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Enfrentando Ameaças...

Thomaz Caspary ( In memoriam )

Enfrentar as ameaças que nos cercarão em 2007 certamente dependerá de uma boa dose de bom senso dos nossos empresários gráficos. Sabemos, ao ler os jornais diários, das catástrofes político-econômicas que teremos que enfrentar este ano. Estamos pagando altos impostos, sem a mínima contrapartida dos órgãos governamentais, que praticamente “desfornecem” transporte decente, saúde aos necessitados, educação com qualidade, previdência de sobrevida, etc... Os que mais sofrem são os pequenos e médios empresários gráficos, que pela sua falta de informação acabam por amargar prejuízos incompatíveis com seus ideais planejados.

É comum o empresário ignorar pequenos sinais que podem ser o prenúncio de problemas para sua gráfica, para seu departamento de vendas ou mesmo para sua reputação pessoal. A incapacidade de reagir prontamente aos desafios, por falta total de conhecimentos de gestão, marketing e vendas, poderá levar este ano, muitas gráficas e muitos empresários a cerrarem suas portas.

Não são, no entanto, fatos como estes que merecem da sua parte uma análise mais profunda. Outros fatos, muito mais graves acontecem dentro da sua empresa. Se você fizer uma profunda análise você está literalmente deixando escoar dinheiro pelo “ralo”. Muitas vezes estamos jogando dinheiro pela janela sem perceber. Isso ocorre principalmente nas compras que fazemos ou em serviços que mandamos executar por terceiros. Acontece também no desperdício de papel utilizado para acerto de máquina ou por erros que não são controlados, ainda mais se você não tem na sua empresa um mínimo de controle de estoque como uma requisição de materiais.

Um exemplo bastante comum é o serviço terceirizado de plastificação, laminação ou envernizamento, onde simplesmente tiramos uma nota fiscal, baseados na ordem de serviço, sem realmente contar a quantidade de folhas que são enviadas para o prestador do serviço. Em seu retorno, quando obviamente também não contamos a quantidade devolvida, alguns prestadores de serviço, emitem habitualmente uma nota fiscal, baseada na emitida pela gráfica, cobrando o valor cheio da quantidade constante na nota fiscal e não no serviço executado. Muitas gráficas nem se dão conta da perda de processo dentro da gráfica e no prestador de serviços, e pagam o que consta na nota fiscal do fornecedor dos serviços. Para alguns, isto é hábito e não má fé como poderia parecer. Por esta razão queremos alertar ao amigo gráfico a contar o volume de folhas expedido e o recebido, fazendo as devidas anotações e conferências. Ainda na área de prestação de serviços de terceiros: na hora de orçar solicitamos preços que são automaticamente colocados no pré-cálculo. Ao pegarmos o trabalho, ninguém se digna a renegociar o valor do trabalho a enviar para terceiros e simplesmente envia pelo valor constante no pré-cálculo. Em recente trabalho de Boas Práticas, conseguimos reduzir valores de serviços de terceiros em percentuais significativos.

Você já deu um pulo ao seu “Departamento de Aparas?” Você já olhou debaixo das Mesas de Acabamento? Deu uma olhada no Almoxarifado ou “depósito de materiais?” Olhou na Expedição? Você percebeu quanto dinheiro você jogou pela janela? Serviços errados que não aparecem em nenhum relatório; serviços devolvidos por má qualidade ou especificação incorreta, sem nenhum controle e valorização; “montes” de “sobras” de trabalhos encostados e “ninguém sabe de nada”. É amigo gráfico... O seu prejuízo está em grande parte exatamente aí! Você deu uma olhada nas pilhas de papel sem identificação que estão na sua empresa? São dois pacotes aqui, quatro ali, outros cinco acolá e todos sem identificação, destino ou mesmo razão. Não está na hora de você “virar a mesa?”

Outro item de grande importância está na aquisição de diversos produtos químicos, dos diversos fornecedores da indústria gráfica. Entre estes produtos, encontra-se, por exemplo, o álcool isopropílico (isopropanol) que muitas vezes vem “batizado” inclusive com álcool etílico o que reduz o seu custo, acarretando problemas técnicos na impressão, quando utilizado na solução de fonte. Nem sempre o produto químico mais em conta, representa um custo menor, pois o custo dos materiais adquiridos se fazem sentir sempre na produtividade dos equipamentos onde são aplicados. No caso acima, o álcool “batizado” acaba por trazer problemas na impressão, quando então o impressor reclama da chapa, da tinta e de outros aspectos do processo, quando na verdade a causa está na qualidade do isopropanol que foi adquirido a um custo menor. Temos que nos cercar sempre de fornecedores idôneos, para que os custos de produção sejam os mais baixos possíveis.

Temos por exemplo aditivos para tinta, não adquiridos diretamente do fabricante e que nos são “empurrados” por hábeis vendedores de produtos químicos. Outros produtos bastante controversos são as famosas soluções de fonte, limpadores de velatura e engordurameto. Acabam por estragar as chapas de impressão que precisam ser trocadas ocasionando dinheiro jogado pela janela, em função de máquina parada, repetição de chapa, etc. Embora às vezes um pouco mais caro, é preferível comprar os produtos químicos para as chapas, diretamente de seu fornecedor de chapas, que garante uma qualidade compatível com a matriz utilizada. Saiba que nem sempre o mais barato é o mais barato, ou seja, o custo dos produtos adquiridos somente se conhece depois de terminado o trabalho gráfico.

Outro item ao qual devemos nos dedicar é o papel. Por esta razão, recomendamos que se orce sempre papel de giro constante, ou em caso de papeis especiais, o volume de folhas que completem o pacote. Outro problema bastante freqüente na aquisição de papel é a “compra de ocasião” onde podemos comprar mais barato, determinados papeis fora de formato. Muitas vezes, grande parte destes papéis fica por meses ou até anos “mofando” no almoxarifado. Ainda com relação a papel alguns gráficos se sentem tentados a comprar pontas de estoque a preços mais em conta, onde muitas vezes este papel é escolha de 2ª apresentando problemas técnicos na impressão, aumentando assim o desperdício não calculado antes da sua utilização.

Um último alerta: não utilizem produtos químicos para “facilitar” o trabalho, como, por exemplo, lavar a máquina com restaurador de blanqueta ou mesmo lavar a blanqueta constantemente com este produto. Misturar ácidos na solução de fonte para evitar velaturas. Misturar produtos químicos na tinta não recomendados pelo fabricante. Utilizar produtos mais baratos (soda caustica, por exemplo) para revelar chapas offset. Você poderá estar estragando seu processo, sua máquina e sua saúde, além de estar jogando dinheiro pela janela.

Ainda um último “toque”. Nos dias de hoje não podemos prescindir de sistemas de gestão integrada, como por exemplo, o Calcgraf, E-Calc, Metrics, Zênite e muitos outros, cada qual ajustado para o tamanho e configuração de sua empresa. Implante urgentemente Normas e Procedimentos de trabalho em todas as áreas de sua empresa. Esta é a melhor arma para que você possa enfrentar ameaças, não só em 2007 mas ao longo dos anos. – Boa Sorte e Sucesso!

* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)




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