23 de dezembro de 2014
Expectativas e desafios para 2015
Com queda de 1,7% na produção em 2014, o tumultuado ano na indústria gráfica mostrou que independente de eleições presidenciáveis, Copa do Mundo ou qualquer outro evento, o desafio para se manter ativo é investir, capacitar e ser sustentável.
Mirtes Lima, para o Guia do Gráfico
Em coletiva organizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a Associação Brasileira da Indústria da Gráfica (Abigraf), apresentou os resultados do ano e as perspectivas para 2015. Representada por Levi Ceregato, presidente nacional, o encontro uniu também nomes e órgãos importantes para o mercado como, Sidney Anversa Victor, presidente da regional paulista da entidade (Abigraf-SP), Fabio Arruda Mortara, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP) e da Confederação Latino-Americana da Indústria Gráfica (Conlatingraf).
Aplicando como aprendizado as dificuldades enfrentadas em 2014, o fato evidente foi que nem a Copa do Mundo e as eleições produziram impacto expressivo nos resultados da indústria gráfica. Surpreendendo o mercado a produção física caiu 1,6 por cento de janeiro a setembro, a crise na produtividade nacional refletiu diretamente no setor gráfico.
De acordo com a Abigraf, os indicadores de 2014 da indústria gráfica são:
-
Produção industrial: R$ 45,4 bilhões (estimativa para 2013)
-
Variação da produção física: -3,2% em 2013
-
Saldo da balança comercial: -US$ 269,5 milhões FOB em 2013
-
Investimentos: US$ 1,081 bilhão em 2013 (acumulado até novembro)
-
Emprego formal: 216.253 vagas em outubro de 2014
-
Distribuição das empresas por porte: 0,4% grandes (acima de 250 empregados); 2,7% médias (entre 50 e 249 empregados); 17,1% pequenas (de 10 a 49 empregados); 79,7% micros (até 9 empregados)
-
Participação dos segmentos na produção: Embalagens 40%; Editorial (livros, revistas, jornais etc.) 29,2%; Impressos promocionais 9,8%; Impressos de segurança 6,7%; Etiquetas 4,4%; Cadernos 2,8%; Pré-impressão 3,4%; Cartões 3,1%; Envelopes 0,7%.
A missão para o sucesso em 2015, de acordo com a Abigraf Nacional, é unir forças junto às entidades de outros ramos, na mobilização pelas reformas estruturais, buscando mais segurança jurídica, menos ônus à produção, visando manter a responsabilidade fiscal e todos os avanços de que o Brasil precisa para voltar a crescer de modo sustentável.
Para buscar competitividade os dados foram apresentados de modo otimista em relação ao ano que se inicia, principalmente devido a nova gestão financeira do país. Informação ressaltada também no encontro da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), onde o economista do banco Safra e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, palestrou sobre a situação atual do Brasil no mercado de investidores.
Segundo Kawall os ajustes feitos pela nova equipe econômica ao longo de 2015, o Banco Safra projeta também uma expansão de 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto), Selic: 12,50%; taxa de câmbio a R$ 2,80 por dólar e um superávit primário de 1,2% do PIB” e acrescentou “O ano de 2016 deve ser bem melhor”.
Motivação expressada também por Gisela Schulzinger, presidente da ABRE que ressaltou “2014 não foi um ano fácil, porém há que se ter uma visão otimista para 2015. Independente do que venhamos a enfrentar em 2015, que estejamos pré-dispostos para contornar essa dura realidade”.
O novo “velho” desafio
Acompanhar o comportamento da economia global, que voltou a crescer em alguns países, como os Estados Unidos, por exemplo, é fundamental para o radar da indústria nacional. Já que desaceleração da economia mundial já trouxe alguns efeitos esse ano que foram sentidos principalmente em terras brasileiras. “Por muito tempo, o Brasil permaneceu com o Real muito valorizado, o que prejudicou a competitividade e as exportações brasileiras”, comentou Carlos Kawall.
Que também ressaltou o baixo nível de confiança e a percepção em relação aos juros, divisor que fazem com que a máquina do consumo pare de funcionar. “A Copa e as eleições afetaram as vendas do varejo e a produção industrial. Os desafios são grandes para 2015, mas o Brasil precisa provar que vai vencer os próximos obstáculos” concluiu.
Capacitar e empregar
A expectativa é que a indústria gráfica deve totalize US$ 908 milhões de investimento em máquinas e equipamentos no ano. Embora expressivo, é o resultado mais baixo desde 2007 e traduz queda de 16% em relação a 2013.
Para a mão de obra, o emprego formal, que chega a cerca de 20,6 mil estabelecimentos gráficos brasileiros somou 216.253 postos em outubro de 2014, o que representa queda acumulada de 0,9% em relação a 2013. As maiores baixas estão nos segmentos editorial (-3,1%) e de pré-impressão (-2,6%).
Geograficamente, houve diminuição de vagas em todas as regiões. No Sudeste, a indústria gráfica fechou 1.472 postos, seguida de Nordeste (-249 vagas), Sul (-105), Norte (-85) e Centro-Oeste (-34).