Dicas básicas para enfrentar negociações difíceis...
Prof. Menegatti
Existe uma história de um homem que deixou dezessete camelos para seus três filhos. Ele deixou metade dos camelos para o filho mais velho, um terço para o filho do meio e um nono para o filho mais novo. Os três tentaram fazer a divisão da herança, mas não conseguiram chegar a uma solução.
Os filhos pediram ajuda a uma velha sabia. Depois de estudar o problema, a sabia disse: "Vejam o que acontece se vocês pegarem o meu camelo". Assim os filhos ficaram com dezoito camelos.
O mais velho pegou a metade: nove. O filho do meio pegou um terço: seis. E o filho mais novo pegou um nono: dois. Nove com seis e mais dois é igual a dezessete. Sobrou um camelo, e eles o devolveram a sabia.
Todos nós já tivemos de enfrentar negociações difíceis com um chefe enfurecido, um cliente inflexível, um colega de trabalho ranzinza ou um adolescente insuportável. Sob pressão, mesmo pessoas simpáticas e sensatas podem transformar-se em pessoas intratáveis.
Tenho certeza que uma dessas dicas será seu décimo oitavo camelo!
Por trás dos ataques de seu cliente pode haver raiva e muita hostilidade. Por trás da posição inflexível pode haver medo e desconfiança. Convencido de que ele está certo e você está errado, ele se recusa a ouvir seus argumentos.
Para vencer o não, você precisa superar todas as barreiras: emoções negativas, hábitos de negociação, o poder que ele demonstra possuir e a sua reação. Estes são alguns desafios com que você se defronta.
Quando ele insiste em manter sua posição, você quer rejeitá-la e afirmar a sua própria. Quando ele faz pressão, você tende a reagir com contrapressão direta. Contudo, ao tentar quebrar a resistência de seu cliente, você geralmente só consegue reforçá-la.
Os seres humanos são máquinas de reação. A coisa mais natural a fazer quando nos confrontamos com uma situação difícil é reagir: agir sem pensar.
Existem três reações comuns:
Revidar: se seu cliente assume uma posição radical e inflexível, você faz o mesmo. O ato de revidar raramente traz progresso a seus interesses imediatos e quase sempre atrapalha seus relacionamentos a longo prazo. Mesmo que você vença a batalha, pode vir a perder a guerra. Outro problema decorrente de revidar é que as pessoas que jogam pesado são, em geral, boas de jogo. Talvez elas até estejam esperando que você as ataque. Se o fizer, você se coloca no território delas, jogando o jogo da maneira como elas gostam.
Ceder: seu cliente pode conseguir fazer com que você se sinta tão constrangido com a negociação que você cede só para se ver livre daquela situação, afinal, você não quer ser o responsável por prolongar interminavelmente as negociações, estragando o relacionamento, perdendo a grande oportunidade de sua vida. Em geral ceder resulta em insatisfação. Você se sente "logrado". Assim como o fato de ceder a uma criança que chora e esperneia só reforça esse padrão de comportamento, da mesma maneira, o fato de ceder a uma pessoa que se mostra enraivecida é um incentivo para que ela tenha outras explosões de raiva no futuro.
Romper: A terceira reação comum é romper relações com a pessoa ou organização problemática. Se for um casamento, divorciar-se. Se for um emprego, pedir demissão. Se for uma sociedade, dissolvê-la. No entanto, tanto o preço financeiro quanto o emocional de um rompimento é geralmente alto: um cliente perdido, um recuo na carreira, uma família separada. Na maioria das vezes, o rompimento é uma reação apressada, da qual nos arrependemos mais tarde. As pessoas que reagem rompendo relações nunca chegam a lugar algum, pois estão sempre recomeçando.
Os Perigos da Reação: A primeira vitima de um ataque é sua objetividade. A objetividade é a faculdade de que você mais precisa para negociar efetivamente. Sem ela, você se desequilibra e não raciocina com clareza.
Aprendemos que que "a cada ação corresponde uma reação igual e contrária". Entretanto, a lei de Newton, aprendida nas aulas de física aplica-se a objetos, não a mentes. Os objetos reagem. As mentes podem optar por não reagir. É isso que você deve fazer.
E, o que fazer quando você se defronta com uma negociação difícil? É preciso recuar, esfriar a cabeça e analisar a situação de maneira objetiva. Tenha uma visão distanciada, quase como se você fosse uma terceira parte para que você possa analisar calmamente o conflito e procurar uma maneira satisfatória de resolver o problema de ambos.
Como exemplo, cito o caso de uma executiva do ramo de cinema, que estava negociando a venda de um programa para uma rede de televisão a cabo, um negócio que envolvia milhões. No meio de sua reunião final com o negociador da rede de televisão, o presidente da emissora entrou na sala enfurecido. Ele atacou o produto e a integridade pessoal da executiva e exigiu alterações radicais no contrato.
Em vez de reagir, ela controlou suas emoções e compreendeu que, defendendo-se ou contra-atacando, apenas colocaria mais lenha na fogueira e não melhoraria sua posição em nada, no que se referia ao fechamento do negócio. Assim sendo, ela deixou o presidente falar a vontade. Depois que ele terminou e saiu da sala, ela pediu licença para uma rápida saída, aparentemente para dar um telefonema, mas na verdade para recuperar seu equilíbrio mental.
Quando ela voltou, o negociador da emissora olhou para ela e perguntou: "Pois bem, vamos retomar a conversa no ponto em que nos paramos?". Em outras palavras, ele estava dizendo: "Não ligue para o que o presidente falou. Ele estava apenas desabafando. Vamos voltar ao que interessa".
Pense! Se ela tivesse reagido, a negociação teria ido por água abaixo. Como, ao invés de reagir, ela se afastou, pode prosseguir tranquilamente com a negociação para fechar o negócio.
* Prof. Menegatti é considerado um dos maiores conferencistas no desenvolvimento do potencial humano e um expert em desempenho de alto nível. Palestrante em Vendas, Motivação e Liderança. É autor de vários livros e DVD´s, entre eles estão o livro "Talento - É fazer coisas comuns de forma extraordinária", CD "O Líder Influenciador" e o DVD "Campeão de Vendas". Contatos: www.menegatti.srv.br - menegatti@menegatti.srv.br
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