Sobrevivência exige eficácia e inovação
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Enfrentar as ameaças que nos cercarão nos próximos 18 meses, certamente dependerá de uma boa dose de bom senso dos nossos empresários gráficos. Sabemos, ao ler os jornais diários, das catástrofes político-econômicas que teremos que enfrentar neste e no próximo ano. Estamos pagando altos impostos e taxas, sem a mínima contrapartida dos órgãos governamentais, que praticamente “desfornecem” condições tributárias e financeiras para que possamos levar nossas empresas adiante em condições pelo menos de sobrevivência, além do transporte decente, saúde aos necessitados, educação com qualidade, previdência de sobrevida, etc... Os que mais sofrem, são os pequenos e médios empresários gráficos, que pela sua falta de informação, acabam por amargar prejuízos incompatíveis com seus ideais planejados.
É comum, o empresário ignorar pequenos sinais que podem ser o prenúncio de problemas para sua gráfica, para seu departamento de vendas ou mesmo para sua reputação pessoal. A incapacidade de reagir prontamente aos desafios, por falta total de conhecimentos de gestão, marketing e vendas, poderá levar nos próximos meses, muita gráfica e muito empresário a cerrar suas portas.
Não são, no entanto fatos como estes que merecem da sua parte uma análise mais profunda. Outros fatos, muito mais graves acontecem dentro da sua empresa. Se você fizer uma profunda análise, você está literalmente deixando escoar dinheiro pelo “ralo”. Muitas vezes estamos jogando dinheiro pela janela sem perceber. Isso ocorre principalmente nas compras que fazemos ou em serviços que mandamos executar por terceiros. Acontece também no desperdício de papel utilizado para acerto de máquina ou por erros que não são controlados, ainda mais, se você não tem na sua empresa um mínimo de controle de estoque como uma requisição de materiais. Estamos perdendo lentamente a corrida da competência no mundo globalizado, inclusive na indústria gráfica. Um dos problemas que nos leva a este estado de coisas é quando observamos um país desprovido de moral, de justiça, de um mínimo de perspectiva de decência e principalmente de segurança.
Neste momento, é fácil desanimar quando constatamos que se passa o dito pelo feito, sem mais nem menos. O mundo caminha hoje a passos menores do que antes, más, nós literalmente paramos. O consultor de empresas americano Watts Wacker fez um estudo que demonstrou que um dos pilares de uma empresa é a capacidade de inovar, de criar, de não de ficar na mesmice, como fazia a geração passada. E o que ele entende por “inovar”? Inovar é (não só para ele), sair da “mesmice”. É passar por transformações, implantar novos procedimentos, nova tecnologia, melhorar a eficácia, procurar novos nichos de mercado. Tem que ficar claro, que inovar não é uma coisa que fazemos uma vez e pronto! Inovar é um processo contínuo.
Para que isso passe a se tornar realidade, na maioria das empresas gráficas (e não só em algumas cujos comandantes são homens de visão e, já deram o passo da inovação), é necessário que se melhore o desempenho de cada indivíduo da gráfica, independentemente de sua função. O trabalhador gráfico brasileiro é em sua maioria, leal para com a empresa e, está disposto a melhorar seu desempenho, têm ideias criativas, porém infelizmente não está comprometido com o trabalho. Pudemos ver isso, em recente estatística do setor industrial, que mostra que mais de 75% dos nossos trabalhadores não se compromete com o trabalho propriamente dito.
As principais causas desta situação estão em primeiro lugar, no alto nível de Stress a que estão submetidos nossos funcionários, seja por falta de habilidade dos chefes imediatos na gestão das pessoas, seja por pressões externas como o prazo de entrega dos serviços por parte do cliente (muitas vezes causadas por inabilidade do departamento comercial em negociar estes prazos), ou mesmo pela vida atribulada que levamos de uma maneira geral.
Contribui ainda para esta situação, a falta de conhecimento técnico das tarefas executadas pelo operador, a se iniciar na área de pré-impressão, além é claro, pela falta de conhecimento técnico dos clientes que não são orientados adequadamente pelo departamento comercial, seja por comodidade ou mesmo por conhecimento. Os principais causadores de todos estes problemas são, em primeiro lugar, a falta de informação em todos os níveis. O segundo maior causador desta problemática é a técnica de comunicação adotada, em todos os setores da gráfica, tanto para clientes externos como para os clientes internos. Em plena era da informática, nossos companheiros gráficos ainda enxergam o uso do computador e seus respectivos sistemas de gestão e comunicação, como uma grande despesa, enquanto que temos a experiência comprovada, de que a informática e seus softwares, são um investimento altamente rentável e com rápido retorno financeiro.
Tenho a impressão muitas vezes, ao entrar em uma gráfica de estar sentado na plateia de algum teatro, assistindo a um “drama”. O mesmo acontece com muitos dirigentes de nossas empresas, que assistem de camarote planejamentos fracassando em função do não envolvimento direto com a execução. Uma das causas desta “contemplação” dos problemas é o estresse que vem cada vez mais, atingindo nossos empresários. A involuntária “indiferença” do empresário e a tendência aparentemente democrática de tornar estes problemas polêmicos colocando sempre a culpa nos “outros” que sempre levam a culpa de tudo o que acontece na gráfica, me parece ser acima de tudo, um caso de falta de conhecimento de gestão empresarial.
Outro dia “saquei” uma coisa em determinada gráfica onde a execução das atividades planejadas pelos gestores, eram uma coisa “enfadonha” e portanto deveriam ser delegadas para o PCP. Delegar e não cobrar o que foi delegado é a primeira das razões porque as coisas não acontecem. Os famosos planos e tarefas, não saem do papel. As Normas e Procedimentos, não são aplicadas. Também... Ninguém controla! Os dirigentes, chefes, gerentes, líderes em todos os níveis, precisam urgentemente se envolver pessoalmente nas atividades delegadas. Um gerente não pode ficar sentado em sua cadeira esperando que seus subordinados tragam resultados. Ele precisa garantir de que o que foi pactuado no planejamento ou mesmo na observação das normas e procedimentos traga os resultados desejados.
Ainda há tempo para melhorarmos nossa competitividade no mercado, treinando nosso pessoal, melhorando nossa eficácia, implantando o que acima foi citado e principalmente nos conscientizando que está na hora de acordar!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)