19 de outubro de 2020
Fórum Embalagem & Sustentabilidade aponta soluções para reduzir o impacto ambiental das embalagens
Evento reuniu especialistas do setor de embalagem e da indústria de produtos de consumo
Margaret Hayasaki, Instituto de Embalagens
A indústria pode ter um papel protagonista na construção de um futuro sustentável do planeta. É o que estão fazendo as empresas que participaram do Fórum Embalagem & Sustentabilidade, promovido no formato online e ao vivo pelo Instituto de Embalagens, no último dia 08 de outubro.
Assumindo o protagonismo da categoria de água mineral, a Danone Waters inovou nas gôndolas ao lançar uma garrafa feita com 100% de PET reciclado pós-consumo e sem rótulo. Segundo Thays Rosini, gerente de sustentabilidade da empresa, desde janeiro deste ano, todo o volume de plástico produzido pela Bonafont é recolhido e reciclado. “O futuro está nesta garrafa que é 100% circular”, afirma.
A Coca-Cola Brasil desenvolveu a garrafa retornável universal em 2018. Com a mesma embalagem, a empresa comercializa um portfólio maior de bebidas agora também para a linha de sucos DelValle. “A expansão do portfólio está acontecendo com a garrafa RPET de 2 litros”, revela Paulo Villas, diretor de operações da Coca-Cola Brasil. Hoje, segundo ele, 20% das vendas são feitas em garrafas retornáveis. A nossa expectativa é chegar a 30% até 2025”.
Toda jornada de embalagem da Nestlé está alinhada ao conceito de circularidade. “Até 2025, a empresa quer ter 100% das embalagens recicláveis ou reutilizáveis e reduzir em 30% o uso de material plástico virgem”, diz Cristiani Vieira, gerente de sustentabilidade da Nestlé.
As práticas de sustentabilidade da Adimax, fabricante de pet food, começaram em 2012 com uma embalagem feita de PE verde fornecido pela Braskem. A Adimax foi a pioneira do setor a utilizar o produto. Desde então, a empresa já utilizou mais de 300 toneladas de PE verde, o equivalente a 37.522 árvores plantadas. Outra iniciativa, destaca Leonardo Dalmagro, gerente de pesquisa e desenvolvimento de embalagem da Adimax, é a redução da espessura das embalagens que permitiu poupar o consumo de mais de 90 toneladas/ano de material. Recentemente, a empresa quebrou paradigmas e lançou a linguagem Braille numa embalagem flexível para sua linha Fórmula Natural®. “Dar a opção aos deficientes visuais entenderem o que estão comprando é admirável e necessário. Já temos no Brasil mais de 7 milhões de deficientes visuais”.
A Phisalia lançou a Physalis, uma nova linha de cosméticos vegana. “Physalis traz o compromisso de criar uma corrente do bem por meio de produtos vegetais e que não é testada em animais. Além disso, as embalagens têm baixo impacto ambiental”, afirma Luciana Amiralian, diretora de P&D e Inovação da Phisalia. As embalagens plásticas são feitas de resina PET 100% reciclada pós-consumo e os cartuchos são produzidos com o papelcartão Vitacycle, da Papirus, que tem 30% de conteúdo reciclado pós-consumo e é certificado. “Ao usar embalagem com conteúdo reciclado estimulamos a cadeia de reciclagem e a economia circular”.
A Marfrig tem apostado em apresentar ao mundo suas iniciativas de redução de impacto ambiental para esclarecer os consumidores sobre mitos e fatos reais sobre desmatamento. Monitorando desde as pastagens para o gado, passando pelo processamento da carne, fertirrigação e outras medidas até a escolha das melhores embalagens que garantam segurança alimentar e estabilidade do produto no seu tempo de vida.
A Thais Vojvodic apresentou a definição de Economia Circular conforme a Fundação Ellen MAcArthur e apresentou vários exemplos esclarecedores, bem como a estratégia da Fundação para atingir melhores índices globalmente.
Até 2030, a Procter & Gamble quer ter 100% das embalagens recicláveis e reduzir em 50% o uso de plástico virgem. Uma das iniciativas da companhia para progredir em suas metas é o projeto piloto de coleta de embalagens na comunidade carente do Rio de Janeiro em parceria com a start up coletando. “Os moradores trocam embalagens por dinheiro. Estamos começando agora e a nossa expectativa é que ajude no desafio de logística reversa principalmente das embalagens plásticas”.
Práticas sustentáveis da indústria de embalagens
Inovação para a circularidade da embalagem flexível multicamada. A CBA – Companhia Brasileiro de Alumínio desenvolveu uma tecnologia que permite a separação do polímero e do alumínio, facilitando a reciclagem dos materiais. “Esse processo também produz gás hidrogênio que é reutilizado na nossa refinaria. Isso é economia circular na prática”, afirma Leandro Faria, gerente de sustentabilidade da CBA.
