Se o bolso dói, é que o estrago já foi feito.
Thomaz Caspary ( In memoriam )
Ao longo dos últimos anos, o empresário gráfico, pouco investiu em equipamentos e principalmente em treinamento de suas equipes. Por outro lado o nosso governo nestes dois últimos anos se atirou ao desmonte dos principais fundamentos da economia, que haviam dado certo nos anos anteriores. As “metas” governamentais passaram a ser atropeladas por resultados construídos por truques contábeis. O resto, para mim, é totalmente nebuloso. Eu sinto que a essa altura do campeonato, o nosso país caminha para mais um ano de crescimento medíocre, não havendo no horizonte nenhum sinal de que o nosso governo tenha uma estratégia para virar o jogo. - Sobrou então para nós gráficos resolver os NOSSOS problemas. Estamos com crescimento baixo como pudemos ver nas estatísticas divulgadas com uma inflação pressionada e deterioração nas contas externas, principalmente no segmento editorial. Se tivermos um acréscimo de desemprego, teremos um “Stress” social adicionado e o quadro irá piorar. O que poderemos fazer?
As empresas gráficas estão diante de um macro sistema marcadas pela incerteza que provoca a necessidade de mudanças. O gestor da gráfica, como um agente de transformação, necessita de um novo perfil, caracterizado pela necessidade urgente de mudar a sua maneira de ver o processo de aprendizagem como uma forma de requalificação profissional, passando a concebê-la como um instrumento de renovação dos seus conhecimentos e dos seus comandados, que acontece no dia-a-dia das nossas empresas. Na questão de aprender, até a pouco, a empresa enviava seus profissionais para o treinamento, para um seminário etc, porém o próprio empresário não ia, pois se achava acima dos conhecimentos a adquirir. Mas não existia na gráfica uma política de passar este aprendizado para outras pessoas. Peter Senge montou um sistema que permite a empresa disseminar esta informação pela empresa. Assim, a empresa tem uma maior facilidade de aprender. Seminários “In Company” dão muito mais resultado, além do que o Coach que ministra os treinamentos, estudou as características específicas de cada gráfica, podendo direcionar melhor o aprendizado das equipes e a integração entre equipes.
A idéia da empresa que aprende, precisa de uma série de iniciativas que não são fáceis, nem tão rápidas. Devem na verdade configurar uma nova trajetória de mudança de médio/longo prazo. Mudanças que tem a ver com uma nova estrutura da empresa, com uma nova estratégia de negócios e, finalmente, com uma nova forma de trabalhar. Não se trata de acabar com a hierarquia e sim modificá-la. Numa gráfica que aprende, a hierarquia continua existindo, mas, é diferente da hierarquia numa empresa tradicional. Continua-se tendo chefes e subordinados. Mas as diferenças hierárquicas são menores e os desníveis de conhecimento também. Entretanto não é difícil encontrar entre gráficas principalmente familiares, empresas que são verdadeiras "prisões intelectuais", cerceando o próprio direito de pensar de seus funcionários, com frases como: "Aqui você não é pago para questionar e sim para executar", ou "Não invente, faça somente o que está previsto", que refletem um pensamento mecanicista e inviável atualmente, tais gráficas precisam urgentemente perceber que o grande diferencial nas nossas empresas é seu potencial humano, pois a tecnologia cada vez mais fica acessível a todos.
A empresa gráfica como um todo, que aprende, ou dá cada vez mais valor à geração de conhecimento interna. Criar um ambiente de trabalho que possibilite que um treinamento seja o próprio local de trabalho confere resultados muito mais rápidos, do que se o dono da gráfica envia um ou dois funcionários para um curso, seminário ou congresso, pois estes certamente não terão condições de ser multiplicadores do conhecimento adquirido para o restante da equipe, reservando este conhecimento para si. Além do conjunto de treinamentos formais, as empresas que aprendem, consideram cada vez mais o próprio local para que ocorra discussão em grupo dos problemas anormais: erros, falhas, problemas de qualidade específicos da empresa e não genéricos, como em cursos e seminários dados fora da gráfica para empresas de diversos setores. Este tipo de treinamento ainda é muito pouco usado pelas nossas empresas gráficas, mas pode configurar-se numa forma de treinamento muito útil e relevante.
Entendemos que um dos maiores problemas no nosso ramo gráfico, é a cultura do dono da empresa que só quer saber do lucro. Os vendedores só querem vender e ganhar suas comissões, a produção só quer ganhar o salário no final do mês se possível com bastante horas extras. O setor de PCP conhecido como “aquele chato" que só anota, mede, normaliza, calcula, sistematiza, controla, planeja, padroniza etc., tem que se virar para resolver os problemas e ainda satisfazer os resultados da diretoria em relação aos resultados e redução de perdas. Infelizmente, em pequenas e médias gráficas, ainda está funcionando desta forma. Mas se a cultura não mudar enquanto a empresa é pequena ou média, ela nunca passará disso e a tendência é fechar a porteira. Resolução de problemas só acontece com Treinamento (preferencialmente “In Company”), normalização, padronização, controles, planejamento, em todos os setores da empresa, coisa que só um consultor especializado em gráfica e com bastante prática, têm condições de fazer.
Será que você amigo gráfico chegou tarde? Quando o bolso começa a doer é por que o estrago já aconteceu. Porém ainda há tempo de reverter o quadro, com uma boa ajuda de um Consultor especializado. Desejamos que ainda consigam reverter a situação em 2013. Boa Sorte!
* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)