O Otimismo do gráfico brasileiro. Mas...
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O Otimismo do gráfico brasileiro. Mas...

Thomaz Caspary ( In memoriam )

O crescimento da economia brasileira, estimado pelos experts na ordem de 5% a 6% (7%?) este ano e a geração de milhões de empregos prometidos pelo presidente Lula, que ainda não atingiram a meta estipulada na época em que assumiu o governo, já começaram há alguns meses a gerar certo otimismo no empresariado gráfico brasileiro. Alguns indicadores despontam desde o início deste ano, como inclusive uma ligeira valorização do real. O controle da inflação e a estabilidade de preços, principais objetivos econômicos do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles também somam pontos ao governo que está em seu último ano. Meirelles, em seu discurso, enfatiza "que o papel do Banco Central é convergir os índices medidos de inflação para as metas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O regime de metas inflacionárias é o melhor modelo para o BC e o principal instrumento de política monetária para controle da estabilidade de preços." Até aí, tudo muito bonito.

Estamos em plena Copa do Mundo de Futebol e em breve se iniciam as campanhas de disputa eleitoral onde os gráficos terão certamente bastante trabalho, embora por pouco tempo. E então virá a preocupação. Deu lucro? O cliente pagou? Como anda minha empresa? Como estão meus custos e minha produtividade? Tivemos recentemente a Expoprint 2010 em São Paulo, onde pude acompanhar de perto durante várias horas, as apresentações de fornecedores de Softwares para a Indústria Gráfica, tanto na Ecalc, como na Calcgraf e na Metrics, onde surgiram perguntas de clientes e de muitos interessados, de todos os cantos deste imenso Brasil, que me confirmaram, que o gráfico, infelizmente, não têm controles adequados para a gestão de sua empresa. Embora eu venha há anos escrevendo sobre esta necessidade, parece que o gráfico ainda não acordou para esta ferramenta vital para o controle de seu negócio. Fico ouvindo: "que coisa trabalhosa", "quanto aborrecimento para conseguir os dados", "prá que tanta planilha", fora as palavras impublicáveis neste artigo.

Por que os bancos são as empresas mais bem sucedidas do país? Eu costumo dizer que essas corporações só ganham dinheiro porque fecham seu balanço diariamente. No dia seguinte, profissional pago para analisar os números, reunindo todas as informações quantitativas necessárias como: rentabilidade, taxas, investimentos, resgates, despesas, captação, custo, empréstimos, riscos, etc. têm pleno conhecimento da vida financeira do banco. Por que os empresários gráficos brasileiros costumam dizer que não conseguem competir com as multinacionais? Eu diria, que pelo mesmo motivo. As empresas multinacionais, bem como as grandes gráficas, são altamente profissionalizadas e conseguem isso através do absoluto controle de seus números.

O responsável pelo controle promove o conhecimento do conjunto de todas as variáveis relacionadas ao abrangente campo da empresa, consolidando uma visão estratégica e integrada da gestão de finanças com a gestão de compras, vendas e a de produção, buscando a relação entre os diversos desempenhos de cada área da empresa.

Ele sabe exatamente tudo o que ocorre na sua organização. Até pouco tempo, este controle era uma função específica e praticamente exclusiva das multinacionais e grandes empresas gráficas ou não. Hoje, já invadiu o território das médias empresas gráficas. No entanto, ainda é, por assim dizer, embrionária e não chegou às médias e pequenas empresas, devido à escassez e a cultura do gráfico que não consegue colocar em sua mente o custo-benefício da adoção destes sistemas de gestão, cada vez mais baratos e adequados para todos os tipos e tamanhos de gráficas. É necessário, no entanto, que o empresário gráfico, coloque em sua cabeça de uma vez por todas, de que ele precisa saber quanto esta ganhando a cada serviço e no caso de perda, onde e por que perdeu dinheiro imprimindo este ou aquele trabalho, ou então dando desconto, só para acompanhar o concorrente. Infelizmente, mais de 90% de nossas gráficas, fazem ainda um controle caseiro de cada uma de suas áreas. Não existe planejamento e o gráfico acha dinheiro jogado fora, contratar uma empresa de software, ou mesmo um consultor, para orientá-lo, seja nas Boas Práticas de Fabricação & Gestão, seja na parametrização de Tempos e Custos de seu negócio.

É muito comum o empresário gráfico pensar que só tem a contabilidade porque é obrigado a atender ao fisco. É um erro primário, pois esta é apenas uma das suas atribuições. É a contabilidade, principalmente gerencial, que guarda todas as operações econômicas e financeiras da empresa, dados de compras, vendas e produção, verdadeiras ferramentas gerenciais para uso em todas as áreas: marketing, desenvolvimento de produtos, produção, finanças, administração, recursos humanos, comercial etc. Daqui para frente muitos negócios, principalmente na indústria gráfica, irão sofrer profundas alterações. Tais mudanças se darão, naturalmente, devido às novas necessidades que o próprio mercado cria, devido à mudança do comportamento de seus clientes. Tudo o que observamos, leva a crer que no futuro muitas empresas gráficas nem irão mais ter fisicamente máquinas impressoras. Irão apenas desenvolver um serviço gráfico de algum produto em qualquer lugar onde houver alguém disposto a comprar ou vender. A confecção deste produto poderá ser até terceirizado, servindo a gráfica somente como intermediária intelectual. Pode até parecer utopia mais o futuro já está incorporado em muitas dessas empresas "gráficas". Isso, porém, só será possível com absoluto controle de gestão.

* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)