Nossa vida na Indústria Gráfica – você sabia? “As verdades de dentro das gráficas que ninguém comenta”.
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Nosso setor de gráficas, sabidamente não é perfeito. Ele não é formado por pessoas boazinhas, chefes puritanos ou empresas que colocam seus valores acima do lucro. Neste nosso papo de hoje, após muitos anos de observação e com muita gente torcendo contra, quero comentar coisas acerca do nosso mundo corporativo que ninguém quer falar.
Faça o possível para não ser ingênuo e cair em armadilhas. Pode ser difícil ter de olhar os fatos sob seus diversos prismas, mas o exercício é necessário. Enxergue o nosso mundo gráfico como um jogo. Aquele que não se interessar pelas estratégias alheias perde!
VEJA O QUE O NOSSO MERCADO GRÁFICO QUER NESTE MOMENTO DE DIFICULDADES E COMO REAGE EM RELAÇÃO A ISTO:
- O MERCADO PROCURA PESSOAS INOVADORAS: Você acabou de ser contratado e está cheio de idéias para melhorar os processos na gráfica. Cuidado! Embora o mercado valorize muito a inovação no discurso, na prática, não raro, se observa exatamente o contrário: muitas pessoas nesta empresa podem ser conservadoras, o que significa que não querem arriscar e mudar. "Dependendo da cultura da empresa, se você chega com muitas idéias, acaba assustando! Há gestores que são abertos, mas desde que suas idéias não choquem com as dele", vejo isso na prática do dia a dia. Além disso, seja cauteloso ao fazer uma sugestão: sem querer, você pode acabar expondo a incompetência de um colega ou mesmo do dono da empresa!
- COM TALENTO E COMPETÊNCIA SE CONSEGUE TUDO: Competência é fundamental, a não ser que você seja filho do dono da empresa. O problema é que ser competente e talentoso não garante seu sucesso. É preciso saber aparecer, saber fazer marketing pessoal. Não adianta ter um tesouro que ninguém sabe que existe, porque está escondido no fundo do mar. E o pior é que, há muitos gestores que escondem os talentos sob sua sombra, porque temem que alguém melhor ocupe seu lugar. Mas esse tipo de chefe acaba dando um tiro no pé, porque as melhores pessoas de sua equipe acabam indo embora.
- OS GESTORES SEMPRE QUEREM O MELHOR PARA OS SEUS SUBORDINADOS: Não é bem assim. Existem ótimos líderes por aí, mas também existem pessoas despreparadas em cargos altos. Via de regra, antes de pensar nos outros, os chefes pensam em si. Alguns não pensam nem mesmo na empresa, somente querem saber de salvar a própria pele. Moral da história: tenha cuidado para não se iludir e acabar frustrado!
- PARA SER PROMOVIDO, VOCÊ PRECISA PROVAR QUE MERECE A PROMOÇÃO: Aqueles que querem ser promovidos na ânsia de provar que merecem o posto acabam se transformando. O problema é que uma hora a máscara cai. Se você é competente, não precisa provar que mereceu a promoção. Apenas dê continuidade ao bom trabalho. O profissional que finge ser quem não é mostra insegurança.
- E COMO FICA A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: Será que esta avaliação está sempre certa? - Nem sempre. Depende do contexto no qual ela foi realizada e da percepção que as pessoas têm de você, que pode ser equivocada. O feedback pode ser útil, mas ele deve ser interpretado por um profissional de RH.
- É SEMPRE BOM TER AMIGOS NA EMPRESA: A frase está correta, desde que você não misture as coisas e acabe colocando seu emprego em risco. Por exemplo: um amigo seu foi promovido. Será que você não se achará no direito de faltar no trabalho, já que seu novo chefe é seu amigo e entenderá? Amizade é bom ter em qualquer lugar, é uma das melhores coisas da vida. Mas não confunda o pessoal com o profissional!.
- O MELHOR DE TUDO SÃO AS FÉRIAS DE 30 DIAS: Cuidado! Dependendo da gráfica e da situação pela qual ela passa você pode ter uma surpresa ao voltar para o trabalho. Outra pessoa poderá estar ocupando seu posto. No mundo atual, 30 dias acabam sendo muito tempo, a não ser que tenha absoluta segurança no emprego. Mas dizer que não existe perigo nenhum quando alguém tira férias de 30 dias é relativo. Também como Gestor, só se vocês ocupar uma cadeira no Conselho de Administração. E mesmo assim, tenha sempre o computador a seu lado. A gente nunca sabe.
- A CULTURA DO ERRO E DO MEDO: Algumas gráficas cultivam essa cultura do medo; quando alguém erra, é rapidamente julgado e, muitas vezes, punido. Mas a verdade é que a questão não é o erro em si, mas a relação que se cria com o erro. O velho ditado todo mundo erra é verdadeiro. No fim das contas, errar acaba sendo bom, pois o profissional tem a oportunidade de aprender com uma situação difícil. Ninguém deve buscar o erro. Devemos isso sim instituir as Boas Práticas de Fabricação e Gestão em nossas empresas.
Seja no mercado local, estadual ou nacional, a venda de serviços de impressão se tornou um desafio, para pequenos e grandes gráficos. Até em função da retração econômica brasileira dos últimos anos, o mercado tem dificuldades em voltar a crescer. Diante do quadro, não dá para esperar o cliente bater à porta. É preciso criar atrativos para conquistá-lo e, mais adiante, fidelizá-lo.
O bom conhecimento dos nossos comandados é fundamental para estruturar a equipe e para conseguir aumentar o nível de compromisso. E como manter a motivação ao longo do ano? Costuma dizer-se que o entusiasmo e a motivação andam de mãos dadas, daí a necessidade de evitar situações de frustração ou desconforto na equipe comercial e de antecipar conflitos ou falar abertamente sobre as situações que fazem eco e nos deixam pensar alto (fofocas).
Sempre que possível, é determinante alinhar a compensação com os fatores motivacionais de cada colaborador com os seus objetivos de desenvolvimento ou crescimento, com a possibilidade de serem desafiados, proporcionando-lhes oportunidades de abraçar novos projetos, de gerir novas contas ou de cobrir nichos de mercado ou até clientes a que aspirem.
O Coaching surge como um catalisador de desempenho e, embora muitos gestores ainda negligenciem fazê-lo, é uma peça fundamental do Plano de Desenvolvimento Individual de cada gestor em todas as áreas especificamente hoje na área comercial e da formação dos preços. Ele pode realmente ter este aprendizado com um Coach, durante algum tempo, até que ele absorva as diretrizes de como fazer.
Mas não caia na tentação de dar as respostas, opte por ajudar a encontrá-las. Por isso, a cada sessão de coaching questione abertamente, escute, construa em vez de criticar. Reveja o desempenho desde a sessão anterior, resuma os progressos realizados, mantenha o foco no Plano de ação futura, centre-se no que o colaborador pretende melhorar primeiro, qual a melhor forma de o fazer e quando, e garanta o compromisso.
Por último, nunca abdique de celebrar!
É que cada pequena vitória alivia a pressão e é uma fantástica vitamina motivacional não só para cada gestor, mas para toda a equipe específica, que em seguida se transfere para os outros departamentos da gráfica.
Sucesso e vamos colocar a teoria em prática!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)