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Fukushima e nossa Gráfica

Thomaz Caspary ( In memoriam )

Neste momento doloroso, principalmente no Japão e entre as famílias nipônicas quero usar este título, para dar continuidade ao nosso tema de Março onde falamos dos sistemas de gestão na nossa gráfica. Por que comparamos esta brutal tragédia, com o artigo do mês passado, incluindo nesta tragédia um alerta para todas as nossas empresas gráficas?

No jornal "O Estado de São Paulo" do dia 27 de março, em seu editorial econômico, consta que indicadores da indústria e do comércio sinalizaram uma desaceleração das atividades, porém ainda limitada. Se nesse processo não houver queda de emprego, os consumidores poderão honrar as suas dívidas ou, na pior das hipóteses, reajustarão seus orçamentos, diminuindo o consumo de bens menos necessários. A pesquisa da CNC diz ainda o jornal, mostrou ainda um leve aumento no endividamento de fevereiro para março. Ainda de acordo com o "Estadão" a sondagem da CNI mostrou que o Índice de Utilização da Capacidade Instalada, recuou pelo terceiro mês consecutivo. Seguem-se outros exemplos que não iremos reproduzir.

E o que tudo isso, tem a ver com nossa gráfica e principalmente com Fukushima no Japão. Imagine você, amigo gráfico, se o seu mapa de custos for propositalmente adulterado para que o seu custo-hora seja compatível, para que você possa fechar o seu pedido com o cliente. Como a maioria de vocês, não faz o pós-cálculo logo após o faturamento do serviço gráfico, vocês não ficam sabendo do real custo do trabalho.

Os sistemas de gestão disponibilizados no mercado podem fornecer exatamente todos os dados referentes a vendas (CRM), aos custos e formação dos preços de venda, bem como à produção (PCP). Acontece que, grande parte dos gráficos, em todos os níveis, faz uma boa maquiagem em seus números, para que não apareçam as falhas. E assim, ele próprio (o gráfico) está fugindo de sua realidade. Se estivermos com muitas horas paradas na produção por causa de problemas de manutenção, é sinal que falta a manutenção preventiva ou até corretiva. Se tivermos máquinas paradas por problemas diversos de chapa e, ninguém fica sabendo, não é possível se tomar uma providência normalmente de ordem técnica.

Se por exemplo calculamos determinado trabalho de impressão, da forma como nos foi proposto pelo cliente ou vendedor que não está devidamente preparado tecnicamente para sua função e, os arquivos vêm de outra forma, muitos acabam engolindo o prejuízo para não perder o cliente. Principalmente a manipulação de dados, como por exemplo, o pré-cálculo da máquina rodando a 8.000 folhas por hora quando a realidade nos mostra que esta máquina, não passa na média de 5.500 folhas por hora seja nos sistemas implantados nas empresas, ou a falta de dados nas gráficas onde tudo é anotado em papeizinhos, ou transmitido verbalmente dão verdadeiras catástrofes financeiras no final de determinados períodos.

Por esta razão, usei como exemplo Fukushima onde infelizmente os dados de radiação foram já de longa data, maquiados junto às comissões internacionais de Energia Atômica e também, para não assustar a população (fonte de diversos jornais e revistas nacionais e internacionais, confirmadas posteriormente pelo governo japonês).

A adulteração de dados, da informação em qualquer área de uma gráfica, seja em termos de desempenho de vendas, ou de custos fixos para efeito do Mapa de Localização de Custos, seja principalmente nos índices de produtividade industrial, ou ainda erros pessoais que são encobertos, levam muitas gráficas "pro vinagre". É preciso hoje em dia, enfrentar todas as situações adversas de frente e resolvê-las de forma equilibrada e sensata. Se não tivermos conhecimento da situação real da nossa gráfica, ela poderá estar em perigo eminente e o "Tsunami Financeiro" fará com que sua gráfica e eventualmente os seus bens pessoais venham a sucumbir.

Por esta razão, volto a afirmar, que a utilização de uma consultoria que entenda de gráfica, ou ainda a instalação de um programa de gestão, mesmo com o simples início de um pré-cálculo via computador, a elaboração de uma Ordem de Serviço e o controle da produção e da sua produtividade, não tem um alto custo como muitos empresários gráficos afirmam. Eu vejo isto como um investimento rentável com retorno em curto prazo.

Vocês viram o que aconteceu em Fukushima e vocês estão vendo o que está acontecendo com muitos colegas gráficos, por vocês conhecidos. Não há nada que justifique a maquiagem dos índices de vendas, custos e produção de sua gráfica. Pergunto eu: até quando a condução da política econômica de sua empresa continuará a ser feita com base em indicadores de toda ordem "chutados" e deturpados? Por favor, amigo gráfico. Chegou a hora de acordar! - Boa Sorte.

* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)




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