OPINIÃO - A revolução da indústria 4.0
José Amauri Martins*
Nos últimos tempos, não tão distantes, um novo termo ou conceito começa a ser comentado e discutido, não pela maioria dos brasileiros, mas por diferentes gerações. Até mesmo aqueles que nunca ouviram falar ou se interessam pelo assunto estão inseridos na atualidade tecnológica, ou seja, a Indústria 4.0 ou a Quarta Revolução Industrial.
As revoluções ocorrem quando um grupo de pessoas vê um espaço vazio a ser preenchido, um erro a ser corrigido ou uma chance de reescrever o futuro. Há uma revolução acontecendo agora mesmo. Hoje ela está mudando tudo: a tecnologia está mudando, conectando tudo o tempo todo e em todos os lugares. A tecnologia está se tornando uma plataforma para promover mudanças, desenvolver as empresas e gerar novas oportunidades. Com essa revolução, estamos nos empoderando, inspirando outras pessoas e desbravando novos caminhos.
Para entender o atual momento devemos voltar ao passado e saber que as revoluções são consequências uma das outras. Na Primeira Revolução Industrial, no século 18, os trabalhos realizados nas fábricas eram exclusivamente manuais. Dessa forma, a produção era lenta e dependia exclusivamente das pessoas. Foi introduzido o motor a vapor nos primeiros pátios fabris. Essa mecanização proporcionou grandes melhorias nos processos produtivos, já que a força do ser humano foi substituída pela força artificial gerada pelo motor.
A Segunda Revolução Industrial nasceu com o progresso científico e tecnológico por volta da segunda metade do século 19. Entre 1850 e 1950, a busca por descobertas e invenções foi longa, o que representou maior conforto para o ser humano. O mundo todo passou a comprar, consumir e utilizar os produtos industrializados.
A Segunda Revolução Industrial é marcada pelo Fordismo, modo de produção em massa baseado na linha de produção idealizada por Henry Ford. Foi fundamental para a racionalização do processo produtivo, na fabricação de baixo custo e na acumulação de capital. Ford instalou a primeira linha de produção semi automatizada de automóveis no ano de 1914, se tornaria o modelo de gestão da Segunda Revolução Industrial e perduraria até meados da década de 1980.
Na Terceira Revolução Industrial, chamada também de Revolução Informacional, os sistemas digitais trazem a flexibilidade dos softwares para o chão de fábrica. Começou em meados do século 20, momento em que a eletrônica aparece como verdadeira modernização da indústria. Isso aconteceu após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e abrange o período que vai de 1950 e até a atualidade.
A partir da década de 1970, deu-se início à automação do processo produtivo, com a introdução dos CLP (computador utilizado na indústria). A robótica foi criada e os primeiros robôs foram introduzidos nas fábricas de todo o mundo. A produção em larga escala ganhou força, pois as atividades começaram a ser realizadas automaticamente. Apesar desses avanços, a interação entre máquinas e homens ainda era manual. Não existiam sistemas inteligentes que interligassem todos os setores da empresa.
Agora, estamos vivenciando a Quarta Revolução Industrial, representada pela Indústria 4.0, que é caracterizada pela automação de todos os setores de uma fábrica. A indústria 4.0 parte de uma proposta já conhecida em ambientes de produção: a de que muitos processos e atividades podem ser automatizados. O objetivo é aumentar a eficiência, reduzir custos e dar mais controle ao gestor sobre aquilo que é executado.
Não podemos apenas imaginar que a Industria 4.0 está apenas nas plantas produtivas, pois ela impacta nossas atividades todos os dias. A tecnologia já faz parte de nossas vidas, ajudando-nos em diversos momentos. Homens e máquinas estão inseridos e dependentes das tecnologias, formas de transmissão, armazenamento de dados, emissão e recepção de dados.
Com exceção das grandes multinacionais, o parque fabril nacional conta com máquinas com idade média de 17 anos. Ou seja, nem todas estão preparadas para receber informações nos seus comandos, impedindo em alguns casos a aplicação do conceito da Indústria 4.0. Na impossibilidade de aquisição de novas máquinas com suporte tecnológico, pode-se aplicar o processo de retrofitting nas máquinas e/ou nos sistemas de produção, substituindo partes da automação que recebem sinais e comandos analógicos por digitais.
A revisão da Norma Regulamentadora NR 12 - que trata das condições seguras no trabalho em máquinas – veio para colaborar com essa transição no chão de fábrica. A revisão publicada em julho de 2019 ampliou os conceitos técnicos, exigindo a modernização do sistema produtivo a favor da segurança. Para isso, a máquina deve passar pelo processo de adequação. Muitas vezas a automação deve passar por modificações para se ajustar às necessidades de movimentos seguros. Com isso, a implantação de tecnologias atualizadas permite que o processo possa ser comandado ou acionado de forma automatizada e sem a participação o operador, proporcionando mais segurança ao processo produtivo.
Fica evidente a necessidade das indústrias na competição mundial para que os processos sejam cada vez mais rápidos, flexíveis, com baixos custos, alta produção e seguros. Isso só poderá ocorrer com máquinas e processos seguros. A Indústria 4.0 não é imaginar o futuro; é o presente em que a tecnologia está disponível e faz parte do dia a dia. Para mais informações sobre a NR 12 acesse nr12.schmersal.com.br.
* José Amauri Martins é especialista em NR 12 da Schmersal.