29 de maio de 2014
Dois anos condenados para o crescimento industrial, diz Abigraf
Fabio Arruda Mortara
“A manutenção da taxa Selic em 11%, anunciada pelo Copom, é cortina de fumaça: não reverte a tendência já cristalizada de baixa produção industrial nem impacta a pressão inflacionária”, diz empresário.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica, Fabio Arruda Mortara, o anúncio feito pelo Copom de manter em 11% a taxa Selic pode ser reflexo mais do medo de que um novo aperto monetário agrave o quadro de desaceleração do crescimento da economia do que do fim da fantasia de que a medida basta para conter a inflação, principalmente em um cenário de gastos públicos elevados. “Já está evidente que a inflação fechará o ano batendo (ou até superando) o teto de 6,5% e não se espera resultado melhor em 2015, para quando os interesses eleitorais prometem empurrar a inevitável recomposição dos preços de petróleo e energia elétrica. Significará aumento da pressão inflacionária e necessidade de arroxo monetário. O mercado sabe disso e já age segundo a lógica de que aumentos nos juros podem ser esperados para depois das eleições”, afirma o empresário. Segundo ele, porém, esse não é o único inibidor de investimentos no capital fixo: “As empresas receiam ampliar a capacidade produtiva por inúmeros motivos. Há o risco hídrico e energético, o último já pressionando os preços dos contratos de fornecimento no mercado livre; o atraso nas obras de infraestrutura e um ambiente externo ainda desfavorável às exportações. Somam-se aí, o mercado interno pressionado pelo alto endividamento das famílias e a persistente prática de concessão de benefícios segmentados, que favorecem algumas atividades, mas desequilibram o mercado e geram inseguranças tributárias e jurídicas”, completa Mortara.
A Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) representa um universo de 20 mil empresas, predominantemente pequenas e micros, que faturaram, em 2013, R$ 44 bilhões e geram 219 mil empregos diretos.