Saindo do quadrado > Para onde caminha a Indústria Gráfica?
Thomaz Caspary ( In memoriam )
No ano de 2016 percorri inúmeros estados brasileiros, visitando gráficas de todas as matizes e especialidades, tanto pequenas tipografias com 5 funcionários até empresas com mais de 300 funcionários. Foi uma experiência ímpar, após quase 30 anos de consultoria em indústrias gráficas. Participei de seminários via Videoconferência, da Alemanha (Dez. 2016), e dos USA (Out.2016), além de ler muito sobre “O FUTURO DA INDÚSTRIA GRÁFICA” com artigos escritos por pessoas ilustres que todos vocês conhecem, como Hamilton Terni Costa, Mário César de Camargo, Levi Ceregato, Flávio Botana, Lincoln Seragini, Fabio Mestriner e uma infindável lista de cultos brasileiros, além de artigos de Mattias Horx, Benny Landa e do chamado “Papa da Indústria Gráfica” Mr. Frank Romano do MIT.
Fiquem tranquilos senhores empresários. Vamos continuar imprimindo sobre papel e outros substratos em diversos sistemas de impressão, com ênfase cada vez maior na impressão digital.
Uma “novidade” que para muitos já é antiga, é que deixaremos de ser simplesmente “Indústria Gráfica” para nos tornarmos “Indústria de Comunicação Gráfica” ou ainda “Indústria de Mídia Impressa”. E para onde caminha esta área de negócio?
AS NOVAS EXIGÊNCIAS
A partir da convergência dos mercados de mídia, o uso da mídia impressa mudando e, as novas exigências dos clientes para a redução de custos, aumento da velocidade e principalmente IMPACTO na área promocional, resulta em novas abordagens para a indústria de mídia e impressão. São elas: tempos de produção mais curtos, automação de fluxo de trabalho, produção paralela de impressão (terceirizações) e edições digitais em substratos celulósicos ou mesmo leitores eletrônicos (e-pad’s). A consequência desta transformação lenta porém já sacramentada pressupõe novas habilidades tecnológicas e de gestão comercial. Em alguns recantos do mundo os detentores da mídia impressa estão se tornando provedores de conteúdo, provedores de impressão são provedores de infraestrutura para a área de Marketing. Esses “antigos” empresários gráficos garantem hoje a composição individual de conteúdo (seja embalagem, promoção ou mesmo configurações de Ponto de Venda) para produtos específicos de cada cliente, organizando esses conteúdos em metadados, tornando os disponíveis para todos os canais de mídia, a qualquer hora, em qualquer lugar.
DUAS PERGUNTAS QUE INTRIGAM O EMPRESÁRIO
PRIMEIRA: Quais as perspectivas futuras para a indústria gráfica principalmente no Brasil?
A tendência é que a impressão digital de grande formato seja tão comum quanto a offset. Temos que entender que a internet é uma aliada e teremos muito contato com ela no futuro próximo. A impressão vai continuar independentemente do declínio ainda leve do offset. A impressão não vai morrer, será uma alternativa viável por um longo tempo ainda. Sempre haverá algo novo e a nossa indústria existe por causa dos novos produtos. As empresas que entenderem isso serão as que dominarão o mercado.
SEGUNDA: Como será o modelo de negócios da indústria gráfica brasileira?
Para ter sucesso na indústria gráfica você tem que PLANEJAR PRIMEIRO, ser muito ágil e flexível. Um Plano de Negócios é o mínimo que podemos exigir de qualquer indústria e, como tal, também da Indústria Gráfica. Não é mais possível ter uma postura rígida e dizer que sua empresa possui todos os predicados para atender o mercado. É preciso compreender que o digital, o offset e todas as novas tecnologias de comunicação gráfica devem trabalhar em conjunto. E encontrar a combinação correta desses elementos para atender aos seus clientes é o que permite ter sucesso no negócio. Quando falamos em Comunicação Gráfica, estamos falando também de Internet.
PENSANDO COMO EMPRESÁRIO DO SÉCULO XXI
Se você ainda não descobriu, a sua gráfica é tremendamente ineficiente. Enquanto na Europa e USA o índice médio de eficiência chega a 92% temos exemplos no Brasil de grandes gráficas com 72% de Eficiência e se analisarmos as micro e pequenas empresas este índice cai para 50% ou menos. Precisamos aumentar esta EFICIÊNCIA usando para isso o “caça fantasmas” do desperdício de horas e material, através da implantação de sistemas de gestão.
