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Mudanças e Desafios

Wellington Rehder

Fugindo um pouco dos assuntos sobre qualidade e normas, mas permanecendo no contexto da gestão, alguém aí conhece uma área da indústria com tantos desafios e mudanças quanto a indústria gráfica?

Sim senhor! A indústria gráfica está em crise.... Crise de identidade.

Vejamos alguns fatos: Durante alguns séculos, a evolução da tecnologia de impressão foi bem pequena. Desde Gutenberg no séc XV, até o linotipo em 1890, a tecnologia de tipos e prensa eram praticamente a mesma. Então houve uma melhoria no início de 1900, onde tecnologia de tipos e ofsete coexistiram em harmonia até os anos 80 do século passado.

Então veio a revolução da informática e com ela a facilidade de se obter os filmes digitais. Os fotolitos digitais, foram os “vilões” que assassinaram a tecnologia de tipos móveis, algo com quase 500 anos de tradição e sucesso.

Não estou querendo contar a história da indústria gráfica, mas chamar a atenção para a velocidade das mudanças.

Atualmente a automação e a informatização estão provocando temores aos empresários do segmento. Esses temores não estão vinculados apenas com o gráfico, mas com toda cadeia, desde a indústria do papel, a indústria de máquinas e equipamentos e por fim o cliente consumidor dos produtos gráficos.

O desafio é enorme. Vou tentar expor melhor essa tese: Com a melhoria da informática (um setor que tem a mudança e evolução com centro de sua manutenção), foram criadas tecnologias de produção que permitem eliminar o suporte papel. Não consigo medir se isso é bom ou ruim.

Vejam: Nesse ano, muitas empresas foram obrigadas a aderir à emissão de NF-e (inclusive muitas gráficas), provocando um sério problema aos empresários de sistemas de formulários contínuos. Eles terão que reinventar seus negócios. Os bancos, estão aderindo ao Boleto eletrônico, retirando de circulação toneladas de papel impresso.

Os catálogos de móveis e moda estão migrando para o suporte digital através da Internet. As propagandas e anúncios antes impressas estão sendo convertidas em “e-mail marketing”.

Especialistas dizem que a mídia eletrônica complementa a mídia impressa.

E os livros? A “moda” agora é falar sobre e-book. A indústria da tecnologia quer implementar a tecnologia digital para transformar livros físicos em livros digitais. O que será feito de tantas gráficas, tantas máquinas e tantos empregos?

O processo de transformar os livros físicos tradicionais, em e-book, somente não está implementado, porque não foi definida a forma de remuneração das editoras e autores, uma vez que digitalizadas, as obras estariam aptas a serem copiadas e replicadas sem controle através da internet, a exemplo do que acontece com a indústria fonográfica.

Afirmam que a quantidade de papel produzido está em expansão – 253.128 ton em 1950 para 9.008.440 toneladas em 2007 - As projeções são de crescimento para os próximos anos. (fonte:bracelpa.org.br/bra/estatisticas/pdf/anual/papel_00.pdf).

Então o que serão feitos com tantas toneladas de papel? Tantas máquinas modernas, tantos recursos e tanta tecnologia?

Esse é o desafio do gráfico do século XXI. Está claro que as coisas no setor estão cada vez mais dinâmicas. O desafio maior está concentrado nas médias empresas. Que precisam desesperadamente encontrar seu nicho de mercado.

Para os pequenos gráficos, vai continuar a existir trabalho como sempre. Sempre haverá demanda para um cartaz de baile, um folder, um panfleto. Pelo menos até onde sei, as pessoas continuam casando na igreja, gerando demanda por convites. O pequeno gráfico vai continuar a fazer seu orçamento multiplicando o papel por 3 ou por 4. Vão sobreviver...

As grandes indústrias, continuaram a fazer seus impressos aos milhões. Produzindo para grandes organizações. Clientes como AMBEV, Vale, Brasil Foods, entre outras, continuaram a sustentar suas linhas de produção. Além disso o Governo (por enquanto), é um grande comprador de livros didáticos.

Mas e o médio empresário ? Como ficam as gráficas com mais de 20 até 100 funcionários ? A resposta está na especialização. Não é possível uma gráfica de porte médio continuar a fazer de tudo, como o pequeno faz. Também não é possível ao empresário de porte médio competir nos orçamentos, junto com as grandes do setor.

Resta à média indústria a especialização. Para tanto é necessário estudar a vocação da gráfica, seus equipamentos atuais, analisar a carteira de clientes e suas demandas, analisar a viabilidade em investimentos de curto e médio prazo e principalmente analisar e quantificar o capital humano.

Uma gráfica pode “escolher” ser especialista em: promocional, embalagens coletivas, embalagens individuais, editorial, convites e eventos, catálogos, entre outras especialidades.

O maior erro que o empresário médio, da indústria gráfica pode cometer, é pensar que pode tudo. Pensar que dentro de sua empresa podem ser feitos livros e embalagens nas mesmas máquinas. O empresário gráfico, tal como na medicina, precisa escolher sua especialidade. Caso contrário não conseguirá gerir seu negócio com eficiência e dentro de pouco tempo, não haverá folego para uma retomada.

Embora as mudanças na área gráfica serem profundas e cada vez mais rápidas, esse não é um setor isolado, as mudanças estão em todos dos segmentos: Em uma viagem pela Rodovia Castelo Branco, a operadora do guichê do pedágio me ofereceu o dispositivo "sem parar". Eu respondi a ela: não, obrigado... (se todos aceitassem a proposta, onde ela iria trabalhar ? - será que ela mesma pensou nisso). Escolha seu caminho. Essa é a hora!

Fonte: http://qualidadenagrafica.blogspot.com.br/2009/09/mudancas-e-desafios.html. Acesso em 20 de novembro de 2012




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