Uma nova visão na Indústria Gráfica
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Estamos vivendo a era digital por excelência. Ela nos assegura chips de “n” bits, softwares dos mais variados tipos, altíssimos em definição nos softwares gráficos, recursos de armazenamento quase ilimitados, de giga, tera e em breve petabytes. É claro que isso tudo influenciou nosso “modus vivendi” sendo que os clientes das gráficas, principalmente dos ramos alimentício (incluindo bebidas), farmacêutico, cosmético, automobilístico, eletrônico bem como de seus componentes, incluindo os produtos impressos, começam a fazer exigências bastante concretas, com relação à solução de logística de entrega, rastreabilidade e no tocante à qualidade e segurança contra a falsificação.
Estas exigências já existentes na Europa, através do artigo 17 da resolução 1935/2004 do Comitê Europeu da Qualidade, assim como das novas normas americanas e japonesas de 2005, fazem com que as indústrias gráficas, principalmente aquelas que produzem embalagem, rótulos e etiquetas, bulas, manuais de procedimento para estes segmentos de mercado, ou mesmo manuais de seguros médicos, selos de garantia e segurança, tenham que obedecer e seguir certas tecnologias. Além disso, devem se adaptar às Boas Práticas de Fabricação, com centros de planejamento e controle da produção PCP, além de sistemas informatizados para rastreamento dos suprimentos em toda sua amplitude (quesitos de qualidade e de origem).
É obvio que terão que implantar também em sua empresa a possibilidade de rastrear tecnicamente cada fase de aquisição e recebimento de materiais e serviços de terceiros (se for o caso), recebimento de originais e/ou arquivos dos clientes, sua produção e a comercialização e expedição dos impressos produzidos.
No caso das indústrias alimentícias (incluindo bebidas), farmacêuticas e de cosméticos, elas não só se limitam a fazê-lo com suas matérias primas, mas também com as embalagens e manuais de seus produtos que seguem normas rigorosas de assepsia, manuseio, ditadas pelas Boas Práticas de Fabricação, além de estarem as plantas (layout) das gráficas devidamente adaptadas para evitar qualquer tipo de contaminação.
Exatamente por esta razão, não é mais possível um controle de produção como nós o conhecemos na maioria das nossas gráficas. TUDO exige registro! Com números de lote, datas, horário e pessoal envolvido, para garantir a rastreabilidade dos processos e dos materiais utilizados. Paralelamente a isso, nós da indústria gráfica, ganhamos com isso igualmente um maior controle sobre a rentabilidade de nossa empresa, assim como um confronto do nosso pré-cálculo, com o pós-cálculo. A implantação de um PCP e de um Sistema de Qualidade Assegurada (não falamos aqui de ISO 9000), que pode ser o TQM (Total Quality Management) ou outro sistema que nos garanta a tranqüilidade do dever cumprido dentro das especificações, são a nosso ver nos dias de hoje uma necessidade, também no Brasil, vista que um grande número de nossos clientes exporta para este mundo globalizado que exige NORMAS.
O problema da falsificação de produtos faz com que nós da indústria gráfica, possamos auxiliar nossos clientes, através de inúmeras aplicações de tecnologias, entre as quais podemos citar a da Holografia, Tintas Especiais Reagentes a diversos tipos de produtos químicos, temperaturas, comprimentos de onda (UV, IR, Fluorescente, etc.), Coatings especiais, Microtexturizações, diversos tipos de relevo, incluindo o relevo francês (calcografia), Codificações e Informações “Fantasma” (não visíveis a olho nu), Códigos de Barra especiais, bem como uma mescla destes efeitos acima citados.
Com a implantação gradativa, porém certa, do sistema JDF (Adobe), os sistemas de informação na indústria gráfica, bem como a velocidade, tecnologia e qualidade do trabalho, serão certamente uma garantia para o sucesso destas implantações necessárias, para cumprir as exigências dos clientes, dentro dos prazos cada vez mais curtos exigidos pelo avanço desta era digital. A automatização que este sistema acrescenta ao nosso parque gráfico reduz drasticamente o custo administrativo da produção, alavanca a velocidade de resposta das informações, reduz em muito, os erros de planejamento e produção, em função da automatização de muitos eventos, executados até hoje de forma manual. O aumento da fidelização dos prazos de entrega em função da programação digital culminando com uma redução do tempo de permanência do serviço dentro da gráfica e naturalmente dos custos, será uma realidade.
O famoso CRM (Customer Relationship Management), conhecido entre nós como administração de clientes, vendas e vendedores, deverá ser tratado não por um computador, mas por um bom sistema de recursos humanos, pois como brasileiros temos uma mentalidade “sui-generis” que requer “jogo de cintura” de todos os lados. Precisamos treinar nossa equipe de vendas externas e da administração de vendas interna. Este treinamento deverá ser consubstanciado por tecnologia gráfica, pré-cálculo, técnica de vendas, bem como utilização gradativa da informática no ato da visita, onde o próprio profissional de vendas, conhecedor da matéria, possa orientar o cliente, fazer o orçamento “just-in-time”, fechar o pedido e resolver todos os problemas logísticos para a confecção e entrega dos impressos. Certamente isso não acontecerá de um dia para o outro. Para alcançar nossos objetivos temos que dar o primeiro passo. Então, boa sorte!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)