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Como uma máquina gráfica nasce?

Robson Yuri Simões

A fabricação de máquinas flexográficas é até bastante simples. São poucas peças (se comparada com uma off-set por exemplo) e com a eletrônica e tecnologia embarcada as peças e engrenagens, cardãs e acoplamentos diminuíram mais ainda.

 

Mas como uma máquina nasce?

O primeiro passo para se criar uma máquina ou equipamentos é a necessidade. Sem a necessidade não se cria ou executa nada. Tem que existir uma necessidade para que haja o estímulo para criar algo, isso é fato.

O segundo passo é o conceito. O conceito de uma máquina desencadeia uma porção de outros atributos como designer, praticidade, facilidade na operação, materiais, consumo, economia, ergonomia, segurança, cores, dimensão, etc.

Até agora temos duas ideias ainda, que são transferidas para o papel: Necessidade e Conceito. O Conceito ainda pode ser copiado ou clonado ou novo e inovador. A maioria das empresas fabricantes tem por "opção" conceitos copiados ou clonados, ou seja, fazem a cópia de outras máquinas alterando poucas ou quase nenhuma parte ou designer da máquina. Muitos ainda nem sabem porque fabricam ou fazem daquele jeito, somente copiam e fazem igual, mas este não é o foco agora.

Uma vez colocado no papel todos as ideias é feito um projeto. Mas não se iludam, o processo de necessidade e conceito precisa de um profissional assessorando toda a formatação da ideia e ordenando as necessidades de cada etapa, dai surge o projeto propriamente dito.

É no projeto, antigamente chamado "na prancheta", que começamos a nos preocupar em buscar os materiais para compor a conceito e ai suprir a necessidade. Aços são escolhidos, materiais alternativos como alumínio, fibra de carbono, chapas diversas, plásticos e produtos comerciais começam a ser avaliados através de cálculos (pelo menos deveria ser assim nos fabricantes, mas não é), escolhe-se o material que melhor vai suportar as cargas, torções, stress e fadiga e que melhor se adaptem as mudanças de temperatura e regime de dilatações para que sempre seja garantida a estabilidade estrutural da máquina sem a perda de registros ou problemas de alinhamento de matéria prima.

Ao mesmo tempo o projeto de elétrica, movimentos (tração e acoplamentos para que a máquina rode), pneumática e hidráulica são executados. Busca-se comercialmente os melhores produtos em função dos cálculos e das cargas e esforços que estas peças terão ao longo da vida útil da máquina que no Brasil é estimada em 10 anos. Isto não quer dizer que uma mangueira vá durar 10 anos ou que não será necessário trocar o filtro de óleo ou ar da máquina ou ainda um ou outro rolamento, o que estamos falando é da vida útil do projeto e do conceito e das partes que não sejam suscetíveis aos desgastes por uso normais e previstos.

Voltemos, esta busca por peças e partes é feita levando-se em conta os cálculos e os custos de aquisição no mercado e sua oferta, bem como a disponibilidade destas peças ao longo de X anos, como dissemos, qualquer fabricante é obrigado a manter peças e partes de suas máquinas pelo período que o projeto exista e mais um período de tempo após o seu abandono, por exemplo, uma máquina projetada no ano de 2015, e o projeto foi substituído por outro (modelo, por exemplo) em 2016, deve ter peças de reposição para pelo menos mais 5 anos, ou seja, até 2021 o fabricante deveria (entendam que isso é o que deveria acontecer, mas não acontece ok), manter peças de reposição das partes elétricas, hidráulicas ou pneumáticas além das partes mecânicas que ele desenvolve como engrenagens e acoplamentos, por este período ou no mínimo fornecer os part number (número da peça), com o nome comercial para que a equipe de manutenção ou o cliente proprietário da máquina possa manter a mesma funcionando.

Em paralelo as peças estão sendo "construídas" em software de desenho paramétrico, um tipo de cad 3D que permite a criação de sólidos perfeitamente nas dimensões da peça real, física, com a facilidade de poder montar virtualmente a máquina e testá-la, corrigindo furos, bases, chassi, posições, alinhamentos e tudo mais e ainda mais testar seu funcionamento analisando colisões, stress de material, torções e é possível até saber o peso da máquina e suas velocidades máxima e mínima antes mesmo de fabricar ou comprar um único parafuso, é o Computador Auxiliando o Desenho (CAD em uma tradução livre).

Neste período também é definido os fornecedores padrões, são aquelas empresas que fazem as peças que não fabricamos como: anilox, revestimento de borracha nos rolos, parafusos, rolamentos, freios, sistemas embarcados como CLPs, motores e tantos outros que compõe nosso projeto.

