18 de abril de 2013
Inflação ou crescimento?
É urgente resgatar a competitividade da indústria, de modo que os brasileiros passem a comprar mais manufaturados nacionais
Roberto DElboux Rodrigues
“Entre o estímulo ao crescimento e o controle da inflação o governo deve escolher ambos. Não há antagonismo entre os dois indicadores. Para isso, é fundamental manter a Selic em 7,25% ao ano na reunião do Copom (16 e 17/04), mas adotar medidas urgentes para conter os gastos públicos e resgatar a competitividade da indústria”, salienta Fabio Arruda Mortara, presidente da Abigraf Nacional (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), argumentando: “Ninguém percebeu que estamos pagando em dólar por boa parte dos produtos manufaturados que consumimos?”
Segundo Mortara, ao reduzir os gastos públicos, melhorando o superávit primário, o governo reduz os juros no serviço da dívida pública e atenua o impacto desses títulos no conjunto da economia. “O mais urgente, porém, é resgatar a competitividade da indústria, pois a mais forte pressão sobre os preços resulta da demanda aquecida do mercado consumidor brasileiro, já que estamos literalmente pagando em dólares por boa parte dos produtos industrializados que estamos comprando no nosso varejo, cada vez mais suprido por importados”.
Para o presidente da Abigraf Nacional, o País enfrenta uma “estranha inflação de demanda, pois a indústria nacional, premida pelo custo Brasil e a concorrência desigual de alguns países não consegue competir com os importados em numerosos segmentos.” Por isso, “nossos consumidores estão pagando em valor equivalente ao dólar por numerosos produtos. Se baixarmos o dólar, aí é que não exportamos mais nada; se aumentamos, geramos inflação na ponta do consumo”.
A solução, segundo Mortara, é resgatar com urgência a competitividade da indústria, de modo que os brasileiros passem a comprar mais manufaturados nacionais. “Para isso, é necessário ampliar a desoneração da folha de pagamentos e a redução de impostos para mais setores industriais, em especial aqueles cujos produtos têm peso significativo no orçamento das famílias e na composição do IPCA”.
Como exemplo, Mortara cita os livros e embalagens de alimentos e medicamentos, que são essenciais. “Chegamos ao cúmulo de vermos livros brasileiros sendo impressos na China. Estamos falando de produtos impressos que poderiam muito bem estar sendo supridos pelo parque gráfico nacional, constituído por 20 mil empresas e empregador de 200 mil trabalhadores. Se a indústria brasileira produzir aqui o que os brasileiros precisam e querem consumir, matamos o risco de inflação”.