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O significado das entidades de classe

Levi Ceregato

A indústria gráfica — alguns segmentos mais, outros menos — enfrenta uma perda de competitividade, como tantas áreas da manufatura brasileira. Fatores como os altos impostos, juros elevados e outros algozes do custo Brasil somam-se à renitência do governo em conceder ao setor — que congrega mais de 40 mil empresários e emprega mais de 220 mil trabalhadores — desonerações da folha de pagamentos e incentivos tributários já outorgados a outras atividades menos geradoras de mão de obra intensiva.

O resultado é que, num momento em que o mercado nacional é atacado ferozmente por fornecedores estrangeiros que perderam espaços ante as crises das nações ricas, ficamos expostos à concorrência desigual. Uma das consequências é a impressão na China de milhares de livros brasileiros, até mesmo os comprados pelo governo para distribuição às escolas públicas. O mesmo se observa com embalagens de remédios e alimentos, dentre outros impressos. Importante lembrar que informação é item de segurança estratégica para a soberania nacional.

Nesse cenário, evidencia-se a importância das entidades de classe, as quais, no capitalismo democrático, são fundamentais para os setores produtivos na interação com governos e a sociedade. Cumprem missão de alta relevância nas propostas de políticas públicas, aperfeiçoamento do mercado, relações das cadeias produtivas, comércio externo, formação profissional, produção limpa e questões trabalhistas.

Nessa definição, é preciso distinguir sindicatos e associações. Embora atuem com sinergia, os primeiros são mais focados nas questões relacionadas às negociações com trabalhadores e ações regionais. As segundas, mais flexíveis política e institucionalmente, trabalham num espectro mais amplo de relacionamento com a sociedade e o setor público. Ambos, contudo, unem-se no objetivo de promover o setor que representam.

Exemplos disso são a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional), as Abigrafs Regionais e os sindicatos, como o Sindigraf-SP. Cada qual cumpre sua parte, mas dentro do contexto maior de fortalecimento da atividade. A grandeza desse objetivo demonstra a relevância da atuação dos dirigentes estatutários de entidades de classe, que dedicam seu tempo, seu esforço e seu talento às causas de toda a categoria. Nesse contexto, é importante valorizarmos as iniciativas em prol do bem coletivo, em detrimento dos interesses particulares e individualistas. Daí a importância da estrutura democrática dessas organizações, nas quais os diretores são eleitos pelo voto direto dos associados. Isso permite uma saudável alternância e a renovação, com o surgimento de novas lideranças. Assim, inovação e ideias arejadas devem ser marcas registradas do associativismo.

Entendemos, também, que a representatividade das entidades deva ser a mais ampla possível. Por isso, valorizamos muito os grupos setoriais existentes na Abigraf Regional São Paulo, nas áreas de Cadernos, Envelopes, Embalagens, Promocional, Impressão Digital, Sustentabilidade e Editorial. Com esses colegiados, agregamos a participação ativa de número expressivo de empresários, numa estrutura democrática eficaz para a formulação de propostas. Pela mesma razão, estimulamos o avanço das seccionais no Interior e a participação crescente na vida associativa.

Tudo isso corrobora o significado das entidades de classe, que serão mais reconhecidas e longevas quanto mais cumprirem com eficácia o seu papel de interlocutoras do Brasil que trabalha, investe, cria empregos e enfrenta as adversidades para viabilizar o desenvolvimento. É este país que está representado nas entidades do setor gráfico. Seguimos renitentes, unidos e infinitamente dispostos a lutar pelos valores nos quais acreditamos e em defesa de nosso setor e da economia nacional.

* Levi Ceregato empresário, bacharel em Direito e Administração, é o presidente da Regional São Paulo da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf-SP).