Preparando sua gráfica para o Pós-Drupa
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Estamos assistindo neste momento as imensas modificações e avanços que se apresentam nesta DRUPA 2008. Em função das novas premissas de mercado, não só no mundo globalizadas, más também no mercado interno brasileiro, uma série de mudanças está por vir e certamente estas mudanças, tanto tecnológicas como de gestão, irão trazer certo desconforto para o empresário brasileiro, pois terá que atuar em suas decisões com maior presteza e velocidade.
O empresário gráfico terá que se acostumar a mudar seus paradigmas. O gráfico terá que reposicionar a sua empresa no mercado, com o apoio destas novas tecnologias, da aquisição cada vez maior de conhecimentos mercadológicos e finalmente através da recolocação de pessoal de competência comprovada em sua empresa. Entre outras coisas, um dos itens ao qual o empresário terá que se acostumar é a liderança cada vez maior das profissionais femininas que a cada dia vão tomando posições de destaque nos diversos setores de comando, tanto nas gráficas, como nos nossos clientes. Teremos que derrubar as barreiras psicológicas do “machismo”, aceitando cada vez mais a entrada no mercado da competência feminina.
A nossa gráfica encontra-se agora diante do grande desafio de mudar. Não podemos mais ficar de braços cruzados esperando as coisas acontecer. Temos que nos posicionar frente ao mercado, aprendendo a falar com este mercado da maneira correta, pois ele está cada vez mais concorrido e monopolizado. Precisamos também achar para cada gráfica, os nichos de mercado apropriados para sua filosofia e tecnologia, assim como buscar diferenciais competitivos e vantagens criativas para não cairmos nas chamadas “commodities”.
Temos que mudar a nossa cabeça no tocante aos meios de produção, que estão com extrema velocidade se transformando de analógicos para digitais. Temos que indiscutivelmente entrar de uma vez por todas, nos sistemas computadorizados de gestão. Finalmente temos que profissionalizar com maior rigor a nossa empresa, admitindo em todas as áreas, profissionais mais qualificados. Voltamos a frisar, sem querermos nos tornar feministas, de que a mão de obra e a mente feminina poderão ser de grande valia na alavancagem de nossos propósitos.
Qual é, a grande diferença, ou melhor, quais as grandes diferenças, entre a forma de gerenciamento atualmente utilizada pela grande maioria das gráficas brasileiras e o gerenciamento neste período que precede a DRUPA? Podemos citar inúmeros pontos que deverão ser, após uma profunda reflexão, modificados em nossas empresas gráficas:
- Hoje o executivo recebe todas as planilhas possíveis e faz os controles da empresa (as gráficas mais organizadas) e na maioria das vezes sai dando a bronca, pois os resultados não batem com o que o dono imaginava. O executivo dos nossos dias, com base aos resultados analisados nas planilhas, propõe mudanças, sempre após consulta a seus assessores, para estabilizar a empresa e posteriormente cobra de sua equipe os itens propostos. O dono da gráfica, nos dias de hoje, está tomando decisões de forma isolada, de acordo com seu “feeling” nem sempre consultando seus pares ou ouvindo opiniões de seus colaboradores. A partir de agora, não é mais possível se tomar decisões sem ter uma clara concepção das diversas conseqüências que esta ou aquela decisão podem acarretar. Neste sentido, deve haver antes da tomada de decisão uma ampla consulta a colaboradores e talvez até a subordinados, para formar um “retrato” da situação e aí sim, poder tomar uma decisão com base a fatos mais concretos.
- O gráfico de hoje, simplesmente limita as ações de seus subordinados e define ações e atitudes muitas vezes de forma impensada. A partir deste momento o empresário gráfico, deverá, capacitar os seus pares para uma tomada de decisão nos níveis competentes a cada um, sendo que a decisão de eventos maiores, poderá ser tomada em consenso.
- Muitos donos de gráfica estão hoje em seu pedestal, ou seja, sentem-se os onipotentes e onipresentes “homens-chave” da empresa. Eles estão no topo dos acontecimentos e das decisões. Fatalmente esta cegueira de empresa poderá levar a empresa à destruição, como temos visto inúmeros casos. Na nova economia, depois de analisadas as tendências na DRUPA, conversando com executivos de todo mundo e principalmente da América Latina, além de capacitar o seu pessoal para ser mais responsável pelos seus atos, o executivo da gráfica deve se colocar no centro dos acontecimentos sendo bastante participativo e delegando o máximo possível. Esta é, por exemplo, uma característica bastante feminina. Se analisarmos o perfil das executivas das grandes empresas nacionais e multinacionais poderemos ver, que elas tem exatamente este perfil de comando, tendo-se saído muito bem nas suas atribuições.
O “general” da empresa gráfica, em muitos casos, tem se mostrado hoje em dia um verdadeiro arquétipo de militar enquanto que para a empresa moderna, o posicionamento do comandante da empresa deve ser de educador, pois sem dúvida alguma, ele alcançará com maior rapidez as metas traçadas e os resultados para a empresa.
Se fizermos uma retrospectiva dos últimos anos nas nossas empresas, veremos que no início dos anos 90, nossas gráficas eram na verdade o que chamamos de corpo. Já no final dos anos 90, início deste século, o empresário gráfico começou a acordar e perceber que faltava para sua empresa um segundo item, que era o exercício do conhecimento, ou seja a mente. A mente como instrumento de trabalho, foi e é um grande amigo dos resultados da empresa. Porém não estamos sozinhos neste mundo e outras empresas gráficas também aplicaram a técnica do exercício do conhecimento (mercadológico, técnico e produtivo). No pós-DRUPA, prevalecerá a alma que até então ficou meio esquecida no mundo dos negócios, más que juntamente com a mente auxiliará na solução dos mais difíceis problemas que encontramos no dia a dia. E temos que confessar, que muitas mulheres tem vantagens sobre os homens, principalmente no tocante à coordenação do corpo+mente+alma. Podemos afirmar, que as nossas gráficas entrarão após esta DRUPA 2008, com disposição de vencer e certamente farão a integração dos velhos e novos conceitos de gestão.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)