Não podemos mais ser a gráfica que faz de tudo (menos ser lucrativa). A especialização, o controle de processo e a liderança de determinado segmento são ferramentas indispensáveis para a nossa sobrevivência. Imprimir as “Commodities” como cartões de visita, blocos, talões e pequenos trabalhos gera uma guerra de preços que acaba por afundar principalmente as pequenas empresas. As gráficas deverão a partir de agora buscar oportunidades de agregar valor aos serviços gráficos a partir da visão do cliente e não da própria visão do gráfico.
O Gráfico tem que parar imediatamente a ficar somente DENTRO DO QUADRADO, ou seja, contemplando o seu próprio umbigo. Sair da fixação OFFSET e pensar em agregar também a área DIGITAL de impressão. Além disso, não sei por que razão (na verdade eu sei, mas isso é pura adequação político-tributária) produtos plásticos, alguns metálicos e de outras estruturas sendo impressos não são considerados impressos gráficos.
Hamilton Terni Costa, da AN Consulting costuma dividir o setor gráfico em CADEIAS DE VALOR:
Na cadeia produtiva estão inseridos todos os produtos e serviços gráficos relacionados diretamente com as linhas de produção ou produtos ao cliente: embalagens de forma geral, rótulos, etiquetas e tantos outros. Na cadeia de comunicação está, no campo de marketing, toda uma infinidade de produtos relacionados à comunicação e expressão social, como folhetos, folders, propagandas impressas, mídias externas ou internas. Cartões sociais e de visita também se enquadram aqui. Já no campo da documentação entram todos os produtos e serviços relacionados a documentos corporativos e sua gestão: formulários, notas fiscais, documentos transacionais como extratos, impressos de segurança, cartões de crédito, etc. Os chamados transpromocionais, mescla de documentos transacionais e de marketing, podem estar em qualquer uma das duas categorias. No que diz respeito à cadeia de conteúdos estão os jornais, livros, revistas, guias e diretórios em geral.
Se olharmos para esse conjunto de produtos, que são a base da indústria gráfica, não há dúvidas que muitos deles estão sob o fogo cruzado das novas tecnologias digitais e serão substituídos toda vez que essas novas tecnologias proporcionarem uma melhor experiência para seus usuários. E você caro leitor. Onde se encaixa?
UMA NOVIDADE SURGE NO MERCADO GRÁFICO PROMOCIONAL:
• Partindo do pressuposto real de que já existe:
•
A mudança da mulher. Mais ativa, autônoma, divide mercado com os homens.
• O acesso a informações. Dados e comunicação pessoal/grupo onde estiver, 24 horas.
• Individualização. A importância do eu em uma sociedade menos privativa. As pessoas querem produtos dirigidos a elas com mensagens personalizadas.
• A Era do Conhecimento, na qual SABER é mais do que TER.
A Sinalização Digital (Digital Signage) é uma das formas mais recentes que a Indústria de Comunicação Gráfica principalmente fora do Brasil está usando para fazer merchandising no ponto de venda. Além de potencializar as ações promocionais, os Painéis instalados nas lojas modernizam o ambiente e melhoram a experiência do consumidor. Veja abaixo algumas amostragens feitas junto aos consumidores desta mídia de comunicação digital impressa (ou não) que provam a efetividade desta aplicação.
Mais de 60% das compras realizadas dentro da loja são espontâneas. Um merchandising no pdv de qualidade faz toda a diferença para estas compras.
74% dos empresários varejistas acreditam que um ambiente que proporcione uma experiência engajadora no ponto de venda é essencial para o futuro do negócio.
63% das pessoas afirmam que propagandas em telas de Digital Signage chamam sua atenção. Superior a todas as outras formas de propaganda.
Fiquem tranquilos senhores empresários. Vamos continuar imprimindo sobre papel e outros substratos em diversos sistemas de impressão, com ênfase cada vez maior na impressão digital.
A mídia impressa irá perdurar ainda por um bom tempo. Não há dúvida que teremos muitas coisas impressas daqui a 30 anos. Porém, estas coisas sofrerão cada vez mais a concorrência das novas tecnologias. A Indústria de Comunicação gráfica, no entanto, poderá perdurar ainda mais se souber SE INFORMAR, PLANEJAR E AGIR, incorporando essas tecnologias ao seu conjunto de ofertas e gerar os benefícios buscados pelos seus clientes. Boa Sorte!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)