Como manter nossa gráfica saudável e rentável, apesar de a tratarmos como família
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Nossas gráficas são em sua maioria uma empresa familiar e como tal aquela sociedade que tem como seus sócios pais, irmãos, filhos ou outros parentes. O grande problema é que as relações profissionais podem terminar em brigas que afetam até as relações familiares. Nenhum negócio vale a pena se isso significar fim de laços familiares. É um prejuízo que não tem mais como recuperar.
Em qualquer relacionamento mesmo não envolvendo negócios da família normalmente acontecem atritos. Do ponto de vista da Física, a existência de um atrito permite caminhar para frente, movimentar, etc. Desta forma, a maneira sábia será utilizar os atritos entre os sócios para movimentar, impulsionar os negócios da gráfica.
O atrito entre pessoas se deve normalmente a pontos de vista diferentes. Hoje em dia isto acontece entre a nova geração que está assumindo as empresas e que geralmente tem estudos de nível superior, cujas ideias são combatidas pelo fundador e dono do negócio, um “cara” extremamente conservador e sem flexibilidade, com pavor do desconhecido, ainda mais na situação em que vivemos hoje no Brasil. Um tem mais aversão ao risco, outro é mais ousado. Um é mais inovador, outro é mais conservador fazendo o que sempre deu certo, não se tocando que o mundo mudou. Assim, se as partes conseguirem equilibrar as ações e encontrar um denominador comum significará de imediato diminuir riscos e maximizar ganhos.
Um dos primeiros aprendizados dos gestores destas gráficas que certamente são familiares, é saber lidar com os atritos. Não deixar que o atrito passe a ser conflito. O sinal de que o atrito está passando a ser conflito é quando surgem gestos e palavras agressivas. Isto leva a desunião, desarmonia que é a pior coisa que pode acontecer em uma empresa, seja ela familiar ou não.
Um dos princípios básicos deste mundo é a união. Tudo é criado a partir da união de dois ou mais elementos. Por exemplo, a água é união de duas moléculas de hidrogênio e uma de oxigênio. A fórmula química da água é H²O. Quando rompe o elo, a união que é o princípio da criação, deixa de existir e passa a ser o contrário, que é a destruição, significando na empresa a perda dos negócios.
É fácil perceber este fato em termos de organização. Quando há harmonia, há união entre a diretoria e funcionários, há prosperidade, tudo dá certo. Por trás de um time de futebol pequeno, sem jogadores expressivos, que conquista um campeonato, há muita união entre todos. Não é apenas uma junção de jogadores, existe o “time”, existe a “equipe” e não um “bando”.
O contrário, mesmo juntando 11 jogadores excepcionais, se não existe o “time”, não se ganha o campeonato. Em casa onde houver harmonia familiar as pessoas são felizes e saudáveis. Desta forma, manter a união “familiar” é a prioridade máxima para uma empresa familiar. O conselho é: “custe o que custar, mantenha a harmonia do comando da empresa”.
Existe também um princípio universal que é a existência de um ponto central. Seja no micro ou no macro universo, existe sempre um centro. Sem centro ou múltiplos centros, significa desorganização. Ser sócio não significa que tem direito a fazer o que bem entende dentro da empresa. Cada membro sócio deve ter determinada responsabilidade, cuidar de uma determinada área e ser o “centro” desse subcentro. Por exemplo: diretor comercial é o responsável pela área comercial, deve prestar contas ao diretor-presidente, que é o centro da empresa.
Na prática significa manter o respeito. É muito comum em empresa familiar um querer invadir a área do outro, dar ordens a funcionários não diretamente ligados a ele com ar autoritário, do tipo “eu também sou dono da empresa”. Mandos e desmandos são as coisas mais prejudiciais dentro de uma empresa familiar. Todos ficam perdidos, desnorteados, desorganizados, desunidos.
Existem muitas vantagens em uma empresa familiar: confiança, respeito, união, conhecer bem um ao outro, etc. Bem aproveitadas, estas características se transformam em uma grande vantagem competitiva, com tomadas de decisões ágeis, rápidas e seguras. Para isso, a única coisa é que todos os membros sócios sejam profissionais, o que leva à gestão profissional de uma empresa familiar.
Portanto para manter a sua empresa familiar saudável e Rentável, deve haver entre os sócios, familiares principalmente, a definição de função e o respeito com seu sócio, não agindo em outra área como se dele fosse. Senão vira bagunça!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)