Uma vez que é feita esta bateria de cálculos, projetos, desenhos, tomada de preços, planilhas de produção e custos, chegamos ao custo de fabricação. Este custo deve ser acrescido dos impostos, transportes, extras necessários, serviços de terceiros, transportes e logísticas que permitem a sua execução, somamos ainda o lucro pretendido as comissões de vendas e todos os processos e custos de divulgação (estes serão diluídos conforme cada empresa trabalha com o seu departamento de marketing) agora sim temos o preço de vendas.

O tempo de fabricação e uma máquina depende muito, mas esta relacionado a pelo menos 3 fatores:

  • Poder de compra - sim, dinheiro - se a empresa fabricante não tem dinheiro em caixa, tem que trabalhar com o dinheiro do cliente ou dos clientes (ou ainda do banco raro no Brasil para fabricantes de máquinas flexográficas). quanto mais dinheiro você tem, ou como gosto de chamar "folego financeiro" mais rápido poderá "levantar" a máquina
  • Logística do fornecedor - se o seu fornecedor não tem boa logística e não cumpre os prazos de entrega a sua também fica comprometida. Just in time neste nosso setor é quase que uma utopia.
  • Equipe e local de montagem - sua equipe tem que estar "afinada" com o projeto desenvolvido e o local deve permitir que a montagem seja executada sem interferências ou contratempos. Por exemplo, em um dia chuvoso uma goteira pode impedir que os funcionários ou mesmo a máquina ou um dispositivo seja montado sob risco de dano.

Mas antes de mais nada o importante para viabilizar um projeto é ter o cliente.

Comprar um projeto na "planta" pode ser bom. As empresas fabricantes aplicam descontos consideráveis nos seus projetos para viabilizar a fabricação da primeira máquina. Há casos em que o desconto chega até a 40% sobre o preço de lista para quem compra o projeto na planta. Também  hoje com softwares do tipo paramétricos como Inventor, Kompas, Catia, etc., permitem visualizar em 3D (sob vários ângulos e perspectivas) a máquina pronta e até simulando o funcionamento, então os riscos são mais baixos que a 10 ou 15 anos atrás por exemplo.

O único problema de comprar uma máquina na Planta é que o cliente assume o risco todo do investimento, pelo menos deve ter uma parcela considerável de dinheiro para poder dar de Sinal para que o projeto seja executado. Neste caso deve confiar muito na "palavra" e na empresa ou mesmo pessoa que esta executando o projeto. O histórico de atuação no setor , o conhecimento, a experiência, os cursos de especialização falam muito sobre quem esta projetando ou empresa que esta desenvolvendo um novo equipamento. Novos talentos surgem a cada dia com ideias, conceitos e soluções boas e até mais "baratas" e otimizadas para o setor, o voto de confiança é muito bom para que haja sempre produtos novos, inovadores e conceitos diferenciados atendendo a mercados ainda não explorados.

Muito pouca inovação há no nosso setor por alguns motivos claros:

  • Dinheiro - ninguém quer assumir o risco de investir, isso é fato;
  • falta de reciclagem e oportunidade a novos talentos - muita empresa ainda fabrica máquina do mesmo jeito que a 30 anos atrás, sem projetos, sem inovação, sem controle de qualidade e sem vontade de mudar.

Outros fatores influenciam a fabricação de máquinas como sazonalidade, dificuldade de achar fornecedores que também cumpram prazos e faltar de treinamento da mão de obra operacional para as máquinas que sejam qualificadas. Os fabricantes atuais também possuem uma falta grave a baixa ou nenhuma documentação dos seus produtos. Não há manuais escritos para o usuários, não há páginas de PROBLEMAS E SOLUÇÕES, falta lista de peças de reposição e part number para compra ou manutenção de estoque e da própria máquina e muitas máquinas tem o pior problema, as peças compradas, mesmo que ditas que são do equipamento pelo fabricante não se encaixam de jeito nenhum. A falta de projetos, as furações aleatórias, ao parafusos não padronizados, as engrenagens mal acabadas acabam por danificar o equipamentos mais rápido que o seu desgaste natural ao longo de "X" anos.

Então, fabricar máquinas envolvem todos, e mais alguns, passos aqui descritos. Se o seu fornecedor de equipamento não esta sintonizado neste roteiro ou pelo menos seja consciente que ele exista então acho melhor você procura uma segunda opção.

* Robson Yuri Simões é técnico Gráfico pelas Escola SENAI Theobaldo de Nigris, Robótica pela ETB (Escola Técnica de Brasília), Especialista do software de desenho paramétrico KOMPAS 3D Ascon Group, Estudou Engenharia de Produção Mecânica na UNIP. E-mail flexonews.br@gmail.com




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