Como deveríamos agir num cenário de crise prolongada em nossas gráficas?
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Num cenário de crise prolongada, como a que estamos vivendo neste país, os problemas financeiros graves afetam um número cada vez maior de empresas e por consequência de famílias brasileiras. Por sua vez, estes problemas financeiros acabam por não se restringir apenas à vida pessoal e invadem a vida profissional, com consequências nefastas para os funcionários e para a produtividade e rentabilidade de nossas organizações.
Gostaria de rapidamente traçar um cenário dos próximos anos, após ouvir dezenas de experts em finanças, tanto da área privada como de áreas governamentais de países “off-Brasil”. O que parece certo (embora não acredite mais em estatísticas), é que o PIB de 2014 no Brasil não passará dos 0,5% havendo a previsão de até 1,5% em 2015 e de até 2,5% até o final de 2016, independentemente de quem venha a ganhar as eleições presidenciais.
Estamos (não só na Indústria Gráfica) com um terrível problema de Baixa Produtividade e Alto Desperdício de Materiais e outros Recursos. Isto se da principalmente pela falta de Mão de Obra capacitada, nas empresas, em parte pelo fato do empresário não dispor de verba para pagar o salário de um BOM funcionário. O empresário gráfico, principalmente da micro e pequena empresa além de não ter condições, não “admite” pagar um salário a um funcionário às vezes superior à sua própria retirada. Então admite funcionários “meia-boca” que evidentemente fazem um estrago “boca-inteira”.
O empresário infelizmente não promove treinamentos na empresa, seja lá para que setor e procuram profissionais “altamente qualificados” que certamente também não irá encontrar, pois seus colegas empresários, também não treinam seus profissionais com medo da migração para o concorrente. E assim temos o cachorro correndo atrás do próprio rabo.
O pequeno empresário gráfico em geral se queixa de que, ao contrário das gráficas maiores, não consegue financiamento em Bancos ou mesmo Instituições Governamentais. Fui conversar com alguns diretores de banco e especialistas de algumas instituições governamentais, que argumentaram não ter condições de fornecer crédito para estas empresas.
Tendo perguntado a razão, me disseram de forma bastante clara, de que a maioria destas empresas gráficas está inadimplente, não tem como comprovar qualquer dado que se necessite, pois se utilizam de uma gestão informal e finalmente, por não terem condições de garantia real para um empréstimo. Muitos nem conhecem o que vem a ser EBTIDA. Portanto uma empresa, sem uma gestão eficaz não pode querer que a instituição que venha a oferecer crédito, tenha confiança na empresa em questão.
O empresário da pequena e média gráfica do nosso país deve ter consciência da sua responsabilidade social, desenvolvendo estratégias internas para ultrapassar este momento de crise. Para isso, a contratação de um consultor se faz necessário, coisa que o empresário também acha que seja “dinheiro jogado fora”. Apesar do contexto empresarial das gráficas brasileiras ser dominado por micro e PME, é mais comum encontrar este tipo de apoio nas empresas de maior porte. As boas práticas de fabricação e gestão nas empresas têm se expandindo nos últimos anos e pode dizer-se que constituem uma das grandes soluções para sair de crises e dar uma guinada na empresa.
A missão do consultor incide no desenvolvimento de um Plano Estratégico para sair da crise e elaboração de um novo Plano de Negócios. A sua principal atividade passa pelo Coaching do principal Gestor da empresa e apoio aos diferentes setores da gráfica. Sublinhamos sempre a importância da prevenção do endividamento e renegociação com fornecedores, clientes e com o próprio governo, em conjunto com um advogado especializado na área. Eventualmente poderá ser feito um acordo extrajudicial.
Vantagens das boas práticas nas empresas nesta época de crise.
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Reforço de uma liderança,
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Aumento de Vendas e Faturamento com rentabilidade,
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Apoio à gestão de conflitos e de questões sociais que impactam na relação de trabalho,
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Melhoria na comunicação, Redução de Custos e Desperdício,
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Melhoria do desempenho das equipes e consequentemente, dos índices de qualidade e produtividade,
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Atração e retenção do talento;
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Reforço da imagem de responsabilidade social corporativa.
Queremos deixar claro, que este processo não se dará com num passe de mágica e que o empresário gráfico, terá que colocar a mão na massa, para sair do buraco. “A FÉ REMOVE MONTANHAS”...
Durante séculos, milhares de pessoas têm encontrado inspiração nesta narrativa. Também foi deste relato que alguém, sem ter o trabalho de verificar bem, cunhou a célebre frase: "A FÉ REMOVE MONTANHAS." Frase bonita, conhecida em todo o mundo. É claro que a fé é necessária. Ela é o primeiro passo para a vitória. Mas, se alguém der o primeiro passo e não der o segundo, o problema não será resolvido.
Pensem nisso e boa sorte!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)