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10 de novembro de 2016

Presidentes do Sigep/Abigraf-PR tomam posse com foco no incentivo à melhoria na gestão nas gráficas

Abilio Santana e Jair Leite foram reeleitos para o mandato 2016/2019 e, assim como outras lideranças do setor no Brasil, querem que empresários invistam em gestão para saírem da crise

rtPress Comunicação

Previsão de média de queda na produção de 10% em 2016 em relação a 2015, dezenas de gráficas fechadas e milhares de funcionários demitidos. A crise econômica acertou em cheio o setor gráfico nacional. Porém, os estragos ajudaram na conscientização de que não dá mais para adiar a profissionalização na administração das empresas, que em sua maioria - cerca de 90% - são pequenos negócios tocados pela família. Essa foi a visão geral dos líderes das entidades gráficas presentes na posse dos presidentes do Sigep (Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado do Paraná), Abilio Santana, e da Abigraf-PR (Associação Brasileira da Indústria Gráfica - Abigraf Regional Paraná), Jair Leite, no último dia 4, na Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), em Curitiba. Os dois foram reeleitos para o mandato 2016/2019.


O presidente da Abigraf-PR, Jair Leite; o presidente do Conselho Diretivo
da Abigraf Nacional, Julião Flaves Gaúna, e o presidente do Sigep,
Abilio Santana, durante a posse das novas diretorias do Sigep/Abigraf-PR.
(Foto de Amarildo Henning)

O pensamento comum é que a crise fez uma seleção natural no mercado, tirando do jogo quem não estava preparado para a queda na produção. "O mercado mudou. Hoje não basta mais ter a máquina mais moderna. Se não tiver gestão profissional, inovação e criatividade, a gráfica terá enormes dificuldade de se manter viva. Está mais do que na hora do empresário tomar consciência disso", apontou o presidente do Sigep, Abilio Santana.

Ele cita o exemplo de sua própria gráfica para reforçar que há caminho para driblar a crise. Há dois anos, investiu pesado em equipamentos de impressão, mas vem investindo também no aprimoramento dos funcionários e dos diretores. O resultado é que a Hellograf deve fechar 2016 com crescimento perto de dois dígitos, na contramão da média nacional. "O que temos feito é aproveitar todas as oportunidades para melhorar a gestão, com cursos, treinamentos e troca de experiências. É isso que faz a diferença. Nós mesmos no Sigep oferecemos uma variedade enorme de treinamentos, em parceria com fornecedores e com a própria Fiep, só que muitos empresários não aproveitam. Em 2017 vamos oferecer ainda mais opções e fazer um trabalho de convencimento para que todos entendam os benefícios dos programas que oferecemos, muitos deles com até 80% de subsídio".

Para o presidente da Abigraf-PR, Jair Leite, a gestão é caminho sem volta. "O empresário até sabe onde está o problema na gestão, mas às vezes fica na inércia porque não tem recursos para investir nas melhorias. Só que tem que corrigir o quanto antes. Os números do mercado são horríveis, a linha que separa os empresários adimplentes dos inadimplentes é muito tênue e cada vez mais empresas passam a ter problemas".

Leite disse que, aliado à gestão, as empresas precisam melhorar a participação no associativismo para que as entidades tenham mais força política. "Temos a Frente Parlamentar do Setor Gráfico e Mídia Impressa, criada este ano, mas que precisa de mais força para cumprir o seu papel. E essa força tem que vir das entidades, pressionando os congressistas. Por isso, quanto mais empresários engajados tivermos, mais fortes ficamos como entidades representativas", ressaltou, adiantando que essa será uma de suas bandeiras neste novo mandato na Abigraf-PR.

Jair Leite até convidou a deputada federal Chrystiane Yared para acompanhar a solenidade de posse na Fiep. Ela tem sido uma das apoiadoras das causas do setor gráfico e garantiu que vai intensificar o trabalho. "Tenho essa causa como uma de minhas prioridades, pois sou amiga pessoal do Jair Leite e do Abilio Santana e sei das dificuldades que os empresários têm. A frente parlamentar está criada e vou cuidar para que, por meio dela, as demandas do setor sejam atendidas pelos deputados, senadores e ministros", prometeu a deputada.