A lata de alumínio é infinitamente reciclável e já tem um impacto ambiental bastante reduzido, mesmo assim a Ball Corporation enxerga oportunidades para reduzir a pegada de carbono da embalagem. Segundo Estevão Braga, diretor de sustentabilidade da companhia, “a meta é reduzir a pegada de carbono da lata de 355 ml em até 33% até 2030”.
O objetivo de desenvolvimento sustentável 12 sobre consumo e produção responsáveis tem tudo a ver com o que a Papirus faz que é a reciclagem. “O nosso grande desafio é reciclar as embalagens de papelcartão consumidas em casa pelos consumidores”, afirma Amando Varella, diretor comercial da Papirus. A empresa tem 40 cooperativas homologadas e auditadas para manter o fluxo de material reciclado pós-consumo de forma a garantir a origem. Desta forma, tem rastreabilidade e conseguiram serem certificados pelo FSC.
A sustentabilidade é o direcional para a inovação na Suzano que anunciou o desenvolvimento de um papelcartão com fibras pós-consumo. “Esse novo produto apresenta 11 atributos que têm impacto igual ao papelcartão de fibra virgem, além de reduzir em 9% a emissão de CO2 e reduzir em 17% o consumo de água”, revela Guilherme Melhado, diretor da Unidade de Papel e Embalagem da Suzano.
O PET reciclado é a engrenagem para o crescimento sustentável da Indorama que desde 2011 recicla garrafas PET. De lá para cá já reciclou 50 bilhões de garrafas PET. A meta até 2025, segundo Flávio Assis, gerente de RPET da Indorama, é reciclar 50 bilhões de garrafas PET por ano. O investimento em reciclagem será da ordem de US$ 1.5 bilhão.
A natureza dos produtos da WestRock, fornecedora de papel e embalagens de papelão ondulado, é de fonte renovável, biodegradável, compostável e reciclável. “E, nós entendemos que podemos ir além. Por isso, o nosso negócio é pautado nos 5Rs – Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Regenerar”, diz Cynthia Wolgien, diretora de sustentabilidade e comunicação corporativa da WestRock.
Reciclando e dando uma nova vida para o plástico a Valfilm protege o planeta. A empresa desenvolveu fardos de filmes stretch e shrink de PE reciclado pós-consumo. “Reciclamos mais de 35 mil toneladas de filmes por ano. Isso é feito em parceria com a cadeia de supply chain para coleta e processamento”, informa César Sanches, diretor de sustentabilidade da Valfim. Ele continua: “Também reciclamos mais de 350 milhões de garrafas PET pós-consumo por mês. Temos plantas de reciclagem Bottle to Bottle no Rio de Janeiro, Espanha e México”.
O evento foi patrocinado pela Ball, CBA, FuturePack, Indorama, Papirus, Suzano, Valfim e WestRock.
Lançamento da cartilha de educação ambiental
No encerramento do evento, o Instituto de Embalagens lançou a nova versão da Cartilha de Educação Ambiental Nós, as Embalagens e o Meio Ambiente, que traz conteúdo ilustrado e atividades lúdicas que ensinam a importância da reciclagem das embalagens para um planeta melhor.
“O nosso desejo é que as crianças entendam o importante papel das embalagens para proteger os produtos e qual deve ser o destino adequado após o seu uso. Elas são agentes multiplicadores de educação ambiental”, afirma Assunta Napolitano Camilo, diretora do Instituto de Embalagens.
Assunta Napolitano Camilo, diretora do Instituto de Embalagens.
A cartilha é patrocinada pela ABTCP, ABPO, Activas, Ball, C-Pack, Comexi, Deink, Epema, Evertis, Futurepack, Ibá, Igaratiba, Incoplast, Indorama, Multivac, Papirus, PQS-Altek, Prolata, Radici, Teruel e Valgroup.
Sobre o Instituto de Embalagens
Fundado em 2005, o Instituto de Embalagens tem o objetivo de levar conhecimento para o setor de embalagens, visando o seu avanço e crescimento. O trabalho consiste na coordenação e realização de cursos, encontros, treinamentos e publicações técnicas.
Desde a criação do Kit de Referências de Embalagens, primeiro material didático do Instituto de Embalagens, a entidade já publicou 19 livros e realizou 86 cursos e 129 eventos, com a participação de mais de 11 mil profissionais.
A crença do Instituto de Embalagens é que melhores embalagens promovem melhor qualidade de vida.