Mulheres na gestão das empresas - Qual é o problema?
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Cada vez mais a indiscutível presença feminina no mundo dos negócios vem provando que a mulher é capaz de estar presente no lar e na empresa e alcançando resultados expressivos em ambas as, digamos, funções. Mas a questão é: como se deu esta evolução, ou então, como as mulheres conseguiram romper com as históricas limitações que lhes foram impostas?
Seguramente, esta questão não é tão simples quanto, eventualmente, possa parecer. Retomando um pouco da evolução da participação feminina na sociedade, é possível observar que, as mulheres, até recentemente, não possuíam uma vida social ativa, nem tampouco eram permitidas a elas, desenvolver seus desejos relacionados a presença nas empresas. Para muitos era possível notar um verdadeiro desperdício da capacidade feminina no trabalho, visto que o espaço concedido a elas estava restrito apenas ao nível operacional ou de apoio ao operacional. Portanto, as mulheres não eram absorvidas por posições em nível gerencial.
Uma tarefa quase impossível é pensar no papel da mulher nas posições de gestão de empresas. É quase impossível, encontrar na literatura do início do século passado algo que sequer lembre seus atuais interesses profissionais no campo da administração. Ainda relacionado ao passado, tem-se a idéia do preconceito, e, enganam-se aqueles que acreditam que este não existe nos dias de hoje principalmente no Brasil. Seguramente podemos afirmar que ocorreram alterações importantes no que diz respeito ao sexo feminino nas empresas e é certo que, a mulher vem conquistando cada vez mais espaço.
Nas empresas as posições estão sendo nos dias de hoje, igualmente disputadas por mulheres, agora, com condições de assumir posições de claro poder decisório, por muitas vezes, superando homens em posições semelhantes. Contudo, mesmo com esse diferencial, a discriminação existe e pode ser observada claramente na remuneração salarial de cada uma das pessoas da organização (ambos os sexos) e isso quer dizer que, para uma mesma posição, os salários do sexo masculino são superiores aos do sexo feminino. Há uma tendência em remunerar melhor o sexo masculino, porém, como todo preconceito, necessita de muito tempo para ser minimizado e tornado preconceito irrelevante.
Quando o assunto é de gestão empresarial, as pessoas tendem associar à figura masculina, porém, as mulheres também têm capacidade de ocupar posições importantes em termos de processos decisórios. Entendam que o que aqui falamos envolve também outras ações e posições na área de negócios como, por exemplo, o comando de pequenos, médios e grandes negócios e, mais recentemente, consultorias.
É certo que decisões para serem tomadas devem estar alicerçadas em conhecimento e não apenas em intuições. A intuição ajuda, mas depende do nosso estoque de conhecimento e de experiência, tanto acadêmica quanto profissional. Homens e mulheres têm essa obrigação profissional e disso não duvidamos o que significa dizer que este não é um texto preconceituoso, e sim senso comum que a intuição feminina é mais aguda do que a intuição masculina. Aqui encaramos mais uma vez, o preconceito e o machismo da sociedade principalmente no Brasil. Há modos de cooperar para a diminuição dessa distinção. Um bom exemplo é saber o que as pessoas de dentro da empresa pensam sobre a situação feminina, vista que a diferenciação era feita, em maior escala, nas posições em geral e, em escala menor, dentre as posições semelhantes.
Para finalizar este nosso papo, é interessante apontar a presença feminina no papel de consultora e Coach. Contudo, não se deve apenas apontar, mas também afirmar que esse é um esforço profissional que resultará sempre positivo, pois a sensibilidade, a conhecida e reconhecida intuição feminina, dá grandes possibilidades de sucesso na observação de comportamentos e atitudes, detecção de falhas, inconsistências e, também, no encaminhamento de soluções e propostas de mudança.
Você já deve ter percebido que a mulher sempre chama a atenção das pessoas da organização quando surge pela primeira vez e por alguns dias seguintes, assim como sua presença numa sala de trabalho ou numa reunião será aguardada com razoável ansiedade. Note que, sua competência será muito cedo cobrada, via perguntas, as mais variadas. Normalmente, quando um novo gerente ocupa uma determinada posição, as pessoas da organização tendem a se questionar em relação a forma que irá gerir, quanto aos seus procedimentos e mudanças. Quando é uma mulher quem ocupa tal posição, a questão passa a ser relacionada à sua capacidade, ou seja, será que ela é capaz? Será que ela vai agüentar? E, a partir daí, surgem comentários maldosos do tipo, ela não vai agüentar muito tempo, isso não é para ela.
Está abeto o fórum para discussão deste tema.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)