Principais problemas dos pequenos empresários gráficos e por qual razão sua gráfica não sobrevive!
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Hoje não vou dar uma de “consultor” e entrar na “fofoca”. Fofoca é bom para desopilar o fígado e para mostrar para você que costuma ler os meus artigos, a razão que levam as gráficas (principalmente as pequenas) a quebrar.
Semana passada me liga um gráfico desesperado, me perguntando o que deveria fazer, pois não consegue vender há mais de 2 anos. Está devendo “os tubos” e os concorrentes levam todos os pedidos que ele “orça”. Perguntei pra ele: tá tão ruim assim? Ele respondeu: pior não fica. Você não poderia fazer um Planejamento de Vendas para nós? Eu respondi que faria e dei um preço que ele falou não ter condições de pagar. Perguntei que sistema de orçamentos ele usava e ele respondeu: sistema de orçamentos? Eu vejo quanto estão cobrando por aí e dou meu preço. Aí perguntei: você não calcula seus custos? Ele respondeu NÃO! – Nem continuei com o papo...
Fui chamado a uma gráfica com 4 sócios e tinha 7 funcionários (incluindo os sócios). Ao saber disso e para não ser indelicado, dei um pulo na empresa, após ver o Site que no entanto não mostrava a fachada. La chegando a gráfica não tinha fachada, ficava no porão de uma casa e faturava este ano R$ 20.000,00 mensais em média. O resto da história vocês podem imaginar, pois esta “empresa” já deveria ter fechado, antes de abrir.
Outro gráfico ligou e falou que sua empresa ia mal e que ele já havia cortado todas as despesas desnecessárias, inclusive pessoais, mas não conseguia ter uma perspectiva positiva sobre o futuro. Ele perguntava o que poderia ser feito para resolver a situação. Devo dizer que o pequeno empresário só pede ajuda depois que a gráfica foi invadida pelas águas. E querem que o consultor faça milagres. Eu disse a ele: Feche as portas enquanto pode pois caso contrário as dívidas se tornarão impagáveis e você corre o risco de perder todo o seu patrimônio pessoal, citando algumas gráficas, onde isso ocorreu.
Muitos empresários resolvem se arriscar abrindo o próprio negócio sem o mínimo conhecimento especializado do mercado em que vão atuar, sem entender quais são os seus concorrentes, sem saber quanto investir e sem saber dos custos do negócio. É preciso se preparar, fazer um plano de negócios, fazer cursos e se preparar antes de entrar no mercado. Caso contrário as coisas não funcionam. Vejam como é na prática.
Dois amigos ou parentes resolvem montar uma gráfica. Olham no jornal e compram baratinho umas máquinas usadas pelo valor que conseguiram juntar vendendo o sítio e um automóvel. Vão a um contador que lhes abre a empresa e pronto. Viram donos de gráfica. Até quando? Alguns por 10 ou 20 anos estragando todo mercado da cidade e correndo atrás do próprio rabo. Outros fecham já no primeiro ano de vida.
Existem os “espertinhos” que entram em tudo que é Site de Gráfica e Artigos publicados no Guia do Gráfico ou outro Site qualquer. Os mais “togados” vão direto no Google e buscam toda a sabedoria la encontrada. Depois de planejar tudo e encher o saco de alguns consultores do mercado com perguntas para “elaborar o seu trabalho de conclusão de estudos” abrem a gráfica. Também raramente passam do primeiro ano de vida.
Outro problema bastante comum é falta de capacitação dos sócios que leva ao desentendimento. Pior é quando estes sócios são da mesma família e não conseguem separar a Família da Empresa (que é um patrimônio da família). A coisa piora quando a geração seguinte começa a entrar na empresa, só para se ocupar de algo e ter um salário mensal. E não são poucas as empresas onde isso ocorre.
Outro ponto importante a ser observado é que toda empresa deve ter um foco, ou seja, ter seu produto/serviço bem definido, bem como saber onde se está, aonde quer chegar e como chegar. Há muitas gráficas que já querem começar suas atividades oferecendo vários produtos/serviços. De nada adianta chegar ao topo de uma escada sem pisar no primeiro degrau. Tudo tem um começo, e com as empresas não seria diferente, afinal a evolução das coisas começa do estágio mais simples para o mais complexo.
Então para crescer de forma sustentável, é recomendável que a empresa reflita, eventualmente encolha e continue com produtos/serviços mais simples, em menor quantidade ou em que tenha mais segurança a oferecer para seus clientes. À medida que a empresa for se desenvolvendo, construindo a sua cartela de clientes, aí sim é bom agregar outros serviços.
Eu poderia fofocar um pouco mais. Acredito que vocês “sacaram” o que eu quis dizer. Agora em causa própria, devo dizer que a palavra japonesa “TAKARO” não se aplica à consultoria, por ser um investimento com retorno a curtíssimo prazo. Pense bem antes de tomar uma decisão, para não jogar dinheiro fora. Busque um entendido na sua área de atuação.
Boa Sorte!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)