O cinto está apertando...
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Chegamos a Novembro de 2013 sendo que este ano, para a maioria dos colegas não foi um ano muito próspero. O fato é que não cuidamos de uma série de detalhes em nossa empresa, o que levou muitas gráficas ao desespero, e continuará este trajeto, se não forem tomadas providências pelo principal executivo ou equipe diretiva.
Todos reconhecem que o diferencial competitivo entre as gráficas está nas pessoas. Há cerca de poucos anos, um gigante da indústria gráfica da Alemanha antecipava a importância do capital intelectual, quando sentenciava numa peça publicitária: “Os nossos funcionários são mais prestativos do que os da concorrência”.
A preocupação das empresas com a contratação, desenvolvimento e retenção de talentos não é de agora. A necessidade de atrair as melhores cabeças sempre exigiu uma política de recursos humanos bastante arrojados. A novidade é que as pequenas empresas, que não investem em programas de gestão de pessoas, começam a sentir na pele, no faturamento e na carteira de clientes a ausência dessa área.
Segundo pesquisa realizada nos USA em 2010, 93% das pequenas empresas gráficas não possuíam sequer uma mínima estrutura de RH, e apenas 1,67% delas tinham programas permanentes de treinamento. Num mercado cada vez mais exigente, não há espaço para amadorismo ou ineficiência. As palavras de ordem são competência e profissionalismo. Talento, criatividade e entusiasmo não se encontram em softwares ou outros programas de gestão.
Invariavelmente as pesquisas de avaliação do clima organizacional nas nossas gráficas apontam para a comunicação como o maior problema entre empresas de todos os portes e segmentos. Mas, de qual comunicação estamos falando, já que tudo está diretamente ou indiretamente relacionado a ela? Especialmente no chamado chão de fábrica, operadores se queixam de falta de informações vindas das gerências. Solicitações de orçamento são preenchidas com falta de informações ou com dados que não correspondem a realidade do impresso necessitado. Ordens de serviço são preenchidas pela metade ou com letra manuscrita ilegível, levando o operador a erros. Boletins de produção são mal preenchidos, quando não esquecidos. Onde está a informação ou comunicação correta? Por outro lado, as chefias se sentem incompreendidas pelos operadores. A questão freqüente é: será que ninguém me entende? O cenário é de perplexidade dos dois lados. Então, onde está o problema e qual a solução adequada?
O empresário gráfico, não liga muito para “detalhes”, mas são estes detalhes que fazem a empresa funcionar corretamente. Provavelmente, a falta de diagnóstico é o problema e, invariavelmente, seu uso é a solução. Ou melhor, a solução é diagnosticar corretamente onde estão os problemas de comunicação em todas as áreas e saná-los. Caso não saiba como fazê-lo, procure um Consultor ou Coach do ramo gráfico para ajudá-lo. A comunicação é um processo permanente. Está constantemente em mudança. Portanto, a comunicação nunca está pronta! Nunca é definitiva.
É recorrente que gestores de empresas, dos mais variados setores, recebam queixas, por parte de seus colaboradores, em relação às formas e meios de comunicação, especialmente em relação à comunicação interna. Então, o questionamento que costumo ouvir é: o que está faltando e onde?
Outro dado revelador é que 70% dos clientes deixam de comprar da gráfica devido ao mau atendimento. Não é só por causa do preço alto ou do prazo de entrega: aquele bom dia inexpressivo da recepcionista, o tempo de espera ao telefone, uma reclamação mal resolvida ou a dúvida não esclarecida afugentam a clientela. Para isso não ocorrer, as pessoas devem estar motivadas, comprometidas e bem treinadas. A ausência da gestão profissional de RH é um dos fatores que levam à situação atual das micro e pequenas empresas (no caso a maioria das gráficas brasileiras). Segundo dados publicados pelo SEBRAE, a taxa de mortalidade dessas firmas também é altíssima: 31% fracassam no primeiro ano de vida e 60% fecham as portas antes de completar cinco anos. Quadro bem diferente de outros países, como a Espanha, em que micro e pequenas empregam 64% da mão-de-obra, são responsáveis por 64% do PIB e comercializam 41% do volume exportado. Podemos afirmar que a falta de ações para capacitar e comprometer os colaboradores das nossas gráficas prejudica a rentabilidade, a geração de empregos e o desenvolvimento. Comprometimento, garra, criatividade, foco nos clientes, boa comunicação, liderança e trabalho em equipe não se compram apenas com bons salários e sim, também com atualização e treinamento. Portanto, todos os investimentos em tecnologia, desenvolvimento de produtos, programas de qualidade e redução de custos não alcançarão os objetivos se o fator humano nas empresas não for levado em conta. O talento continuará sendo o maior patrimônio de qualquer organização, pois criatividade, brilhantismo e entusiasmo não estão disponíveis em softwares, nem podem ser encontrados em prateleiras.
DICA = Estamos todos no mesmo barco!
Experimente acolher ao invés de julgar, perdoar ao invés de acusar e compreender ao invés de revidar! É difícil, sem dúvida! Mas é possível e extremamente gratificante. A vida fica mais leve, o caminho fica mais fácil e a recompensa, muito mais valiosa.
A EQUIPE FAZ A FORÇA!
Espero que você consiga trabalhar doravante com o “cinto” menos apertado, gerando bons resultados e tendo que se preocupar menos com o seu dia a dia. Acredito se bem organizado e seguindo os preceitos acima, você conseguirá se safar desta crise passageira.
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)