O custo da falta de competitividade
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Maio: estamos chegando a meados de 2013! Lembro-me que falam por aí, de durante muitos anos, trocas de favores entre o nosso governo e o setor produtivo, esconderam dos brasileiros a dura verdade de que a indústria brasileira não é competitiva. Acontece que na Indústria Gráfica não conseguí perceber nenhuma troca de favores entre governo e os gráficos. Quem olha para a nossa economia têm a impressão de que os problemas estão se acumulando e que estão a beira de deixar o governo sem ação.
No caso das gráficas, a meu ver, o problema da falta de produtividade que têm um custo altíssimo, não é por causa da falta de troca de favores do governo para com as empresas do setor. O problema está na displicência de muitos, (evidentemente não todos), na alocação correta dos custos fixos, na parametrização dos números utilizados na preparação do pré-cálculo (orçamento), na falta de informações ou informações inconsistentes, por parte da área comercial ou mesmo do cliente, por falta de conhecimentos técnicos, por parte de orçamentistas, pessoal de PCP, enfim, da equipe da empresa. Na verdade falta de treinamento geral ou da aplicação de Normas e Procedimentos em cada um dos setores. Falta de conhecimentos e procedimentos logísticos na área de compras que geralmente é centralizada no dono da empresa.
E a nossa indústria gráfica, como deve agir diante deste cenário tão controverso, ou seja, das postergações por causa dos diferentes eventos “sociais” de um lado e do cenário econômico de outro. Na verdade, estamos tendo um custo muito pesado, pela incompetência de muitos de nossos gestores. O maior problema da indústria gráfica neste novo momento será o de manter o seu pessoal muito competente. O grande desafio está na área de recursos humanos onde nossas gráficas terão por obrigação, manter seus melhores funcionários, além de treinar uma plêiade de homens e mulheres que deverão ser o sustentáculo para o desenvolvimento da empresa neste ano promissor.
Um papel importante do Gestor de pessoas (que muitas gráficas nem possuem e por isso necessitariam de um “Coach” ou consultor), é sensibilizar o dono da gráfica para esta mudança tão necessária. Se o Dono da Gráfica não souber ou se o Coach se isentar do papel de entender o que está acontecendo no mercado contribuindo com estas informações para a melhoria da competitividade, a gráfica corre o risco de ficar para trás, ou mesmo de morrer na praia.
De alguma forma, as questões técnicas podem ser resolvidas pela aquisição de tecnologia disponível, ou mesmo através de treinamento técnico, como o desenvolvido pela ABTG e pelo SENAI. Más, nenhuma empresa sobrevive se não houver um bom planejamento estratégico, além é claro de uma boa gestão de custos, de comercialização e do preparo do pessoal interno de apoio gerencial. O empresário gráfico está quase que abandonando o seu “staff” administrativo, não lhe dando ferramentas que lhes permita auxiliar as linhas de frente da empresa, ou seja, a equipe de vendas. Estamos reprisando em vários comentários, a necessidade de apoiarmos a equipe de vendas com ações mais efetivas dentro da empresa.
Temos encontrado muita incompetência nas equipes de apôio a vendas o que leva a um desperdício de tempo e esforço do profissional de vendas, gerando custos desnecessários e por vezes a perda de pedidos. E, infelizmente, temos visto isso acontecer também em empresas de médio e grande porte, onde o principal executivo da empresa (seja ele dono ou diretor contratado) não consegue diagnosticar as causas da baixa produtividade de sua equipe comercial.
Temos que nos tornar mais competentes e isso somente será possível através da análise das funções e atitudes de cada elemento que compõe a nossa equipe, bem como a sua interação com a filosofia de trabalho da gráfica. Isto só será possível através da ação conjunta do departamento de recursos humanos da empresa ou eventualmente através da contratação de uma consultoria especializada, com conhecimentos do ramo gráfico. A chave do bom desempenho da sua gráfica está em parar de se preocupar com o futuro e partir para a ação, fazendo o seu próprio futuro. Temos que agir, para que nosso pessoal se torne mais competente. Provavelmente teremos que mudar algumas peças no nosso tabuleiro de xadrez, fazendo com que o “cavalo” seja mais ágil e a “torre” defenda mais as suas posições. No entanto é possível, que tenhamos que treinar o jogador do nosso “Xadrez” (o dono da empresa), para que este consiga movimentar melhor as peças em seu tabuleiro. Tudo isso tem o seu custo, porem tenha certeza, terá também um retorno do investimento em um curto espaço de tempo.
Novos métodos gerenciais (GMMP) e de Coaching tem trazido ótimos resultados na condução de equipes, tornando-as mais competentes e reduzindo consideravelmente os custos da empresa. Caro amigo gráfico. Não espere acontecer o que conta aquela historia infantil onde a ração foi diminuindo e, em vez de se acostumar com a redução de comida, o cachorro vai morrendo de fome. Comece desde já a melhorar a competência da sua equipe e tenha sucesso neste ano difícil, porém promissor para os empresários sábios.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)