Sua gráfica é Rentável?
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Temos que inovar, transformar, não nos iludir. Se você quiser tornar a sua gráfica realmente rentável, terá que agir imediatamente antes que seja tarde. Certamente vocês já ouviram falar de duas leis. Uma bem antiga, a "Lei de Murphy" que é oriunda do resultado de um teste de tolerância à gravidade por seres humanos, feito pelo engenheiro aeroespacial norte-americano Edward Murphy Ele deveria apresentar os resultados do teste; contudo, os sensores que deveriam registrá-lo falharam exatamente na hora, porque o técnico havia instalado os sensores da forma errada. Frustrado, Murphy disse "Se este cara tem algum modo de cometer um erro, ele o fará". A outra Lei é a famosa "Lei de Gerson", aquela de querer levar vantagem em tudo. Vamos abrir nossos olhos para o mercado e dar uma olhada por aí, para ver o que acontece.
Está cada vez mais caro conseguir crédito em bancos, bem como está aumentando a exigência de garantias (que muitas vezes não podemos disponibilizar) para conseguir estes créditos. A redução do ritmo de expansão da economia e o aumento da entrada de produtos importados no país (entre os quais incluímos impressos da área educacional, produtos já embalados em conformidade com as normas brasileiras), provocam uma queda na demanda de impressos. As empresas de um modo geral e infelizmente só algumas gráficas, adotam estratégias mais defensivas neste ano, voltando-se mais para a eficácia e redução dos custos, em detrimento dos investimentos em modernos equipamentos.
Mesmo assim encontram uma terrível barreira, que é a falta de mão de obra especializada e qualificada, a custos compatíveis com suas possibilidades de pagamento. Os bons funcionários estão empregados e para "buscar" um bom funcionário em outra gráfica, temos que oferecer algo incompatível com a nossa realidade, principalmente em se tratando de uma pequena e média empresa gráfica.
Com relação à pergunta de nosso título, se a sua gráfica é rentável, gostaria de tecer algumas considerações. Você atualiza constantemente os seus custos fixos? Você negocia com terceiros, os valores de serviços terceirizados? Você faz uma análise profunda do desperdício de material e horas improdutivas? Por acaso em sua gráfica, você faz uma análise do custo de seu capital de giro parado em estoque, tanto de materias primas, como de produtos acabados? Em caso de receber arquivos para impressão, não conformes com a tecnologia por você adotada em sua empresa, você refaz os arquivos gratuitamente ao seu cliente, para "não irritar e perder o freguês", pois seu colega gráfico não cobra nada?
Você sabe se o seu concorrente não está trabalhando só com a Margem de Contribuição para cobrir custos fixos, somando os aos variáveis e vendendo a lucro ZERO, só para não parar as máquinas? Você prefere pagar menos por um funcionário "apertador de botão" de seu equipamento importado, para redução dos custos? Já olhou quanto tempo este operador perde para acertar o equipamento, não só em tempo, como também em material?
Acredito, pelo que tenho visto, mesmo em empresas grandes, que muitos desperdícios não são computados e nem ao menos chegam ao conhecimento do dono da empresa. Este só sabe que deve a bancos, que tem que pagar atrazado as suas duplicatas vincendas e vencidas, gastando com juros inúteis que a cada dia aumentam o "buraco financeiro" que se forma dentro da sua gráfica. Está mais do que na hora de fazer alguma coisa e, isso sem gasatar muito dinheiro, pois você, amigo gráfico não tem dinheiro para investir nestas "despesas", como sistemas de gestão, Boas Práticas, controles que necessitam de um funcionário, etc. Saiba caro gráfico, que tudo isso não são despesas e sim INVESTIMENTO com retorno a curto e médio prazo. Pare de sangrar a sua gráfica chutando preços de venda. Calcule seus impressos corretamente, sem adicionar "gordurinhas" (Lei de Gerson). Saiba quanto você realmente têm de custos fixos, margens de lucro e margem de contribuição e saiba onde comprar seus materiais de maneira mais barata, ou melhor com um resultado "custo-benefício" aumentado, pois não é o valor que está na Nota Fiscal de seu fornecedor que lhe dá o custo do seu trabalho, e sim quanto custou o trabalho após sua confecção. Só uma perguntinha: "Você faz o seu Pós-Cálculo", logo depois de faturar o seu impresso? Acredito realmente que não.
E as nossas vendas como vão? Caindo constantemente de tal forma que fico com máquinas paradas, que é quando o desespero atinge nossa cabeça e a gente fica estressado e trabalha das 7 da manhã às 11 da noite SEM RESULTADO? Não é a quantidade de horas de trabalho, que vai trazer uma solução para nossa gráfica. A rentabilidade da gráfica é um conjunto de atitudes, que só conseguiremos, delegando tarefas a pessoas com capacidade, treinando nosso pessoal técnico e administrativo.
Resumindo: Vamos rever nossos custos, vamos implantar Normas e Procedimentos em todas as áreas de nossa empresa com pessoal capacitado para seguir estas normas e exercer corretamente as suas funções. Teremos que forçosamente implantar sistemas de gestão, nem que começando de um simples pré-cálculo, ampliando posteriormente para sistemas de PCP e de relatórios de gestão, que são a principal ferramenta do dono da gráfica.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult.