O novo perfil do empresário no setor gráfico
Thomaz Caspary ( In memoriam )
A alta concorrência do nosso mercado faz com que as empresas tenham de buscar novos modelos de gestão para se manter competitivas e inovadoras. A última tendência nesse sentido é a gestão de processos, que vem se transformando no coração das gráficas médias e grandes, por coordenar as ações de todas as suas áreas, desde as vendas até o fornecimento final de serviços não só impressos, como de mídia digital aos clientes e por que não, diretamente aos consumidores finais.
Conforme as gráficas vão tomando consciência de que a redução de custos e o aumento da eficácia só serão alcançados se a administração hierárquica convencional der lugar à integração das diversas áreas da empresa, começa a ser valorizado um novo perfil executivo, ou seja, o Gestor de Processos. Algumas das funções desse profissional são as de definir e modelar processos, monitorar indicadores, programar ações preventivas e corretivas, motivar e manter motivada toda a equipe tanto técnica, como administrativa e comercial.
Pesquisas apontam que hoje cerca de 70% dos problemas das empresas têm origem nas falhas de comunicação. A questão é que os problemas de comunicação em geral são "invisíveis", camuflados e até apagados. Freqüentemente são varridos para debaixo do tapete, porque os efeitos da comunicação não acontecem na hora e então ninguém fica sabendo. E o fato é que saber expressar-se corretamente, que antes era obrigação apenas dos comunicadores, virou condição de todo funcionário da empresa. Por esta razão temos que nos habituar a não mais simplesmente falar, seja por telefone ou mesmo ao colega ao lado. Temos que tomar cuidado, pois palavras, o vento leva. Se estiverem gravadas, seja em papel ou no computador, teremos uma base da comunicação e poderemos detectar eventuais falhas, sejam técnicas ou de interpretação. Hoje nove em cada dez empresas gráficas fracassam na execução da estratégia dos trabalhos. Seja no pré-cálculo, na abertura da OS, ou na simples transcrição de um Boletim de Produção. Se não for possível medir algo, não será possível gerenciá-lo ou produzi-lo. Se não for possível gerenciá-lo, não há como melhorá-lo. Logo, é preciso começar a mensurar os prejuízos que a comunicação inadequada está trazendo para as empresas.
Com uma perfeita comunicação e informações completas e corretas dos dados técnicos de impressos e outros serviços de mídia gráfica, o empresário terá condições de integrar as diversas áreas da empresa por meio de times multidisciplinares e em torno de finalidades específicas. Como, por exemplo, formar uma equipe de profissionais de marketing, vendas, Qualidade e PCP visando reduzir problemas e aperfeiçoar o atendimento ao cliente em termos qualidade de produtos, agilidade nos pedidos e redução dos custos ao cliente.
Ou seja, o Gestor de Processos tem a responsabilidade de administrar e criar as condições necessárias para o aumento dos índices de produtividade organizacional, incluindo também o relacionamento com fornecedores e clientes. Ainda não há no mercado um número suficiente de profissionais preparados para esse novo papel executivo nas organizações, o que pode ser visto como uma excelente oportunidade para quem busca novos desafios. Outra possibilidade é a da implantação de um sistema de Boas Práticas de Gestão Gráfica, onde um dos gestores (diretor, gerente ou chefe) poderá assimilar em pouco tempo, através de Coaching de um consultor especializado no ramo, as "dicas" necessárias ao empreendedorismo.
"Quem não quer arruma uma desculpa". É com essa frase que os gestores de empresa sempre encontram uma justificava para ações não realizadas. Seja adiar o projeto de melhorar a produtividade ou aquele antigo sonho de colocar um sistema de gestão compatível com o tamanho da gráfica. Será mesmo que "a falta de tempo" e a correria dos prazos de entrega dos trabalhos ao cliente é a grande vilã da vida moderna? As pessoas continuam com o discurso de que não sobra tempo. Costumo dizer que quem quer faz, quem não quer arruma uma desculpa. As pessoas costumam dizer: "Ah, meu chefe controla meu tempo". Esquecem, no entanto, que o tempo é algo que elas mesmas precisam negociar. Vejo isso também acontecer no dia a dia da gráfica. Por que será que o serviço é sempre para ontem? Não é uma "forçada de barra" do vendedor, para agradar o cliente ou para que a sua comissão seja paga antecipadamente?
Grande parte das empresas gráficas já acordou para a realidade, de que é necessária uma melhor administração do tempo. E isso se faz através da adoção das Boas Práticas de Fabricação e Gestão, com Normas e Procedimentos definidos.
Fonte: Revista Publish Nº 109
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult.