Aprendendo com a "crise" - Você já planejou 2013?

Thomaz Caspary ( In memoriam )

Infelizmente diante de qualquer crise e, principalmente a financeira, a maioria dos empresários gráficos sempre quer achar um culpado para o problema e esquecem aquilo que pode contribuir com o seu próprio trabalho: compromisso e vontade de sobreviver em meio às crises.

Se a crise na Europa ou na China está tirando o seu sono, relaxe, pois é bem provável que o mundo sobreviva depois dela. Além do mais, estamos no Brasil e o que não falta nesse país é trabalho. Em períodos de crise econômica, somente os otimistas responsáveis prosperam. Infelizmente temos colegas gráficos que derrubam preços de venda, abaixo do custo de matérias primas. Milagre? Não! Diria eu burrice e desespero, pois não conseguem pagar as suas contas e se encontram com as máquinas paradas, tudo por falta total de planejamento, pessoal inadequado (temos que pagar o menor salário possível) e naturalmente falta de visão empresarial.

Faz exatamente quatro anos que a economia mundial se deparou com uma nova crise, deflagrada com a falência do tradicional Banco de Investimentos americano e com a falência técnica da maior empresa de seguros dos Estados Unidos, a AIG, endossadas pelo uso indiscriminado e irresponsável da política de concessão de créditos sem garantia. O fato é que uma crise dessa proporção afeta, como sempre, as camadas menos favorecidas da população: os pobres, os miseravelmente pobres e os emergentes. No Brasil, deveríamos ser todos, doutores em crises econômicas e financeiras. Sobrevivemos aos Planos Cruzado, Cruzado Novo, Bresser, Verão, Collor I, Collor II e Real, tablitas, URV, maxidesvalorização do real, apagão e, assim, nada mais nos deveria assustar. Acontece que nem assim, uma grande fatia dos colegas gráficos, aprendeu a lição. Continua faltando o Planejamento Estratégico de Negócios!

Você já definiu o seu Plano de Negócios para 2013? Você sabe como fazer este planejamento? Estamos em cima da hora para que não tenhamos surpresas no próximo ano e levemos a nossa gráfica da maneira como cita Zeca Pagodinho em uma de suas músicas: "Deixa a Vida me Levar"...

Uma das primeiras coisas que você terá que fazer é a análise SWOT de sua gráfica, ou seja, analisar os pontos fortes e fracos em relação ao mercado e aos concorrentes e fazer o mesmo, analisando os seus principais concorrentes, verificando os principais pontos fortes e fracos dos mesmos com relação aos seus.

Em seguida você terá que olhar um pouco para o mercado, verificando os segmentos de mercado que você atende e como estão situados, no contexto econômico previsto para o ano de 2013, analisando também a sua capacidade de atender este mercado ou mudar o mercado alvo, que não é por você atendido neste momento. Isso requer muito treinamento de sua equipe de vendas, esforço pessoal, verificação de sua capacidade tecnológica e gerencial e, naturalmente da sua composição de custos e formação de preços de venda. Tudo isso, deve ser objeto de uma análise e, se você acredita não ter capacidade para isso, contrate temporariamente pessoas que possam ajudá-lo nesta árdua tarefa. Você verá que o investimento neste pessoal, terá um retorno a curto prazo.

Pense um pouco no E-commerce, na divulgação correta de sua empresa via Site e via e-mail-marketing utilizando as modernas tecnologias de comunicação digital e do Televendas, não esquecendo do cronograma das atividades, e do Pós-Vendas. Tudo isso requer naturalmente uma estrutura de Recursos Humanos que não deverá ser vista como um "inchaço" da folha de pagamento e sim como um investimento a curto, médio e longo prazo, pois não precisa contratar todos de uma só vez. A empresa que investe no seu capital humano deve ter objetivos claros, visão futurista, missão e valores compartilhados por todos, e as metas definidas devem ser coerentes com a prática. Em seu livro "Tornando sua Empresa mais Competitiva", Barbulho cita: "Quem se une a um grupo de trabalho que possui, transmite e recebe informações claras, transparentes e confiáveis atuará com muito mais probabilidade de acerto no desempenho de suas funções".

No entanto, são poucas as gráficas que acreditam em uma política interna aberta e transparente, que transmita sua comunicação do faxineiro ao gerente executivo da empresa, tendo como base as "Boas Práticas de Fabricação e Gestão" e o Planejamento de Negócios visando o futuro da empresa. Todo funcionário que quiser manter e suprir, no mínimo, as suas necessidades básicas e vestir a camisa da gráfica, terá que saber onde está pisando, com quem pode contar e até quando poderá pisar neste terreno.

Não podemos nos esquecer de olhar principalmente para as nossas finanças, procurando as fontes de financiamento e, como buscar o equilíbrio financeiro. Ter todas as demonstrações financeiras em mãos, como o Resumo Diário de Vendas e Faturamento, Fluxo de Caixa, Controles Bancários, Controle de "Budget", além de conhecer perfeitamente as fontes de nossos Custos Fixos (RKW), Margens de Contribuição sobre Vendas e Demonstrações diárias de Resultados, que independem do famoso Balancete do "Contador" ao qual pagamos mensalmente, más que nunca nos entrega o balancete todo mês.

Planeje 2013! - Nada de "deitar eternamente em berço esplêndido", a despeito de todo o patrimônio amealhado em anos anteriores. Nada supera o Planejamento e o Trabalho. É na crise que a oportunidade aparece. Por razões já conhecidas, o socialismo se mostrou tão ineficiente quanto o capitalismo está se mostrando agora, portanto, não existe modelo econômico e político ideal que possa garantir o futuro das nações com a tranquilidade que todos nós gostaríamos. Existem três espécies de empresários gráficos que se destacam na crise: 1- Os que pensam que o mundo vai acabar e se deprimem; 2 - Os que sentam e esperam para ver se o mundo vai acabar mesmo, e 3 - Os que lutam para o mundo não acabar, planejam, trabalham com a cabeça e saem fortalecidos. O sofrimento é proporcional à energia e ao posicionamento que cada um assume em momentos de crise como os que estamos passando. O mais importante, no entanto é "não empurrarmos a crise com a barriga" e, principalmente usarmos de ÉTICA, junto aos nossos colegas gráficos.

Fonte: Revista Publish 121