Preconceito contra Consultorias na empresa gráfica familiar
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Recentemente em um artigo que escrevi em minha página, falei de uma forma generalizada sobre preconceito em todos os níveis. Entre outras coisas citei: “Julgar é fácil e quando você observa e recrimina quem passa pela sua vida, você esquece dos seus problemas e pela sede de criticar, esquece que o tempo perdido é também irrecuperável, que tomar conta da sua vida é mais saudável. ”
A resistência aos consultores na indústria gráfica chega a ser extremada nas empresas familiares. Há muito medo de revelar pontos fracos do administrador e da empresa, principalmente quando o consultor é uma pessoa com bastante experiência. As desculpas são variadas indo desde o valor da consultoria, passando por “o consultor vai me dizer o que já sei” ou então algo que não é dito pessoalmente ao consultor, porém ronda a cabeça do empresário que é “esse cara já está velho e desatualizado não acrescentando nada ao meu negócio”.
Assim continua, não parametrizando custos, não se importando com produtividade, não executando nenhum Planejamento de seu Negócio, isso para não afirmar que desconhece o cálculo de seu preço de vendas do ponto de vista da matemática.
Nos países do Primeiro Mundo, há mais 50 anos, empresários administradores, públicos ou privados, frequentemente utilizam-se da contratação de consultores externos na busca constante de melhores índices de eficiência e produtividade para suas empresas. No Brasil, ressalvadas as exceções, a utilização deste expediente ainda é um grande tabu.
Por maiores que sejam os esforços do consultor, no sentido de apresentar-se como um simples mortal, dotado de todas as perplexidades do brasileiro comum, assim não é identificado por uma nítida e bem definida parcela do nosso empresariado gráfico. Curiosamente, aquela que melhores benefícios poderia colher, caso preconceito não existisse. Arrogância, pretensão e impessoalidade são quase sempre as imagens que sobressaem. Recorrer consultores ou Coaches seria a última das prioridades. Seria o mesmo que chamar o padre para a cerimônia “da estrema unção” da empresa e, ainda por cima, passar um atestado de incompetência à vista de seus funcionários.
Exageros à parte, a realidade é bem diferente. Tomara Deus que esse empresário conhecesse que uma empresa de consultoria em nada difere das outras, exceto pelo produto que oferece: metodologia. Desde a abordagem inicial, até a entrega final do produto, o consultor moderno jamais perderá de vista os aspectos históricos, filosóficos e culturais do cliente, pois se ferido um só desses elementos, qualquer planejamento que se pretenda, caminhará para o fracasso.
É chegado o momento de o empresário compreender que não bastam reuniões em “petit comité” para a formulação de um bom planejamento estratégico. O sucesso dependerá, acima de tudo, da comunicação de seus itens aos escalões inferiores e da capacidade de assimilação desses escalões do que se pretendeu comunicar. Há técnicas especificas através das quais pode-se atingir o necessário ponto de equilíbrio do binômio comunicação X assimilação.
Por ora, resta ao consultor ou Coach, em sua luta contra o preconceito, a expectativa de sensibilizar o “administrador desconfiado”, que na clausura do tabu e da ineficiência, muito pouco do patrimônio que hoje o gráfico possui poderá restar para sua continuidade ou sucessão.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult.