Gestão e/ou Tecnologia? “ O vírus”
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Um vírus invisível e infalível está alojado em nossas empresas gráficas. Ele aguarda por uma oportunidade para atacar dependendo da ação (ou falta de) do gestor da gráfica. Dentro da empresa se incubam abusos que demonstram sintomaticamente o efeito deste vírus, através da ação dos funcionários da empresa. Poucos dirigentes de gráficas encaram decididamente o problema, pois têm grande esperança de que as coisas melhorem.
O fato de comparecer ao trabalho, sentar-se à frente do computador, ou mesmo operar uma impressora ou máquina de acabamento, atender ligações, fazer pré-cálculos como um robô que simplesmente digita um programa, sem pensar o que está fazendo é bastante comum em nossas gráficas. Acontece que ao final do turno de trabalho chegamos a conclusão de que pouco foi produzido ou, se tivemos produção, ela insere um sem número de erros, desperdício e horas praticamente improdutivas. Este fenômeno denominado de presenteísmo é o contrário do absenteísmo (a falta do funcionário). Os resultados são praticamente iguais com a diferença de que o presenteísmo causa mais prejuízo do que a falta da pessoa. Esta ao faltar pelo menos não erra nem estraga o material.
Temos alertado por longo tempo de que está na hora do empresário gráfico acordar para o que acontece dentro de sua empresa. Ficar esperando as coisas acontecerem leva lentamente - e com absoluta certeza - a gráfica à insolvência. Estamos falando de gestão há muitos anos, seja através da adoção de sistemas de gestão, como os excelentes sistemas da Calcgraf, E-Calc, Metrics, Zênite, Bremen e muitos outros, que, no entanto, são considerados “caros” pelos amigos gráficos. Perder um serviço, errar no pré-cálculo, deixar de cobrar pequenos e grandes “extras” por esquecimento nos cálculos ou por falta de Normas e Procedimentos sai bem mais caro para o dono da gráfica. Ao utilizar os Sistemas de Gestão acima descritos, não podemos chamá-los de Despesas. Temos que chamar de Investimento! Colocar um sistema, sem treinar o operador na área do sistema e na área da produção, é o mesmo que colocar a moça do cafezinho para teclar no sistema o que mandam fazer. Necessitamos sim de profissionais com habilidade. E temos estes profissionais no mercado. Podemos inclusive fazer uma série de operações automatizadas, utilizando o “Excel” que já vem no programa Office do seu computador.
Porém, não só a implantação de Boas Práticas de Fabricação & Gestão, introdução de sistemas de qualidade, como por exemplo, o “Total Quality Management”, ou o CRM (Programas de Gestão de Clientes) são suficientes hoje em dia. A competitividade tecnológica é muito forte e dificilmente poderemos concorrer com nossas máquinas “velhas” (mesmo que já totalmente depreciadas), porém com baixíssima produtividade, com gráficas que se atualizam tecnologicamente, sempre dentro de perfeitos cálculos de retorno de investimento, pois existem muitas máquinas extremamente sofisticadas, que para o mercado brasileiro, em função de preços praticados pelos nossos concorrentes, acabam não tendo “Payback” (retorno do investimento).
Vejamos por exemplo na pré-impressão o sistema “Suíte 3 Design Premium” recente lançamento da Adobe, que traz ferramentas para Layout, Tratamento de Imagem e PDF-Workflow. Tem boa integração com o Photoshop, Indesign e Illustrator, com Flash e Dreamweaver. Uma série de outras vantagens estão agregadas a este programa.
Outra novidade tecnológica, desta vez lançada pela Agfa, é o “Delano Seamproof”, que consegue enviar via Internet uma prova contratual (CMYK) dependendo da calibração dos equipamentos e do acerto das curvas da escala utilizadas em sua gráfica. Isso agrega velocidade e tecnologia a este “desperdiçador de tempo” que é o vai-vem e aprovação das provas na impressão. Na área de CTP, seja para chapas Térmicas, UV ou mesmo para chapas offset em polímeros, surgem novidades a cada dia.
Na área da Impressão Offset, a cada minuto a Heidelberg, a MAN-Roland, Ryobi e mesmo os equipamentos japoneses, trazem uma série de benefícios em suas máquinas que, agregam velocidade e qualidade. A Roland 700 Direct-Drive, especialmente desenvolvida e rentável para pequenas tiragens com dispositivo “Quick-Change”, reduz em mais de 60% os tempos de acerto (como já descrevemos em artigos anteriores). É evidente que todos estes dispositivos que aumentam a produtividade e reduzem tempos de acerto, tem seu custo. Deve o empresário gráfico, com base em uma análise de estrutura de pedidos da gráfica, verificar o custo-benefício de sua aquisição, bem como o tempo de retorno do investimento. Na área digital, o lançamento da INDIGO Press 5500, traz uma série de vantagens de velocidade, impressão Frente-e-Verso, qualidade e acoplamento a sistemas de acabamento.
Na área de acabamento, inúmeras máquinas, tanto na área editorial, como na de impressos promocionais e de segurança, embalagem, assim como na área de beneficiamento superficial de diversos suportes, vem surgindo diariamente, trazendo novas tecnologias para aprimorar a qualidade e reduzir os tempos de acerto. Devo novamente alertar o amigo gráfico, sobre este tipo de investimento em relação ao retorno do capital.
Uma saída para este problema seria a terceirização de serviços de acabamento, todavia abrindo uma empresa própria, onde o empresário gráfico ocuparia suas máquinas de acabamento, “vendendo” as horas ociosas para gráficas menores, reduzindo assim os seus custos. Com esta “terceirização”, o empresário reduziria a sua estrutura organizacional, podendo inclusive transformar sua empresa de acabamento em uma empresa pequena (simples), reduziria os seus ativos, com as devidas conseqüências econômicas e tributárias, simplificaria a organização, melhoraria a qualidade em função da especialização de seus funcionários, aumentaria bastante a produtividade, reduzindo conseqüentemente seus custos. Paralelamente a isso, teria uma nova fonte de entrada de recursos e não ficaria com equipamento de acabamento parado. Neste caso, empresas médias e até grandes, podem utilizar bons equipamentos nacionais de acabamento (como por exemplo, os equipamentos da Radial Tecnograf, entre outros), com vantagens de assistência técnica, peças de reposição e assistência facilitada.
Vamos nos proteger deste “vírus”, aplicando bom senso em primeiro lugar e vontade de ter aquilo que mais almejamos. Um pouco de PAZ e felicidade. Chega de Stress entre os empresários gráficos. Vamos repensar nossas vidas. Vamos agir com bom senso, aplicando novas tecnologias de gestão e de equipamentos. Você caro leitor, certamente me dará razão, quando não tiver que ficar mais na empresa até as 10 da noite, apagando incêndios ou descascando “pepinos e abacaxis”. Boa Sorte e Sucesso!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)