 

Profissionalizar para melhorar

Segundo o presidente do Conselho Diretivo da Abigraf Nacional, Julião Flaves Gaúna, se o governo fizer os ajustes necessários na economia, a tendência é que em 2017 o setor gráfico consiga recuperar um pouco o prejuízo registrado em 2016. No entanto, ele também orientou que o empresário deve fazer a sua parte. "As empresas precisam se profissionalizar. Investir em consultorias, gerir melhor os custos, os gargalos de produção etc. Além disso, tem que inovar e ser criativo no atendimento às demandas dos clientes. Há muito campo para inovação no nosso ramo, mas tem que ir atrás, se informar, pesquisar, estudar o mercado e avaliar todas as possibilidades. É esta a orientação que a Abigraf Nacional dá constantemente às suas regionais, para que a repassem aos associados".

Um dos caminhos pode ser a busca do mercado externo, como tem feito algumas empresas no Rio Grande do Sul. "Como faço parte da diretoria da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, tenho participado de reuniões com foco em avaliar exportações e desenvolver programas para qualificar os nossos produtos. Nas áreas de embalagens e de brindes, por exemplo, já tem saído bons negócios para fora do Brasil. É uma alternativa que tem que ser trabalhada. O empresário deve se mexer, buscar opções e melhorar a gestão do negócio para ganhar competitividade", disse o presidente do Sindicato da Indústria Gráfica no Rio Grande do Sul, Ângelo Garbarski.

Segundo ele, esse ano já houve demissão de 17% no quadro de funcionários na indústria gráfica do estado e muitas empresas fecharam as portas. "A notícia é ruim, mas acaba tendo um lado positivo, que é o de filtrar um pouco os aventureiros e os despreparados, empresas que abaixam o preço em patamares fora da realidade e prejudicam a concorrência. Muitos não são empresários, são donos de gráficas, que não têm a qualificação para isso, pois não sabem nem fazer um cálculo de quanto custam seus impressos e quanto deveriam cobrar para ter lucro".

A qualificação dos associados é o ponto principal da atuação do Sindicato das Indústrias Gráficas da Região Nordeste do Rio Grande do Sul, conforme explicou o presidente, Adair Angelo Niquetti. O ano deve fechar com queda de 20% nas vendas, mas poderia ser pior. "Temos feito muitos treinamentos e cursos de gestão e de motivação, inclusive com o apoio da ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica) para qualificar o empresário e os funcionários. O grande problema é mesmo de gestão, pois as gráficas são familiares, muitas abertas por pessoas que trabalhavam em grandes empresas e saíram para montar o negócio próprio, mas sem estarem preparadas para isso".

 

Seminário

Em Santa Catarina, a preocupação com a qualificação tem sido uma constante, tanto que o tradicional evento estadual de atualização acabou se tornando um Seminário Sul Brasileiro, que teve a segunda edição em outubro, em Florianópolis, com participação de cerca de 400 pessoas de toda região Sul, e já tem agendada nova edição para outubro de 2017, em Curitiba. "Trouxemos nomes de peso para falar sobre gestão, inovação e vendas. É uma forma de mantermos os empresários conscientes de que precisam aprimorar e profissionalizar a gestão de seus negócios", disse Cidney Luiz Barozzi, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica – Abigraf Regional Santa Catarina.

No estado, a crise econômica também fez estragos profundos. Só no primeiro semestre de 2016 foram quase 500 demissões e várias empresas fechadas. O ano deve terminar com números negativos nas vendas, mas Cidney já começa a ver sinais de melhora. "A crise faz uma depuração no mercado e as empresas que sobrevivem e repensam a gestão acabam saindo fortalecidas. Já há alguns indícios de que em 2017 teremos um cenário mais promissor. Muitos clientes seguraram as demandas, mas agora vão precisar  dos nossos serviços. É  hora das gráficas se prepararem, reverem suas planilhas e estarem prontas para atender de forma profissional e criativa os seu clientes".

No Brasil, o setor gráfico é formado por 21 mil estabelecimentos que empregam cerca de 200 mil trabalhadores. Em 2015, a produção do setor totalizou R$ 45 bilhões. No Sul, são 4.462 indústrias gráficas, com 41.773 funcionários. O Paraná responde por 1.200 gráficas e 10 mil empregos.