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Um setor em que o Brasil não está atrasado

Fábio Mestriner

Nosso país é cheio de contrastes. De um lado, somos uma economia moderna, industrializada, que produz carros, aviões, celulares e computadores. Nossa sociedade navega na internet, fala ao celular, vota eletronicamente e declara seus rendimentos pela web. Por outro lado, temos uma enorme dívida social com a desigualdade entre a riqueza e a pobreza mais discrepante do mundo.

Do ponto de vista de consumo, os brasileiros são bastante informados e fazem suas compras domésticas no sistema de auto-serviço em sua grande maioria das vezes. Os supermercados respondem por cerca de 80% da distribuição de alimentos, produtos de higiene e limpeza residencial e produtos de beleza e higiene pessoal.

Nesse contexto, a embalagem desempenha um papel preponderante, o mesmo acontece com os produtos brasileiros destinados ao mercado internacional que precisam de boas embalagens para competir pelo mundo afora.

Pesquisas do Comitê de Estudos Estratégicos da ABRE – Associação Brasileira de Embalagem, mostraram que o brasileiro valoriza muito a embalagem e sabe discernir com clareza uma boa embalagem de uma concorrente de qualidade inferior. Mostraram também que neste assunto, ele não aceita ser tratado como um consumidor do terceiro mundo. Quando perguntado sobre o que seria, na sua opinião, a embalagem do futuro, o consumidor brasileiro foi firme em apontar que a embalagem do futuro é aquela que "foi feita para ele", que o faz "sentir-se tratado como um consumidor do primeiro mundo".

Esta qualificação, exigente do nosso consumidor, educado para o consumo pela nossa excelente televisão e pela publicidade premiada que aqui se faz, tem levado a indústria de embalagem a buscar sempre melhores soluções, pois toda vez que se consegue uma solução que atende as expectativas destes consumidores ela obtém vantagem competitiva sobre o que existia. Esta dinâmica tem nos levado a alcançar altos níveis de modernidade e sofisticação.

O resultado disso, é que hoje, a indústria brasileira de embalagem já alcançou o nível internacional. Nosso país está se tornando um exportador de embalagens capaz de fornecer para os mais exigentes mercados.

As exportações de produtos brasileiros que não param de crescer e vêm batendo sucessivos records, estão se beneficiando da qualidade de nossos produtos, pois a competição internacional exige embalagens de qualidade e este é um ponto em que o Brasil tem consistência.

Outro aspecto importante para este processo é o design de embalagem, pois não basta ter qualidade e tecnologia se o resultado é feio ou sem atratividade. Neste caso, o Brasil está muito bem, pois a exemplo do que já acontece com a nossa propaganda, o design brasileiro vem conquistando prêmios e reconhecimento nos principais concursos internacionais e está em condições de colocar nossos produtos em destaque nos mercados mais competitivos e exigentes.

Para se desenvolver de forma constante e sustentável, as economias modernas precisam de boas embalagens, capazes de tornar seus produtos atraentes e felizmente, neste caso, este é um setor em que o nosso país não está atrasado.

* Fábio Mestriner é professor de Design da ESPM e conferencista, integrante do grupo da Fiesp que ajudou a escrever o Programa Brasileiro de Design, coordenador do Comitê de Design da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), membro-fundador do Comitê de Design da Abigraf.

Fonte: http://www.vendamais.com.br/artigo/34849-um-setor-em-que-o-brasil-nao-esta-atrasado.html - Acesso em 04 de setembro de 2013.



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