Será que estamos rolando escada abaixo? O que fazer para evitar um “estrago” muito grande.
Thomaz Caspary ( In memoriam )
No atual mundo dos negócios, com a situação inflacionária crescente e a queda acentuada de trabalho, além da competição cada vez mais acirrada, onde os serviços gráficos estão se tornando “commodities” (está tudo igual, o que faz a diferença são as condições de fornecimento e atendimento), não existe perdão para alguns erros mais sérios.
Muitas gráficas já saíram de mercado por não terem percebido que o mercado mudou com uma velocidade muito grande e continuam atendendo do mesmo jeito. Alguns ainda se gabam de ter tradição, dizem ainda estamos aqui há vinte anos, entre outros adjetivos.
Nada disso poderá salvar sua gráfica, se o ambiente muda a cada dia, os serviços gráficos que você oferece também forem encontrados em outras empresas com um atendimento melhor e preços mais baixos.
ERROS QUE UMA GRÁFICA NÃO PODE COMETER
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DESCONHECER OS SEUS CUSTOS OPERACIONAIS:
Sejam os custos comerciais da atividade interna e externa, dos serviços adicionados aos produtos, os custos industriais da fabricação (sejam os diretos, os indiretos, as perdas (os tempos improdutivos, as perdas dos processos em matéria-prima e tempo). TUDO DEVERÁ SER MEDIDO, em níveis cada vez mais apurados, gerando IDR- indicadores de desempenho que possam ajudar nas decisões dos gestores da empresa. DECIDIR SEM APOIO DE NÚMEROS, na base empírica, na intuição, poderá ser um RISCO, um PERIGO para seus negócios. É hora de largar os CADERNINHOS, as fichinhas e partir para o uso de sistemas de gestão para apurar seus custos, ou pedindo ajuda para profissionais aí da sua região, que certamente conhecem o assunto.
Sejam da família (... ah, já está comigo na gráfica desde os 15 anos, sabe tudo), colaboradores (... é casado, tem filho pequeno, não tem tempo para ir a cursos ou estudar à noite). Vai ser difícil competir, sem estar cada vez mais preparado, parece uma corrida sem fim, na qual todos nós estamos competindo mas faz parte do novo mercado, estar pelo menos informado do que ocorre com os concorrentes, com toda cadeia produtiva da qual fazemos parte, com os fabricantes de papel, tinta e outros insumos, sejam nacionais ou importados, os programas de qualidade em evidência (ISO, Boas Práticas e outros).
É HORA DE ACORDAR E FAZER PARTE DESTE NOVO MUNDO COMPETITIVO E IMPIEDOSO com aqueles que ainda estão hibernando na ilusão de que tempo de casa faz diferença para garantir os empregos, os lucros. O pior não é desejar investir, mas existem pessoas que fogem de cursos, arrumam mil desculpas.
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ECONOMIZAR EM SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS E INFORMÁTICA:
Há pouco tempo visitei um empresário gráfico que tem horror a computador, tem apenas uma máquina mais atualizada no financeiro, nos demais setores, ainda lida com Windows Jurássico, com tendência a defasar mais ainda. Conversando com ele, percebi que sua mesa parece uma torre de babel, com papéis onde as coisas estão anotadas em várias posições diferentes, alguns bilhetes colados com durex nos objetos decorativos da mesa, um canto recheado de caixas de brindes.
Quando ele comentou que precisava de “marketing” e melhorar as vendas, por pouco não me contive, com a vontade de dizer para ele ”ok, vamos começar limpando esse depósito de lixo que está a sua mesa”. Na verdade, ele está rolando escada abaixo há algum tempo e já afeta seus bens pessoais, mas é extremamente teimoso, tem até curso superior (fez psicologia) e resiste às ideias. Dei algumas sugestões, por te sido indicado por um amigo do mesmo e espero que consiga mudar seu “jeitão” ou será um forte candidato a sair do mercado. É hora de SAIR DOS SISTEMAS CASEIROS, ajeitados por amigos dos filhos ou nossos conhecidos e buscar mecanismos mais eficientes de controlar os resultados dos negócios. Tem empresário que compra máquinas novas, mas conserva os sistemas antigos, mal projetados. Um risco que alertamos é que a maior parte dos sistemas não permite ajustes, como a criação de novos indicadores de desempenho.
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FAZER RETIRADAS E GASTAR ACIMA DO QUE DEVERIA:
Esse é um processo que até há poucos anos nas gráficas familiares era dos mais críticos (ou será que ainda persiste?) Os filhos tinham contas correntes nos postos de combustíveis onde abasteciam e mandavam as contas para o pai pagar na empresa. As mulheres usaram o crédito dos maridos nas compras e gastavam por conta do faturamento.
Bons tempos, a farra do boi acabou! As margens de lucro estão sendo achatadas e novos comportamentos estão surgindo. Muitos empresários abrem contas para seus filhos, filhas, esposas e cada um paga suas contas com seus próprios recursos. Algumas retiradas são dimensionadas já baseadas no lucro líquido e não nos faturamentos, os carros já não são trocados com tanta volúpia e o modelo mais novo já espera um pouco mais. É UM PROCESSO MATEMÁTICO EXATO E IMPERDOÁVEL. SE GASTAR ACIMA DO QUE GANHA, QUEBRA!
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ANDAR NA ILEGALIDADE:
Como leitor habitual de vários jornais, dou uma rápida olhada nas notícias apelativas, sejam policiais ou políticas e vejo quase sempre que alguém foi pego com a boca na botija. As leis do universo são claras. É PLANTAR E COLHER. Não adianta querer ser o espertinho, crescer mais rápido que poderia crescer pelos caminhos adequados. Todos têm suas próprias opções, mas quem escolhe a ilegalidade sabe que mais cedo ou mais tarde a casa vai cair e com ele. Alguns ainda não acreditam nisso. A OPORTUNIDADE VEM A PÉ E O CASTIGO A NADANDO A JATO.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)