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Criando o futuro

Thomaz Caspary ( In memoriam )

Se fizermos uma retrospectiva dos últimos anos nas nossas empresas, veremos que no início dos anos 90, nossas gráficas eram o que podemos chamar de corpo. Já no final dos anos 90, o empresário gráfico começou a perceber que faltava para sua empresa um segundo item, que era o exercício do conhecimento, ou seja, a mente. A mente como instrumento de trabalho foi e é um grande amigo dos resultados da empresa. Porém não estamos sozinhos neste mundo onde outras empresas gráficas também aplicaram a técnica do exercício do conhecimento principalmente técnico e mercadológico. Neste início de século, prevalecerá a alma, que até então ficou meio esquecida no mundo dos negócios, más que juntamente com o corpo e a mente auxiliará na resolução dos mais difíceis problemas que encontramos no dia a dia.

Nossas gráficas têm que se transformar rapidamente se não quiserem sucumbir em poucos anos. Racionalizar sistemas, adotar modernos conceitos e equipamentos de produção, mudar os conceitos de atendimento ao cliente, enfim, nossas gráficas tem que "criar o novo futuro". Peter Ellyard dizia que " A organização deve viver hoje o futuro, para não viver amanhã o passado" e viver amanhã o passado, é desaparecer rapidamente.

Vamos continuar imprimindo no futuro? Sim, apesar de toda a revolução da mídia eletrônica, continuaremos a imprimir e a consumir impressos. Como diz o jornalista Alberto Dines " O papel impresso, valida o conteúdo. Há uma relação entre pessoas, o livro, o jornal e a revista (além de outros impressos) que a eletrônica não contempla". Muita coisa porém vai mudar na área gráfica nos próximos anos. Fala-se muito do "e-business", ou seja, do comércio eletrônico onde a Internet e a Impressão Digital andam de mãos dadas. Assim sendo, o comércio eletrônico, principalmente relacionado com a indústria gráfica, necessitará igualmente da maneira eletrônica de digitalizar informações, ou seja, temos que nos preparar para uma mudança na condução de nossos negócios onde a impressão eletrônica/digital é hoje uma realidade e não mais uma ficção científica. Offset e outros processos de impressão, continuarão a ser ainda durante muito tempo, sistemas de impressão utilizados em larga escala, porém com requintes de sofisticação tecnológica em termos de velocidade, dados variáveis, inclusão de chips inteligentes e outras tecnologias, fruto das exigências dos nossos clientes.

Por outro lado, podemos verificar de acordo com estudos profundos feitos pelas maiores associações gráficas da Europa e dos Estados Unidos, que os sistemas de impressão "Print-on-Demand" (impressão por demanda) deverão até o final de 2004 na sua forma em Preto e Branco triplicar o faturamento atual e que na faixa dos coloridos, o faturamento destes impressos deverá crescer uma vez e meia. Isto não significa, que os outros sistemas de impressão não terão crescimento. Só que crescerão em menor velocidade que os sistemas digitais. O mundo está ficando cada vez mais rápido e, por isso, os sistemas "on demand" darão um salto vertiginoso em sua utilização, inclusive a custos muito acessíveis para pequenas tiragens.

Falamos hoje de Infovias, Online-Publishing e Online-Printing, o que quer dizer, que muitas gráficas serão meras prestadoras de serviço de impressão, enquanto que outras mais avançadas do ponto de vista tecnológico e mercadológico, ou seja, gráficas com corpo, mente e alma estarão fazendo a gestão completa das necessidades do cliente desde a criação até a logística de distribuição da mídia impressa. A gráfica da forma como a conhecemos hoje, estará totalmente modificada.

Já não é de hoje, que os clientes querem eficiência nos serviços. E algumas gráficas aqui no Brasil já estão preparadas para o que chamamos de "superar as espectativas do cliente". O cliente de hoje quer se livrar rapidamente do problema "gráfica" para poder se dedicar a sua atividade fim.

Por esta razão, a gráfica deve ocupar o cargo de "solucionador dos problemas da mídia impressa" e para isso são necessárias ferramentas como um database marketing ou seja um banco de dados inteligente que possa ser utilizado como ferramenta estratégica de negócios, devendo ser sob medida e personalizado para não só melhorar o relacionamento com o cliente, más e sobretudo, para fornecer dados fundamentais dos produtos do cliente. A base de dados de uma gráfica, deve conter informações inteligentes, para aumentar o conhecimento sobre o cliente, seus produtos impressos e particularidades que permitam fazer trabalhos individualizados e flexíveis.

Faz 3 anos que viramos mais uma lâmina da folhinha e entramos no novo século. Estamos diante de uma revolução tecnológica na indústria gráfica e de clientes cada vez mais exigentes, onde qualidade é um "must" e o prazo de entrega é naturalmente fundamental para o fechamento do pedido, sempre a preços compatíveis com o mercado. Temos que sair urgentemente da "mesmice" e criar o futuro, pois somente prevê-lo, pouca valia tem. Temos que nos posicionar frente ao mercado, aprendendo a falar com este mercado que está cada vez mais concorrido, corroído e monopolizado. Temos que mudar nossa cabeça no tocante aos meios de produção que passam de analógicos para digitais. Enfim, temos que cuidar de nosso patrimônio, ou seja, nosso cliente. Para isso devemos criar o futuro e não esperar que este aconteça.

* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)




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