Temos que cuidar de nosso maior patrimônio: nossos funcionários!
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Todos sabemos que o diferencial competitivo entre as empresas está nas pessoas. Há mais de vinte anos, uma gigante da indústria eletroeletrônica antecipava a importância do capital intelectual, quando sentenciava numa peça publicitária: "Os nossos japoneses são mais inteligentes do que os da concorrência".
A preocupação das empresas de qualquer porte em diversos setores da economia com a contratação, desenvolvimento e retenção de talentos não é de agora. Isso no entanto, ainda não passou pela cabeça do empresário gráfico. A necessidade de atrair as melhores cabeças sempre exigiu uma política de recursos humanos bastante arrojada. A novidade é que as pequenas empresas, que não investem em programas de gestão de pessoas, começam a sentir na pele, no faturamento e na carteira de clientes a ausência dessa área.
Segundo pesquisa realizada em 2014 com 500 gráficas, 97% das pequenas empresas não possuíam sequer uma mínima estrutura de RH, e apenas 1,5% delas tinham programas permanentes de treinamento. Num mercado cada vez mais exigente, não há espaço para amadorismo ou ineficiência. As palavras de ordem são competência e profissionalismo.
Talento, criatividade e entusiasmo não se encontram em softwares nem em impressoras ou equipamento de produção.
Outro dado revelador é que mais de 70% dos clientes deixam de comprar de um fornecedor devido ao mau atendimento. Não é só por causa do preço alto ou do prazo de entrega: aquele bom dia inexpressivo da recepcionista, o tempo de espera ao telefone, uma reclamação mal resolvida ou a dúvida não esclarecida afugentam a clientela. Para isso não ocorrer, as pessoas devem estar motivadas, comprometidas e bem treinadas.
A ausência da gestão profissional de Recursos Humanos é um dos fatores que levam à situação atual das micro e pequenas empresas gráficas. Falta engajamento dos Gestores da empresa, não há treinamento em nenhum departamento, existem falhas na informação e comunicação, nem ao menos o Programa de "5S" é aplicado e o clima em geral é péssimo.
Podemos dizer que a falta de ações para capacitar e comprometer os colaboradores das micro e pequenas empresas gráficas prejudica a economia do País, a geração de empregos e o desenvolvimento. Comprometimento, garra, criatividade, foco nos clientes, boa comunicação, liderança e trabalho em equipe não se compram apenas com bons salários.
Numa pesquisa realizada entre gerentes de diversas empresas gráficas de São Paulo, para conhecer o que mais os motivava numa organização, salário apareceu no sexto lugar da lista. Outras condições, como ambiente de trabalho, carreira, reconhecimento, auto realização, vieram antes do dinheiro. É importante realizar uma pesquisa sobre o que mais desmotiva os funcionários. Certamente, salário aparecerá entre o terceiro ou quarto lugar. A falta de água gelada no bebedouro, o chefe que não dá retorno, alguém que não diz bom dia vão figurar como fatores de desmotivação. Só depois disso é que virá o salário.
Portanto, todos os investimentos em tecnologia, desenvolvimento de produtos, programas de qualidade e redução de custos não alcançarão os objetivos se o fator humano nas empresas não for levado em conta. Neste caso, a implantação de Boas Práticas em todos os setores, a começar pela Comunicação e Informação na gráfica "de cabo a rabo" é o início de um grande trabalho a baixíssimo custo. Chacrinha já dizia de "quem não se comunica se trumbica" e isso na empresa começa no atendimento telefônico terminando no pós-vendas.
O talento continuará sendo o maior patrimônio de qualquer empresa, pois criatividade, brilhantismo e entusiasmo não estão disponíveis em softwares, nem podem ser encontrados em prateleiras.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult.