada dia mais. O que fazer para finalmente despertar e "sair deste berço esplêndido" ? Temos que nos voltar para três itens fundamentais: O primeiro é a informação. Só teremos informação se começarmos a anotar as coisas, se nos servirmos de sistemas de gestão coerentes com o tamanho de nossa gráfica. O segundo ponto é darmos mais ênfase aos nossos clientes, tratando-os como peça fundamental da engrenagem que move nossa empresa. Precisamos em terceiro lugar, despertar para uma palavra muito importante: o lucro, sem o qual certamente não poderemos sobreviver.
Como é que a gente conseguirá este "milagre"? Certamente não existem milagres e sim algumas técnicas que se iniciam na adoção de sistemas de informação, passando pela criação de impressos com valor agregado que se consegue através de uma melhor integração com os diversos nichos de mercado e principalmente com a fidelização de clientes.
O gráfico só pensa em comprar máquinas impressoras. Se pensasse também nas máquinas de acabamento para que o fluxo de trabalho não tivesse interrupção, ou seja, dentro de uma premissa de produtividade tivesse a melhor otimização da cadeia produtiva, sua empresa teria melhores resultados. O gráfico pouco se importa com outras tecnologias. A tecnologia da administração da nossa gráfica é tão ou mais importante que a aquisição de máquinas e equipamentos. Você administra bem as suas vendas? Qual a produtividade da sua empresa? Chega aos 92% ou continua entre 55% e 70% das horas produtivas? Você sabe muito bem que a oferta supera a demanda, a pressão de preços é imensa, tanto por questões culturais (Você também não pede desconto quando compra alguma coisa?), como por preços predatórios oferecidos pelo seu "amigo" concorrente, além dos "sócios" de nossa empresa, como o governo e os bancos.
O empresário gráfico não tem outra saída a não ser despertar imediatamente para a nossa realidade, principalmente neste momento, onde a economia, ante todos os indicadores econômicos e financeiros, parece se recuperar. Isso só será possível se ele deixar de pensar como gráfico e começar a pensar como empresário. Como empresário você deve saber que o seu cliente quer comprar o mais barato possível, com prazos de entrega para ontem e com qualidade, naturalmente. Você acha que seu cliente se importa se a sua gráfica tem lucro ou prejuízo? Certamente que não. A preocupação é exclusivamente sua e parece que no momento a sua preocupação é com o faturamento. Portanto você pega qualquer serviço, desde que as suas máquinas rodem. Você precisa fazer "papel" para poder pagar seus compromissos!
Desperte! Comece a viver em toda a sua plenitude! Seja criativo, principalmente no que diz respeito à rentabilidade da sua empresa. Não faça investimentos desnecessários. Lute para que sua gráfica obtenha lucro. É melhor reduzir o faturamento e os custos obtendo lucro, do que aumentar o faturamento e não saber se realmente está ganhando. Não vá atrás do seu colega gráfico usando a mesma metodologia, pois as estruturas humanas de ambas as empresas podem ser totalmente diferentes. É preferível se voltar totalmente ao mercado, criando valores agregados em seus produtos gráficos para realmente solucionar os problemas do cliente e com isso voltar a viver... Como dissemos no início: "A vida não começa quando se nasce..."
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)