Instruções e métodos impulsionam o setor gráfico
Em entrevista exclusiva ao site Guia do Gráfico, o consultor Thomaz Caspary compartilhou as percepções sobre o cenário atual, dicas que estimulam o setor e nos contou como a busca por informações o fez um importante produtor de conteúdo para a indústria
Mirtes Anjos de Lima, para o guiadografico.com.br
Aliando conhecimento técnico e as habilidades de gestão administrativa, o engenheiro formado em Produção Industrial na Faculdade de Mídia Impressa - Hochschule der Medien, de Stuttgart na Alemanha, é diretor da Printconsult onde desenvolve um trabalho de consultoria focado no setor. Provendo melhorias aos clientes e pensando em estabelecer uma comunicação transparente, produz artigos e dá instruções para alavancar a performance do empreendedor.
Acompanhe a entrevista, dividida em três blocos:
Através de seus artigos a indústria gráfica ganha em informação e conteúdo, em sua opinião, o segmento é carente de informações gerais sobre esse nicho de mercado?
TC – Infelizmente micro e pequenas gráficas são muito carentes em informação, pois os seus gestores não se dedicam ao mais importante que é a informação. Dedicam-se ao urgente que se traduz por buscar pedidos, produzir, entregar e faturar para ter dinheiro em caixa. Estes empresários infelizmente não encontram tempo para pensar e em suas mentes TUDO é despesa. Nada é investimento com retorno garantido. Este investimento seria a nosso ver uma melhor informação para sí e para seus gestores, bem como a contratação de um Coach para ajuda-los.
Quando precisa buscar ou aprimorar informações quais fontes normalmente suprem essa necessidade?
TC – Tenho diversas fontes de informação, pois leio muito. Além dos principais jornais brasileiros, e informativos de entidades brasileiras de estatística, assino diversas revistas de fora do país, recebendo ainda regularmente relatórios da PIRA, PIA (dos Estados Unidos), do BVDM (Entidade Gráfica da Alemanha), Releases de entidades técnicas como a Faculdade de Mídia Impressa de Stuttgart, (Alemanha), UGRA (Suíça) e naturalmente constante visita a Feiras e Palestras no Brasil e no exterior.
Em sua percepção, quais pontos são rentáveis para canalizar investimentos?
TC - A canalização de investimentos deve ser em primeira instância em nossos RECURSOS HUMANOS que necessitam de certo tempo para se viabilizar. Conhecimento não se compra como um equipamento ou tecnologia. Não existe na “prateleira”, tem que ser formado. Este aspecto ainda não entrou na cabeça de grande parte de nossos empresários, mormente dos pequenos empreendedores gráficos.
Confiabilidade através da consultoria
Com olhar especializado, como a consultoria pode potencializar os ganhos dentro do mercado gráfico?
TC – “Enquanto uns choram, outros vendem lenços”. Essa frase foi dita anos atrás por Nizan Guanaes a respeito da situação econômica do País e da forma como empresas dos mais diversos portes poderiam se beneficiar de momentos turbulentos como este. Muito pode ser feito na indústria gráfica através de consultorias focadas em problemas específicos, levando em consideração algumas pesquisas de mercado, percebemos que muitas gráficas, principalmente as pequenas e médias, sofrem ao decidir onde, como e por que investir. Será que é na área comercial, em custos, PCP ou mesmo em recursos humanos? São dúvidas que para alguns parecem simples, mas para quem, na maioria das vezes, trabalha sozinho e faz de tudo, decide muito pela intuição, que poderá ser uma “barca furada” se a decisão for estratégica. Em tempos de crise, uma decisão errada pode por em risco a imagem e a saúde financeira da empresa.
Existe algum tipo resistência a essa prestação serviços, mesmo entre as empresas de grande porte?
TC- Devemos considerar àqueles aspectos inerentes à cultura organizacional das pequenas gráficas que, em geral, são muito conservadoras e preservam suas raízes, sem, contudo, notarem as rápidas mudanças de conceitos mercadológicos e as influências que as inovações tecnológicas provocam nos clientes e consumidores. De modo geral, é intenso o conservadorismo e a resistência das pequenas empresas quanto se fala em mudanças.
Com a representatividade de mais de 90%, as micro e pequenas empresas possuem parcela abrangente no cenário econômico nacional, elas utilizam os serviços de consultoria?
TC – Creio que no máximo 20% das pequenas empresas se utilizam de consultorias, entre as quais se encontra o SEBRAE. Já dentre os microempresários é raro verificar algum que busca consultoria, a não ser na área jurídica ou contábil, quando muitas vezes já é tarde demais. Neste exato momento, somente empresas de visão, contratam consultorias. Os outros postergam esta decisão para “algum dia”. Porém existe, no entanto, a possibilidade de se fazer uma consultoria virtual, reduzindo seus custos ao mínimo, pois o consultor trabalha embasado em relatórios gerenciais, fazendo por assim dizer, um “coaching” diretamente com o empresário, de quem deverão então partir as ações.
Tecnologia em torno dos resultados
“A arte ou técnica de imprimir pode ser definida como a que utiliza recursos da informática aplicados à reprodução de textos e imagens em qualquer suporte” contou Caspary.
Como pode ser avaliada a introdução da impressão digital no Brasil e no exterior?
TC – No processo de impressão digital, a forma de impressão é virtual, isto significa que, ela existe por apenas alguns instantes, sendo regravada a cada passagem do papel, mesmo não havendo alteração na imagem.
A impressão digital teve início nos Estados unidos com os sistemas de impressão a seco (Xeros) que se fixou na mente da humanidade como “Impressão Xerox”.
Posteriormente outros fabricantes de equipamentos no mundo todo desenvolveram esta metodologia de “Cópia”, inclusive no Brasil, até que surgiu a impressão de Jato de tinta, que então foi denominada de Impressão Digital. O crescimento desta tecnologia é vertiginoso tanto no Brasil como no restante do mundo, permeando todos os segmentos do mercado gráfico. A cada dia a tecnologia avança, é necessário, no entanto, que se revejam aspectos de seus nichos de atuação, dedicando mais ou menos atenção a segmentos específicos, já que, dentro do universo da impressão digital, há uma grande heterogeneidade de aplicações — para cada qual existe um ou outro modelo mais eficaz —, tais como necessidade de volume, qualidade, custo-benefício, etc.
O digital poderá obsoletar a tradicional impressão analógica?
TC – O mundo convencional e digital, penso no público-alvo de uma comunicação impressa. Refiro-me, portanto, a aplicações reais e que agregam valor num processo híbrido de impressão. O produto de massa continuará a ter seu espaço, porém as gráficas devem, o quanto antes, estar aptas a oferecer aos clientes a possibilidade de se regionalizar e customizar seus produtos. A impressão digital deve superar a convencional, porém ainda não substituí-la. Na DRUPA 2016 poderemos sentir melhor o cenário destas tecnologias em relação ao futuro.
*DRUPA – É a Feira Internacional de Mídia e da Indústria Gráfica, que acontece a cada 3 anos, na Alemanha. Em 2016 acontecerá entre os dias 31 de maio a 10 de junho.