Mandamentos da boa gestão - duas parábolas
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Dou início a este artigo de Dezembro, com duas parábolas, cujos autores eu desconheço, porém onde as histórias se encaixam um pouco no conjunto de atitudes que temos que repensar, para executarmos uma boa gestão nas nossas gráficas.
Um pai sábio...
Certa tarde o José saiu para um passeio com as duas filhas, uma de oito e a outra de quatro anos. Em determinado momento da caminhada, Helena, a filha mais nova, pediu ao pai que a carregasse, pois estava muito cansada para continuar andando. O pai respondeu que estava também muito fatigado, e diante da resposta a garotinha começou a choramingar e fazer "corpo mole".Sem dizer uma só palavra, o pai cortou um pequeno galho de árvore e o entregou à Helena dizendo: - Olhe aqui um cavalinho para você montar, filha! Ele irá ajudá-la a seguir em frente.
A menina parou de chorar e pôs-se a cavalgar o galho verde tão rápido, que chegou em casa antes dos outros.Ficou tão encantada com seu cavalo de pau, que foi difícil fazê-la parar de galopar.A irmã mais velha ficou intrigada com o que viu e perguntou ao pai como entender a atitude de Helena.O pai riu e respondeu dizendo: - Assim é a vida, minha filha.Às vezes a gente está física e mentalmente cansado, certo de que é impossível continuar. Mas encontramos então um "cavalinho" qualquer que nos dá ânimo outra vez.
Esse cavalinho pode ser um bom livro, um amigo, uma palestra... Assim, quando você se sentir cansado ou desanimado, lembre-se de que sempre haverá um cavalinho para cada momento, e nunca se deixe levar pela preguiça ou o desânimo. "Procure conviver entre pessoas que te ensinem a caminhar; porém, quando encontrares o conhecimento, não o negue aos outros.
Respeito
Um sujeito estava colocando flores no túmulo de um parente quando vê um chinês colocando um prato de arroz na lápide ao lado. Ele se vira para o chinês e pergunta: - Desculpe-me, mas o senhor acha mesmo que o seu defunto virá comer o arroz?
E o chinês responde: - Sim e geralmente na mesma hora que o seu vem cheirar as flores! Respeitar as inúmeras opções de outros em qualquer aspecto, é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter, inclusive na área de gestão. Lembre-se sempre que as pessoas são diferentes, agem e pensam de forma diferente. Nunca julgue. Apenas compreenda e respeite.
Estamos vivendo o mundo de maus comportamentos e de hábitos inadequados. O declínio da respeitabilidade das pessoas (que já se inicia nas escolas junto aos professores), e de donos de empresas nas posições que ocupam é um espetáculo visível a todos nós. Trata-se aqui, de um processo no qual em maior ou menor grau todos participamos. Estamos na verdade, vivendo o mundo de “nós” contra “eles”, muitas vezes esquecendo de que em certas ocasiões o “eles” podemos ser “nós”. Muitos estão nos enganando, tornando as nossas vidas mais difíceis, só pensam em levar vantagens (Lei de Gerson) e abusar de nossa boa-fé. Não adianta recriminarmo-nos, pois não há nada a fazer. A falta é só “deles”, dos outros. Será?
É evidente que nas nossas gráficas o mesmo fenômeno se repete. O jogo de acusações recíprocas é freqüente, pelo que temos observado em nossas consultorias. Os funcionários sempre dão um jeito de responsabilizar outros ou mesmo a direção da gráfica por todos os problemas. Quaisquer transtornos no trabalho sejam problemas técnicos, baixa produtividade e muitas outras formas de desempenho inadequado no trabalho, têm sua “culpa” rapidamente delegada a problemas com material, má manutenção das impressoras ou máquinas de acabamento, erro no PCP, problemas do vendedor, falhas no pré-cálculo, etc... Apontar o dedo de acusação é o caminho de saída mais fácil para todos, inclusive a chefia.
E é este o momento, em que os gestores da gráfica, devem procurar um consultor, que entenda da gestão de empresas gráficas, com conhecimentos de tecnologia e vivência de “chão de fábrica”. É claro que os funcionários, o pré-cálculo, os vendedores ou mesmo o cliente, não são culpados de tudo. Certamente o estilo de gestão e principalmente a cultura da gráfica também contribuem expressivamente para redução da rentabilidade da empresa.
Qualquer um é capaz de com facilidade reconhecer tanto o funcionário excepcional quanto aquele que costumeiramente faz “cera”, desconhece o trabalho, ou foge de suas obrigações. Fatos esporádicos e fatores psicológicos e/ou sociológicos dificultam os gestores de realizarem avaliações adequadas, objetivas e fundamentadas em fatos observáveis. O que acontece normalmente são “achismos” e “chutômetros”.
Por esta razão, adotar algumas regras básicas pode garantir a um gestor além do próprio sucesso, maior rentabilidade para sua gráfica, fazendo com que ambos passem pela crise sem solavancos. Podemos citar entre elas: Seja político, mas não faça política na empresa. Domine os números de sua gráfica, tanto com relação a custos, compras, faturamento mínimo, margem de contribuição, eficácia nas vendas e retorno de investimento, entre outros. Entenda sempre o modelo econômico e os fatores críticos de sucesso do setor gráfico. Informe-se sempre sobre as questões fiscais e legais que influem nas suas decisões. Entenda os riscos, mas não tenha medo de tomar as decisões.
Nunca abra mão dos juros. Renegocie sempre que necessitar o principal, nunca os juros. Seu aprimoramento profissional deve ser constante. Não deixe de ir a feiras, freqüentar cursos e seminários, assinar revistas do ramo gráfico e participar ativamente de seu sindicato patronal ou associação de classe. Não pare de estudar, independentemente da posição que ocupa na empresa. Poderíamos acrescentar ainda um número enorme de “dicas”, porém isso ficaria muito cansativo, pois são coisas que você já sabe. Coloque-as em prática e tenha um Ano Novo de 2010 e com prosperidade e rentabilidade.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)