Designer: como será o fim da vida da embalagem que você está criando?
Júlio Jubert Guimarães
Nós da indústria nos perguntamos diariamente como podemos contribuir para auxiliar o consumidor, e as marcas de varejo, a serem mais eficientes na reciclagem das embalagens disponíveis nas gôndolas. Afinal, o uso de um produto pode ser imediato – mas seu invólucro arrisca permanecer décadas ou até séculos na natureza e provocar consequências desastrosas, o que, no meu ponto de vista, não faz sentido.
É por isso que, mais do que nunca, toda a cadeia produtiva de embalagens precisa estar focada em algo que vai muito além da lucratividade: trata-se da gestão do fim da vida de um produto! E uma ferramenta altamente positiva para alcançar esse objetivo é o design for recycling (design para reciclagem) ou ecodesign. Trata-se, literalmente, de pensarmos além da caixa.
Os números comprovam a busca por produtos sustentáveis: no Brasil, a preferência mais do que dobrou entre abril de 2021 e março de 2022, saltando 123%, segundo dados do Mercado Livre sobre compras on-line. O setor de produtos sustentáveis engloba 4,3 milhões de pessoas da Argentina, Chile, Colômbia, México, Uruguai e Brasil, sendo que os brasileiros representam 40% dessa fatia, que adquiriram 7,3 milhões de produtos com impacto positivo ao meio ambiente.
Esse é um tema que demanda muita pesquisa e trabalho pesado em laboratórios, com o objetivo de alcançar um controle total do ciclo de vida do bem de consumo – o que inclui sua embalagem.
O que o design para reciclagem deve considerar?
O design associado a embalagens sustentáveis leva em conta desde a proteção e durabilidade na gôndola até o impacto que o produto trará à humanidade ao terminar sua trajetória. Qual o custo para o planeta se ele for projetado com apenas um material? E se for composto por muitos, o que exigirá diversas técnicas de separação e reciclagem?
Essas questões devem ser consideradas desde a concepção da embalagem. Ela deve ser pensada e desenhada para efetivamente ser reciclada, e de maneira economicamente viável. No entanto, não é isso que encontramos no cotidiano das pranchetas. O que vemos é pouco conhecimento sobre tipos de matérias-primas disponíveis, e, principalmente, nenhuma consideração sobre a linha de produção e envase do produto. Sempre digo aos designers: por favor, proponham soluções racionais, pois ninguém irá modificar sua linha de produção para viabilizar uma embalagem!
Que tal começarmos com micrometas?
Um ponto delicado deve ser considerado: num primeiro momento, pode ser que seja impossível eliminar um material fóssil do projeto. Mas isso não é o fim! Que tal, então, pensar na sua redução gradativa? Não poderemos “virar a chave” das embalagens de todo o planeta automaticamente, mas é preciso começar por algum lugar, agir conscientemente e definir micrometas alcançáveis.
Esse é o caso, por exemplo, das embalagens que protegem líquidos e pastosos. Sabemos que um produto com essas características precisa de barreiras protetoras contra luz, oxigênio e líquidos, e então a aplicação de polietileno se torna necessária. O problema é que essa solução dificulta, mais tarde, a reciclagem. Então, uma alternativa é projetar o corpo da embalagem em papel, que é biodegradável, reciclável e traz uma vantagem competitiva: tem melhor visibilidade nas gôndolas das lojas e supermercados. Além disso, em situação ideal, o cartão tem o potencial de ser reutilizado por até 25 ciclos. Isso sim é cuidar do meio ambiente!
Fácil pensar dessa forma, né? Quando se conhece os materiais e sua vida produtiva, fica evidente a escolha das soluções, sendo possível criar embalagens efetivamente recicláveis.
Consumidor consciente
Faço ainda um apelo aos designers: esqueçamos a utilização de recursos como verniz UV, laminações a plástico, polietileno e efeitos metalizados. Eles, na realidade, retiram o argumento da reciclagem, comprometem o aproveitamento da fibra e, até mesmo, o inviabilizam. Mesmo um papelcartão com menos químicos ou produzido com fontes renováveis, se receber muitas camadas de tinta e acabamentos terá difícil reciclabilidade, fora o aumento do tempo de reciclagem.
Vale lembrar que o uso do papelcartão e acabamentos sustentáveis na composição das embalagens trazem um aspecto rústico ao material. E é justamente essa aparência que provoca um impacto visual diferenciado e transmite concretamente a ideia de sustentabilidade. Por isso, o design for recycling fortalece o produto e, vinculado a outras estratégias que visem transmitir ao público já na embalagem a responsabilidade socioambiental da marca, se torna uma tacada de mestre.
Embalagem bonita, atraente e eficaz é aquela que faz bem para o consumidor, mas, principalmente, para o consumidor que quer deixar um mundo mais limpo para as próximas gerações. Pense nisso quando for desenhar sua próxima embalagem!
*Júlio Jubert Guimarães é diretor comercial da Ibema.
Sobre a Ibema
Gerar valor de maneira sustentável por meio da fabricação e distribuição de produtos que conquistem a preferência dos clientes, contribuindo com iniciativas que favoreçam toda a cadeia, com a dedicação e preocupação de garantir o melhor resultado para a empresa e seus clientes. Esta é a missão da Ibema, fabricante de papelcartão, que permeia a sua atuação com base no conceito de foco do cliente. A empresa, fundada em 1955, é hoje um dos players mais competitivos da América Latina. Sua estrutura é composta por sede administrativa localizada em Curitiba, centro de distribuição direta em Araucária com área útil de 12 mil m2 e fábricas instaladas nos municípios de Turvo, no Paraná, e em Embu das Artes, em São Paulo, que juntas possuem capacidade de produção anual de 150 mil toneladas. Em seu portfólio, estão os melhores produtos, reconhecidos pela qualidade e performance na indústria gráfica. A empresa, que atualmente conta com aproximadamente 700 colaboradores, possui unidades certificadas pela ISO 9001, pela ISO 14001 e pelo FSC (Forest Stewardship Council). Para mais informações sobre produtos e serviços, acesse o nosso site, disponível também nos idiomas espanhol e inglês: www.ibema.com.br.