Alerta Senhores Gráficos...
Thomaz Caspary ( In memoriam )
O agravamento da crise mundial, já está provocando um esfriamento nas decisões de investimento, principalmente de empresas da Europa e dos Estados Unidos. A mudança de rumo (no Brasil) já foi captada pelo Indicador Mensal de Investimento da FGV. Más o problema mais grave está na Europa e nos USA onde tudo está piorando e onde eles estão se digladiando para ver quem é que vai pagar a conta. Como diz o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros em seu artigo no jornal "Valor" haverá uma saída que certamente provocará uma inflação nestes países.
Seria fácil fechar a nossa gráfica. É só seguir estes conselhos das gráficas que realmente estão fechando no Brasil e que infelizmente não são poucas, apesar de que temos algumas abrindo na esperança de ficarem ricos, se não milionários. Para fechar a sua gráfica, você só precisa fazer o seguinte:
• Não utilize nenhum sistema de cálculos por computador. Eles são muito complicados. Multiplique o papel vezes 2.75 e terá o preço de venda.
• Caso você decida calcular seus custos-hora, não se preocupe com a depreciação, com o aluguel (caso o prédio seja próprio), com aquele monte de encargos sociais provisionados, com as horas produtivas realmente trabalhadas na empresa e outro sem número de despesas insignificantes.
• Como empresário, pague todas as suas contas particulares, do caixa da empresa e se possível consiga um Cartão de Crédito Empresarial.
• Contrate bastante parentes, dando-lhes um salário digno para uma vida saudável cheia de regalias, pois afinal de contas, são seus parentes.
• Feche bastante pedidos, sem consultar qualquer instituição de crédito ou serviço de informação creditícia. Pegue pedidos preferencialmente de grande volume, pois neste caso o seu faturamento aumenta bastante.
• Caso você entre em uma concorrência e está com a gráfica meio vazia, proceda da forma mais correta possível para preencher as suas máquinas paradas. Reduza em 10% o valor dado pelo concorrente que deu o menor preço. Você ficará surpreso, como o volume de pedidos crescerá rapidamente.
• Não gaste dinheiro à toa. Treinamento de seus funcionários e seu próprio treinamento é dinheiro jogado fora.
• Para melhorar ainda mais a performance de sua empresa, facilite ao máximo o pagamento de suas faturas. O ideal seria facilitar em 4 vezes a 30 / 60 / 90 e 120 dias.
• Não invista em ações que possam provocar mudanças e melhorias para aumentar a rentabilidade da sua empresa, pois este investimento é apenas uma despesa a mais. É dinheiro jogado fora. Na empresa quem manda é você! Dê as suas broncas, preferencialmente aos berros, pois saiba que na sua empresa existem os que mandam (você) e os que obedecem (todos os seus funcionários). Assim sendo, sua gráfica fica isenta de conflitos que possam deteriorar as relações internas e com os seus clientes.
E estes são só alguns passos para que você encerre as suas atividades como gráfico rapidamente. Na verdade, não é isto que nós queremos.
Queremos isto sim crescer ou pelo menos manter a nossa gráfica sustentável e com um bom resultado em 2012. Para tanto quero aqui passar para vocês algumas "dicas" de como não sucumbir nestes momentos difíceis pelos quais passamos.
• Devemos fazer um plano de negócios para o próximo ano de forma simplificada, pois se fizer um muito complexo e difícil de explicar, não teremos tempo para terminá-lo, nem o colocaremos em prática.
• Saber por meio de experiência, leitura ou mesmo com a ajuda de um consultor o mercado onde poderemos melhor atuar, utilizando os nossos equipamentos, ou mesmo adquirindo equipamentos específicos que não nos prejudique em termos de vendas (algum impresso diferente) nos trazendo um retorno do investimento em curto prazo.
• Treinar a nossa equipe de atendimento, seja externa ou mesmo interna, preparando-a para vendas "B2B" via computador, além de formatar um Site Interativo, onde explicaremos algumas técnicas ao cliente de como fazer uma solicitação online de orçamento e, mesmo de como enviar um arquivo PDF ou via FTP.
• Nunca misturar as finanças da empresa com as pessoais, ou seja, não adquirir bens pessoais em nome da empresa ou mesmo utilizar para compras particulares o Cartão de Crédito empresarial.
• Pensar primeiro no modelo de negócios que queremos adotar para nossa gráfica, seja a de atendimento só a empresas ou só a agências de propaganda, ou mesmo misto em determinadas proporções (vantagens e desvantagens) na estrutura de vendas e produção, sendo que só depois, no escritório, na cadeira, no local e outros detalhes de aparência.
• Fazer um "Brainstorming" com relação ao Plano de Negócios, não perdendo a oportunidade de obter dicas importantes seja de colegas, amigos ou mesmo contratando uma consultoria.
• Não se esquecer da necessidade de sistemas de gestão na gráfica (por mais simples que sejam) para controles de custos, elaboração de orçamentos, controles da produção e de vendas e finalmente dos resultados, através de constante pós-cálculo ao término de cada Ordem de Produção, para saber se estamos no caminho certo. Acrescente-se a isso um sistema de Manutenção Preventiva (de baixíssimo custo e já existente no Brasil), que fará com que você tenha um aumento da sua produtividade e redução de custos por quebra de máquinas.
• A implantação de Normas e Procedimentos em todos os setores da sua gráfica, desde a venda, passando por pré-cálculo, pré-impressão, impressão, acabamento, serviços de terceiros, etc... também conhecido como Boas Práticas de Fabricação e Gestão, fará com que a rentabilidade de sua gráfica aumente rapidamente, pois os grandes problemas em todas as áreas serão sanados em curto espaço de tempo. E saiba que a contratação de todos estes serviços não são custos e sim investimentos, com rápido retorno do valor investido.
• Achar que ter trabalhado muitos anos em grandes gráficas e ter sócios ou familiares com nível universitário dá à sua gráfica credenciais para ser a melhor e mais rentável do mercado.
• Fazer sociedade por amizade e não por competência é um problema muito sério e perigoso, tanto quanto, colocar familiares na gráfica que nada entendem verdadeiramente da função que vão assumir, ainda mais se for em um cargo de gestor ou diretoria.
• Entrar num mercado específico (digamos embalagens, rotulagem, publicidade ou mesmo editorial) porque acha que vai dar dinheiro, mas não gosta deste tipo de cliente ou não têm capacidade humana, técnica e de equipamentos para atendê-lo.
• Buscar pessoas que o admiram e não que o questionam é uma das coisas mais graves que podem acontecer a sua gráfica. Sabemos que ninguém gosta de ser criticado e que todos nós temos resistência a mudanças.
O mundo está mudando a cada dia e se não mudarmos também, estaremos a caminho de nos juntar aos "falecidos". Qual será então a solução? Teremos que nos adaptar às mudanças acima propostas, sempre dentro de um limite de crescimento. Acredito que a partir do segundo trimestre do ano que vem (o ano da DRUPA) teremos mudanças no quadro econômico-financeiro no Brasil. Possivelmente teremos inflação, porém estaremos juntamente com outros países emergentes exportando impressos para o "primeiro mundo". Boas Festas e Feliz Ano Novo!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)